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O verdadeiro futebol raiz

O verdadeiro futebol raiz

Uma visita ao Cinco de Julho em Niterói

O Maracanã virou um palco moderno e caro. Já foi do povo e hoje é da elite. Então esta capivara que vos escreve resolveu visitar a raiz do futebol: o futebol de Várzea. Aquele do campo terrão onde os gladiadores da bola jogam futebol e lutam até o último suspiro. Nada de vestiário com banheiras, hidro nem pensar, armários personalizados muito menos. Nada de sucos, frutas ou pão integral. O vestiário do futebol de várzea oferece um chuveirão com água fria. O café da manhã é estilo roots a base de pão com mortadela e guaraná quente. Nada de luxo. O futebol é raiz!

Então parti para o famoso e histórico Clube Combinado Cinco de Julho em Niterói para acompanhar a final do campeonato Sub-30 entre os times do: Panela  e Araribóia pela Liga Niteroiense de futebol amador.  Logo ao chegar, senti um clima diferente no charmoso estádio. A torcida tensa com o duelo aguardava ansiosa o início do derby. Ao meu lado mais uma das nossas capivaras. A nossa cria atleta logo encontrou os antigos amigos do bairro, jogadores do simpático Panela. Juntamo-nos a torcida e entre cervejas, petiscos e muitos gritos de incentivos, nós assistimos o jogo até o apito final e a celebração do título! Por um momento veio a memória o saudoso templo do futebol: o Maracanã!

Tudo ficou no passado e a lembrança no remete aos melhores momentos do futebol no mundo. Principalmente aqui por terras cariocas. Hoje o Maracanã não é mais o mesmo. A começar pela própria frequência. Os novos torcedores, se é que dá para chamá-los assim, ultimamente parecem adestrados! Preocupados com as selfies e com todo o resto, exceto com o principal, seguem sem dar tanta importância ao principal da festa. Não se vê mais a emoção outrora provocada pelos grandes jogos. E a mudança de hábitos não fica apenas nas arquibancadas. Os próprios atletas mudaram.  Hoje é comum vê-los com fones nos ouvidos, distantes, enquanto os torcedores que ainda seguem fiéis as origens gritam alucinadamente. O  futebol profissional virou Nutella! Tá chato!

De volta a Panela, o jogo foi cheio de pressão com jogadas ríspidas, digna de uma final de campeonato. Os torcedores do Panela e do Araribóia incentivando incessantemente. A esta altura um gol daria o título a comunidade dos bairros São Gonçalo/Niterói. Violência entre os torcedores? Nem pensar. A rivalidade fica dentro de campo. Os jogadores se matam em campo para garantir o churrascão de domingo. Promessa do presidente! Fim de Jogo. Vitória do Panela por 1 a 0. Gol de Claudinho, no melhor estilo atacante matador. O momento de estrelato do artilheiro da várzea provoca o comentário de um torcedor ao meu lado: “ Está aí um jogador que poderia estar no mundo profissional”.  Festa em São Gonçalo! Comemoração da taça em uma churrascaria nutella? Nada! Os botequins das redondezas já estão preparados. Tem cerveja para torcedor e jogador até ninguém saber quem é quem. Viva o futebol raiz!

By Rod Torres

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