Com entrada gratuita, interessados podem conferir de segunda a sexta-feira, das 10 às 17 horas, mais de 170 obras do artista francês radicado no Brasil e autor da 1ª HQ do país
Após cerca de três meses de sucesso, termina no próximo dia 22 de janeiro a Exposição Sisson, 200 Anos. A mostra que homenageia o artista francês Sébastien Auguste Sisson, autor da primeira história em quadrinhos (HQ) do Brasil, traz mais de 170 retratos expostos no terceiro andar da Biblioteca Nacional, na Cinelândia, no Centro do Rio. O público poderá apreciar gratuitamente a valorosa e extensa obra de Sisson, litógrafo e especialista em retratos, de segunda a sexta-feira, das 10 às 17 horas.
Sébastien Sisson (Imagem: Instituto Sébastien Sisson) |
De acordo com a Biblioteca Nacional – que guarda e preserva a parte mais importante do acervo de Sisson – desde a abertura, dia 25 de outubro, até o início de dezembro, mais de 7 mil pessoas haviam visitado a Exposição.
Realizada pelo Instituto Sébastien Sisson e com patrocínio da iGUi, a mostra tornou-se objeto de debate entre pesquisadores a respeito da importância que Sisson tem na preservação da memória de ilustres figuras históricas do Brasil. Personalidades como o Imperador Dom Pedro II – que condecorou Sisson –, a princesa Leopoldina e o escritor José de Alencar foram retratados pelo artista, como o público poderá ver. Uma das ilustrações também disponíveis aos visitantes é a versão original de “O Namoro, Quadros ao Vivo”, primeira HQ da história do País, publicada na revista Brasil Ilustrado em 15 de outubro de 1855.
Para a curadora da mostra, Bárbara Ferreira, a reflexão sobre o impacto da trajetória dos antepassados inspira as pessoas no tempo presente, fortalece e serve como exemplo, incluindo até aquilo que não se pode e/ou não se deve ser feito. Tudo isso, afirma a curadora, “nos incentiva a superar as dificuldades do dia a dia e a seguir em frente”. Além disso, ela complementa:
Parte da 1ª HQ do Brasil, “O Namoro, Quadros ao Vivo”, de Sébastien Sisson (Acervo Biblioteca Nacional) |
D. Pedro II em obra litográfica de Sébastien Sisson (Acervo Biblioteca Nacional) |
“E quando alguém deixa como legado algo maior, que atinja muito mais pessoas, outras além de seus familiares e amigos, algo que se perpetua no tempo, esse, merece destaque, merece ser lembrado e sua memória, merece ser preservada. Assim é Sisson, um homem que nasceu há 200 anos! E hoje estamos lembrando sua existência e seu legado para que sua passagem pelo mundo continue a inspirar pessoas hoje e sempre”.
Belíssimas gravuras de paisagens do Rio de Janeiro e divertidas charges
Outras duas importantes vertentes artísticas de Sisson estão na mostra: as belíssimas gravuras de paisagens e monumentos do Rio de Janeiro da segunda metade dos anos 1800, e divertidas charges e caricaturas que ilustraram periódicos daquela época.
Litografia da Marina da Glória desenhada por Sébastien Sisson (Acervo Biblioteca Nacional) |
Uma das caricaturas da obra de Sébastien Sisson (Acervo Biblioteca Nacional) |
Sisson e a Biblioteca Nacional
Sébastien Sisson foi um dos precursores da litografia no Brasil e tem sua história intimamente ligada à Biblioteca Nacional. Na mais antiga instituição cultural do Brasil, fundada em 1810, o artista foi responsável por restaurar gratuitamente inúmeras gravuras que tinham se desgastado ao longo dos anos.
Para o presidente da Biblioteca Nacional, Marco Lucchesi, Sisson é uma das “lentes mais poderosas do século XIX no Brasil” por ter ampliado o olhar a respeito da história do próprio país por meio da litografia.
“Sisson deu rosto ao que hoje talvez não alcançasse mais que uma frase ou parágrafo. Permitiu a realização de biografias ilustradas, em sua famosa e rara Galeria. Uma perfeita conjunção entre a arte da foto e da litografia, mediante uma correta utilização do claro-escuro, da distribuição das figuras, bem como de certa imaginação e delicada ironia. Também conhecido pela sequência de imagem e palavra, como percurso de quadrinistas, entre o palácio e a rua, o rosto e a paisagem, sem perder uma atmosfera difusa, nítida e eloquente, quanto mais sutil e difusa”, afirma Lucchesi, acrescentando que o artista é “um patrimônio da história do Brasil e da Biblioteca Nacional”.
Instituto Sébastien Sisson e a genealogia
Genealogista e designer, empresária do ramo de memória, especialista em Projetos de Design de História de Família, Bárbara Ferreira explica que o início de sua paixão por genealogia foi por acaso. Interessada em desvendar detalhes sobre a família do marido, Christian Sisson, tataraneto de Sébastien, a curadora resolveu pesquisar sua árvore genealógica. Ao descobrir a participação importante do tataravô do esposo na história do País, percebeu que tinha algo extremamente valioso em mãos e, assumindo para si a responsabilidade de cuidar dessa memória, decidiu criar o Instituto Sébastien Sisson (sebastiensisson.org), do qual é diretora-geral.
Sobre Sébastien Sisson
Nascido em 2 de maio de 1824 na cidade em Issenheim, região da Alsácia, na França, Sébastien Sisson chegou ao Brasil, no Rio de Janeiro, em 1852, aos 28 anos de idade. Na então capital do Império, Sisson se estabeleceu como desenhista-litógrafo, produzindo uma obra artística notável de grande relevância histórica.
No País, para além dos retratos, o litógrafo também se tornou conhecido por realizar gravuras dos cenários do Rio de Janeiro do século XIX. E indo além, Sisson tinha a preocupação em promover as artes por meio da educação. Por isso, o artista foi um dos 99 fundadores da Sociedade Propagadora das Belas Artes, que, por meio do Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro, promoveu gratuitamente o ensino técnico-profissional e artístico no Brasil.
Graças a esse trabalho artístico, Sisson foi amplamente reconhecido e, por seus serviços de restauro gratuitos de preciosas estampas de difícil reparo à Biblioteca Nacional, foi condecorado pelo Imperador D. Pedro II com a Ordem da Rosa, em 1882, deixando assim um legado duradouro na história iconográfica do Brasil. Outro título foi a condecoração, em 1864, pela Academia Imperial das Belas Artes depois que o artista apresentou dois retratos em litografia que lhe valeram uma medalha de prata concedida pela Academia. E outra conquista foi o título de Litógrafo Oficial. A litografia (ou litogravura) é a técnica de desenhar sobre uma pedra polida, usada como matriz para impressão da imagem pressionada contra o papel.
No ano de 1866, estabelecido no Centro do Rio de Janeiro, na Rua da Assembleia, 60, Sisson obteve autorização para afixar Armas Imperiais em frente à sua oficina litográfica, adotando o título de “Litógrafo e Desenhador da Casa Imperial”.
A paixão pelo Brasil e pela cidade do Rio de Janeiro não ficou apenas nas gravuras. Embora tenha voltado à França para se casar com Marie Justine Faller em 1863, no mesmo ano o casal voltou para a então capital imperial, onde o casal teve quatro filhos, um deles falecido ainda criança. E também foi nesta cidade que ele residiu até falecer aos 74 anos, em 1898.
Serviço:
Exposição Sisson, 200 Anos
Data: Até 22 de janeiro de 2025
Horário: segunda a sexta-feira, 10h00 às 17h00
Entrada gratuita
Local: Biblioteca Nacional (3º andar)
Endereço: Avenida Rio Branco, 219, Cinelândia, Centro, Rio de Janeiro – RJ
Classificação livre
Sobre o Instituto Sébastien Sisson
O Instituto Sébastien Sisson nasceu da curiosidade sobre a genealogia da família Sisson no Brasil. Criado em 26 de setembro de 2012, a instituição se dedica à pesquisa sobre a vida e obra desse ilustre artista.
Todo o trabalho de preservação, pesquisa e divulgação do seu legado é desenvolvido a partir da documentação sobre Sisson que teve início em 2004. Além disso, o Instituto propõe a reflexão sobre os contextos históricos, culturais e artísticos do século XIX, mantendo viva e pulsante toda a temática que envolve o trabalho de Sébastien Auguste Sisson: iconografia, litografia, biografia, caricatura e história. Acesse o site (sebastiensisson.org).
Sobre a iGUi
A iGUi é a maior produtora de piscinas pré-fabricadas do mundo e está presente com indústrias (máster franquias) e lojas (franquias) em mais de 54 países, sendo uma das marcas mais internacionalizadas do Brasil. Criada em Gravataí, região metropolitana da capital gaúcha Porto Alegre (RS), em junho de 1995, em 2008 a marca foi franqueada e sua sede transferida para Cedral, região de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo. Sinônimo de piscina e tendo a inovação em seu DNA, a iGUi revolucionou o mercado com seu novo modelo de piscina, personalizada, conectada, revestida com a exclusiva Cerâmica Atlas, que atende as necessidades de arquitetos, engenheiros, designers de interiores e outros profissionais da área de construção civil. Com esse novo modelo de piscina, veio o novo conceito de loja. Lançada em 2022, com a iGUi Conceito a marca passou a realizar parcerias com construtoras, ingressando em condomínios verticais. Atualmente, com 29 anos de mercado, a Rede conta com mais de 1.200 unidades, em todo o mundo, entre fábricas, lojas iGUi e UNLIMITED, além de franquias e lojas Splash e TRATABEM no País. São 40 fábricas estrategicamente instaladas no Brasil, Argentina, Paraguai, México, Portugal e Estados Unidos que atendem as Américas, Europa, África, Oriente Médio, Ásia e Oceania. Mais informações, acesse o site (igui.com).
Sobre a Fundação Biblioteca Nacional (FBN)
A Fundação Biblioteca Nacional (FBN) é um órgão público federal vinculado ao Ministério da Cultura (MinC). A Fundação inclui a Biblioteca Nacional (BN), a Biblioteca Euclides da Cunha (BEC) e a Casa de Leitura.
A Biblioteca Nacional é a maior biblioteca da América Latina e uma das dez maiores bibliotecas nacionais do mundo, segundo a UNESCO. Por sua função de Depósito Legal, a BN é a principal instituição de memória do país, ao receber um exemplar de todas as obras publicadas em solo brasileiro (livros, jornais, revistas, CDs e outras mídias). Inaugurada em 1810 por D. João VI, é a mais antiga entidade governamental ligada à cultura no Brasil. Sua missão é coletar, registrar, salvaguardar e dar acesso à produção intelectual brasileira, assegurando o intercâmbio com instituições nacionais e internacionais e a preservação da memória bibliográfica e documental do país. Desde 1910, ocupa o prédio localizado na Av. Rio Branco, número 219, na Cinelândia – Centro do Rio de Janeiro.
A Biblioteca Euclides da Cunha é uma biblioteca pública que oferece serviços de livre acesso ao acervo bibliográfico e aos registros de expressão cultural e intelectual, localizada temporariamente na Av. Presidente Vargas n. 3.131, sala 704 do Edifício Teleporto, na Cidade Nova. A Biblioteca igualmente tem como atribuição, ainda, desenvolver atividades de caráter informativo, cultural e educacional, integrando-se aos objetivos da FBN. Dentre as ações de difusão do acervo estão o projeto “A Traça Faminta”, o programa “Vozes Brasilis” e a divulgação de boletins de novas aquisições.
A Casa da Leitura tem como atribuição desenvolver atividades de caráter informativo, cultural e educacional, em sua sede na Rua Pereira da Silva, 86, Laranjeiras. A instituição cumpre seu objetivo de formar leitores e democratizar o acesso ao texto literário por meio de cursos, oficinas, debates, seminários, palestras e fóruns de discussão. Sua programação é voltada prioritariamente a professores de sala de aula, bibliotecários e demais mediadores de leitura, com a finalidade de instrumentalizá-los em suas práticas.
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