Um salve queridas capivaras,
Por aqui a coluna #capivarastylist para falar mais um pouquinho sobre o carnaval nesse fim de domingo.
O carnaval acabou, mas ainda temos muito papo sobre os desfiles das escolas de samba não é mesmo?!
Apesar de algumas escolas do Rio de Janeiro terem sofrido mais com o corte de verba o carnaval rolou a todo vapor.
Como toda boa figurinista sou apaixonada pelo universo do carnaval, meu primeiro estágio na faculdade foi com construção de fantasias para ala infantil da vila Isabel em 2008. Trabalhar no barracão foi de grande aprendizado, uma experiência e tanto!
Gosto muito de acompanhar os desfiles e as apurações.
Hoje vamos falar um pouco do que rolou no carnaval do RIO.
No geral foi um lindo carnaval na Sapucaí, muitas fantasias belíssimas, rainhas de bateria, baterias, alas e comissões com muito brilho e beleza.
O carnaval das escolas foi muito animado e com resultados surpreendentes na avenida.
Resumo do Grupo especial do RJ
Paraíso do TUIUTI
A escola Paraíso do Tuiuti, escola de São Cristóvão, não ganhou mas surpreendeu a todos com um desfile belíssimo e alegria contagiante.
A escola de poucos recursos faz seu carnaval com ajuda da comunidade, levou muitos elogios com o tema “Meu Deus, meu Deus, está extinta a escravidão?” de Jack Vasconcelos. O desfile falou sobre os 130 anos da assinatura da Lei Áurea, com um olhar crítico, lembrando que não houve preparo para a libertação dos escravos. E que isso não trouxe mais cidadania nem igualdade de direitos para os ex-escravos.
Portela
A Portela com Fantasias maravilhosas fez um desfile digno de uma campeã – em minha opinião – foi uma das mais lindas em termos de fantasia.
Uma comissão de frente lindíssima e criativa.
A escola de Rosa Magalhães falou sobre a saga de imigrantes em busca de liberdade e paz, mostrando como judeus fugidos da Europa no século XVII, com destino ao Nordeste do Brasil, tiveram papel fundamental na formação da cidade de Nova York.
A azul e branco de Madureira passou uma mensagem humanitária contra a discriminação, a perseguição religiosa e à intolerância à diversidade dos povos.
Salgueiro
Salgueiro sempre vem com um belo desfile, fantasias ricas, bateria furiosa e muita animação. Esse ano com o enredo “Senhoras do ventre do mundo”, de autoria de Júlio Tavares, do centro de estudos africanos, Instituto Hoju, o carnavalesco destacou a importância e a força da mulher negra.
“É um apanhado geral desde o princípio feminino da criação que passa pelo lado espiritual, místico e até científico encontrados na África. E que tem tudo a ver com o Salgueiro, que há 50 anos celebrou esse tema com o desfile ‘De escravizada à rainha’”, definiu Alex de Souza, que vai celebrar grandes personalidades femininas como Rainha de Sabá, deusas egípcias, Hypátia de Alexandria, a primeira cientista mulher da Antiguidade, até as matriarcas negras brasileiras.
São Clemente
A escola falou sobre a Escola de Belas Artes. E o carnavalesco estreante, Jorge Luiz Silveira, com o enredo “Academicamente popular”, quer mostrar a união do clássico com o popular.
A São Clemente também fez bonito no desfile.
União da Ilha
“Brasil bom de boca”, de Severo Luzardo convidou os foliões para um banquete sobre a culinária nacional, nascida da miscigenação do povo. No caldeirão, cores, história, sabores, irmandades, cultura, sons.
A união tem sempre fantasias muito criativa e com tons de dourado muito predominante.
Unidos da Tijuca
A Unidos da Tijuca homenageou o ator, autor e diretor Miguel Fallabela.
O enredo “Um coração urbano: Miguel, o arcanjo das artes, saúde o povo e pede passagem”, os carnavalescos Annik Salmon, Hélcio Paim e Marcus Paulo vão contar a trajetória do artista, que entre outras coisas foi destaque, carnavalesco e dirigente de escola de samba. Além de ter desfilado várias vezes, inclusive na Unidos da Tijuca, Falabella foi carnavalesco por quatro anos no Império da Tijuca – de 1993 a 1996. É autor também do enredo “A viagem fantástica do Zé Carioca à Disney”, que marcou a estreia da Acadêmicos da Rocinha no Grupo Especial em 1997.
O desfile da escola teve fantasias lindas e muita animação e emoção.
A bateria estava toda fantasiada de Caco Antibes, um dos personagens mais famosos do ator, no programa de criação própria, Sai de baixo. Os atores do programa também desfilaram relembrando essa época do humor na TV Globo.
Mocidade Independente de Padre Miguel
O tema da escola foi “Namastê… A essência que habita em mim saúda a que existe em você” a escola tem como carnavalesco e autor Alexandre Louzada e teve a sinopse escrita pelo jornalista e escritor Fabio Fabato. A proposta do enredo era mostrar uma espécie de casamento entre Brasil e Índia, mostrando que boa parte de nossa identidade historicamente consagrada tem origem justamente em terras indianas.
Fez um belo desfile.
Vila Isabel
Depois de acabar com o jejum de 33 anos da Portela com o campeonato de 2017, o carnavalesco Paulo Barros partiu para voos mais altos e mais distantes e pousou na Unidos de Vila Isabel. Com o enredo “Corra que o futuro vem aí”, ele quis mostrar tudo o que foi criado pelo homem e que contribuiu para os avanços da sociedade. Gênios, como Albert Einstein, Santos Dumont, Graham Bell, Thomas Edson, entre outros serão lembrados.
Uma das comissões de frente mais criativas e encantadoras desse ano.
O casal de porta bandeiras apresentou uma fantasia com leds maravilhosas.
A escola foi uma das mais lindas em termos de desfile.
Beija – flor
Foi bingo para Beija-Flor que fez um desfile com estilo muito diferente do que costumamos ver na escola, e uma crítica social-político-religiosa em pleno carnaval, fazendo um paralelo entre a situação vivida pelo país atualmente e a história de “Frankenstein”, obra de Mary Shelley, que completa de 200 anos em 2018.
A escola representou na avenida situações do cotidiano do Brasileiro, em especial o carioca, arrastões, assaltos, tiroteios.
Uma representação de vampiro fez referência ao presidente Michel Temer em destaque no carro alegórico.
As fantasias vieram muito bonitas e diferentes do que costumamos ver na Beija-flor, apesar da escola continuar sendo uma das que mais usa as cores de sua bandeira – azul e branco – no desfile.
Grande Rio
A Grande Rio apresentou na avenida um tributo ao centenário de Abelardo Barbosa, o Chacrinha, que será celebrado no dia 30 de setembro deste ano.
Com o enredo “Vai para o trono ou não vai?” fez um desfile bonito, mas apresentou problemas.
Infelizmente a escola teve um problema com um de seus carros alegóricos que a deixou parada mais ou menos 5 minutos na avenida e foi rebaixada ao grupo de acesso.
No geral a escola estava muito bonita e com fantasias belíssimas como sempre.
Imperatriz Leopoldinense
“Uma noite real no Museu Nacional”, a escola apresentou uma viagem fantástica pelo palácio que foi morada de reis e rainhas e depois abriu suas portas para a ciência. Como bem destaca o carnavalesco Cahê Rodrigues, é preciso destacar a importância da mais antiga instituição científica do país, que está completando 200 anos. O Nacional é também o maior museu de história natural e antropologia da América Latina.
A escola veio com fantasias muito bem feitas e fez um lindo desfile.
Império Serrano
A Império Serrano segue fazendo de tudo para garantir seu espaço no grupo de elite do carnaval do Rio.
O enredo falou da rota da seda, “O império do samba na rota da China”, desenvolvido pelo carnavalesco Fábio Ricardo, uma viagem pela cultura, pelo universo de tradições, heranças e invenções e pelos mistérios da China milenar.
A escola contou com a participação dos pesquisadores Helenise Guimarães e Roberto Vilaronga para o desenvolvimento do tema que desenrolou um belo desfile com fantasias ricas e alegorias muito bonitas.
Estação Primeira de Mangueira
Minhas escolas de coração Mangueira e Caprichosos de Pilares!
O carnavalesco Leandro Vieira também fez uma crítica bem humorada a quem se aproveita da crise econômica para acabar com a alegria da maior festa popular, o carnaval.
“Com dinheiro ou sem dinheiro, eu brinco”, inspirado na frase da marchinha “Eu brinco”, de 1944 foi o enredo desse ano.
A verde e rosa destacou a importância do carnaval como um traço da cultura popular, desde o tempo em que os foliões usavam polvilho na cara e limão de cheiro. Tem também os tambores de Zé Pereira, os cordões, as grandes sociedades, os bailes de máscara, os blocos e as batucadas nos bares.
A ideia da escola é que o carnaval atual seja repensado, já que as fantasias e alegorias luxuosas se afastam cada dia mais da realidade do povo.
Com fantasias como sempre belíssimas, fez um lindo desfile, mas não entrou nas primeiras colocações.
E para vocês quais escolas foram as mais bonitas, que temas vocês curtiram mais?
Um abraço e até a próxima!
Por Leanda Lívia