Obra traz poemas inspirados do Rio de Janeiro a Paris
Salve, salve minhas queridas capivaras.
Após relançar seus três primeiros livros em formato digital, o escritor carioca Daniel Pandeló Corrêa apresenta uma nova faceta de eu trabalho no EP “Invocações”. O álbum, já disponível nas
principais plataformas de streaming através do selo Sagitta Records,bmescla spoken word e música, em interpretações do próprio autor para poemas que foram inspirados desde seu Rio de Janeiro natal e a cidade serrana de Petrópolis, onde vive atualmente, até passagens por lugares como Edimburgo (Escócia) e Paris (França).
O EP inaugura uma série de lançamentos em áudio do autor, que já anunciou o álbum “Voando reto num muro de tijolos” para o dia 06/07. Em comum, esses novos trabalhos apontam para um direcionamento ainda inédito na carreira de Daniel – ao mesmo tempo em que representam uma retomada da voz literária que ele vem construindo desde 2006, quando lançou a estreia “Bucolidade Urbana” aos 16 anos.
De lá para cá, Daniel Pandeló Corrêa vem transitando entre a poesia, a composição musical, o conto e a novela – desde então, já lançou também o cordel “Nadastar” (2007) e “Tristes camelos” (2009). Foi nesses trabalhos que surgiu o DNA de uma narrativa profundamente pessoal, habitada por hipocrisias cristãs, demônios íntimos e idiossincrasias da vivência em uma metrópole onde o solar encontra o sombrio, as mocinhas de novelas dividem espaço com territórios de milícias sem lei.
Esse panorama continua a inspirar o autor, que em “Invocações” recorre a preces pouco usuais em reflexões sobre espaços urbanos por onde passou, do Brasil à Europa. Em apenas cinco faixas, figuras icônicas como a Nossa Senhora do Desterro que guarda a igreja do bairro onde cresceu a São Dênis, mártir parisiense que teria carregado a própria cabeça após decepada até a sua igreja. É a busca por algo transcendental do passado que pudesse guiar para o futuro.
“‘Invocações’ marca uma transição para uma consolidação temática que queria abordar e que já trazia nos meus livros anteriores com muito do meu trabalho com música, que foi algo que me ocupou muito nesses últimos 10 anos. Eu já tinha feito coisas em teatro e interpretado meus textos, além de já ter participado de gravações, mas foi a primeira vez que era para gravar algo meu, comigo em primeiro plano. Depois de muito tempo meio que nos bastidores, sinto que precisei me acostumar a estar na frente do palco, alvo do holofote e das críticas. Acho que por isso que escolhi textos que falam abertamente de coisas tão pessoais”, reflete Daniel.
Um escritor em constante reinvenção, o carioca soma a uma bibliografia que já chama atenção. Em “Bucolidade Urbana”, ele reuniu contos e poemas publicados em seu blog entre 2003 e 2006. São pequenas tragédias urbanas, de encontros e desencontros, alegrias e tristezas, com os nuances do olhar adolescente sobre uma realidade desigual. Já em “Nadastar”, cria um nordeste mítico em um interior qualquer para contar a história de amor entre uma mulher e uma televisão. Por fim, “Tristes camelos” é uma novela sobre obsessões sob o ponto de vista de um homem que não consegue lidar com um amor fracassado.
Agora, em “Invocações”, Daniel Pandeló Corrêa convida a olhar para o futuro sob o prisma de lições do passado. Ao lado dos produtores musicais Mayam Rodilhano (Maria Gadú) e Paulo Lira (Miguel, Weezer) no Estúdio Montanha, o autor constrói múltiplas camadas sonoras utilizando instrumentos e samples que guiam um texto certeiro e afiado, sem abrir mão de vulnerabilidade e delicadeza. O EP já está disponível nas principais plataformas de streaming, via Sagitta Records.
Ouça “Invocações”: https://smarturl.it/invocacoes
Assista ao vídeo: https://youtu.be/fNLO9Lwylzo
Faça download gratuito dos livros: http://www.danielpandelocorrea
Faixa-a-faixa, por Daniel Pandeló Corrêa:
Desterro – Quando estava terminando meu projeto final na faculdade, minha orientadora disse “está legal, mas onde está o Daniel da Zona Oeste, de Campo Grande?”. E isso me marcou. Passei um tempo tentando reconectar com o bairro de onde eu fiz questão de ir embora. Esse texto é desabafo sobre como não conhecemos nossas raízes e muitas vezes as transformamos em hipocrisia.
Cabeça Decepada de Saint Denis – Quando visitei Paris, fiquei fascinado pela lenda por trás de Saint Denis, que foi decapitado e carregou sua cabeça para ele mesmo decidir onde morrer. Essa força de escolha me inspirou nesse texto.
Vozes nas ruas de Paris – Mais um inspirado pela capital francesa, mas não por um bom motivo. Muitas vezes no exterior, a minha pele e cara de descendência meio indígena são vistas como algo árabe e acabo ouvindo algumas coisas muito dolorosas. Isso para mim, que nem árabe sou. Isso se intensificou muito nos últimos anos e em Paris parecia muito na cara – ou pelo racismo velado ou por acharem que não entendia o francês.
Scott 21 anos – Existe um monumento no meio das Highlands, na Escócia, aos soldados que morreram em batalha em diversas guerras. Em muitas delas, eles não tinham absolutamente nada a ver com o conflito. E tinham plaquinhas com nomes e uma breve descrição, com homenagens de familiares e amigos, flores, fotos e cartas. É algo muito pesado de se ver. A história do Scott me chamou muito a atenção pois tinha uma cerveja no chão que os amigos, com quem ele ia no pub toda semana, deixaram lá para continuar a encontrá-lo.
Jesus na Serra – Esse monumento meio perdido na serra de Petrópolis me encanta desde menino. Quando subi para encontrar com minha agora esposa pela primeira vez, ver aquela estátua era a certeza que estava chegando. Pra mim é o primeiro sinal que estou em casa, que estou protegido.
Sobre o autor:
Daniel Pandeló Corrêa é um escritor, roteirista de cinema e TV e comunicólogo. Criado no subúrbio do Rio de Janeiro e morador de Petrópolis, o autor une todas as suas trajetórias profissionais em uma: a de contador de histórias.
São elas que movem a sua carreira, iniciada com textos em blogs no início dos anos 2000 e complementada com o lançamento independente de “Bucolidade Urbana”, em 2006. O livro de contos teve seus textos selecionados pelos leitores e foi o pontapé inicial para que o jovem escritor se tornasse presença marcante em feiras e eventos literários, sempre defendendo a internet e a tecnologia como ferramenta criativa.
No ano seguinte lançou seu segundo livro, o cordel “Nadastar”, em forma de um aplicativo para celulares distribuído via bluetooth, que acabara de chegar ao país. Em 2009, divulgou sua novela “Tristes Camelos” em uma edição independente disponibilizada gratuitamente na internet sob o selo creative commons. O livro chamou a atenção da editora Faces, que o lançou no ano seguinte.
Em 2010, o autor deu uma pausa na carreira literária e se dedicou à sua formação em Comunicação Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, o que lhe possibilitou um trabalho voltado para as artes em geral. Daniel passou pela produção cinematográfica, pelo processo de criação e montagem de exposições em galerias importantes até chegar ao trabalho com mídias digitais e marketing com artistas como Cícero, Pitty, Nação Zumbi, Arlindo Cruz, Toro y Moi e Broken Social Scene. O trabalho com a indústria fonográfica levou à criação de sua própria empresa, a Build Up Media, iniciativa que oferece uma abordagem diferenciada à comunicação estratégica voltada para artistas.
Essas múltiplas experiências são hoje o ponto de partida para uma série de projetos em desenvolvimento pelo autor. Atualmente, Daniel se dedica a um novo romance e uma série de lançamentos em áudio.
Ficha técnica
Texto, vídeo, fotos (páginas 8 e 9, 12 e 13 & 17) e diagramação: Daniel Pandeló Corrêa
Capa e fotos (páginas 4 e 5 & 15): Nathália Pandeló Corrêa
Áudio produzido por Mayam Rodilhano e Paulo Lira
Mixado e masterizado por Mayam Rodilhano no Estúdio Montanha (Rio de Janeiro, RJ)
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