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Futuros – Arte e Tecnologia apresenta espetáculo inédito “DESERTO”, inspirado na vida e obra de Roberto Bolaño

Futuros – Arte e Tecnologia apresenta espetáculo inédito “DESERTO”, inspirado na vida e obra de Roberto Bolaño

Futuros – Arte e Tecnologia apresenta espetáculo inédito “DESERTO”, inspirado na vida e obra de Roberto Bolaño

Peça da companhia Polifônica é a primeira dramaturgia nacional sobre o premiado escritor chileno, autor de “Os Detetives Selvagens” e “2666”

Espetáculo tem patrocínio do Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa e Oi, com apoio cultural do Oi Futuro

 

 

“Bolaño é o mais influente e admirado romancista de língua espanhola da sua geração.”

Susan Sontag

 

A primeira encenação nacional baseada em fragmentos da vida e de obras do premiado escritor chileno Roberto Bolaño (1953-2003), considerado um dos maiores autores latino-americanos da virada do século 21. Este é o espetáculo DESERTO, que estreia em 2 de maio no Teatro do centro cultural Futuros – Arte e Tecnologia, no Flamengo. Com direção e dramaturgia original de Luiz Felipe Reis e atuação de Renato Livera, a peça, em cartaz de quinta à domingo, às 20h, pretende instaurar uma experiência multilinguagem, articulando dispositivos teatrais com a literatura, a poesia e a música, além de instalações de luz, som e vídeo.  

Em cena, o espetáculo aborda os últimos anos de vida do escritor, diagnosticado com uma doença degenerativa, e apresenta a impressionante jornada do autor chileno que atravessa o continente rumo ao México e depois fixa-se na Espanha. DESERTO é a recomposição de rastros dessa aventura, recriando em cenas fragmentos de sua vida e obras: a travessia de um espírito inquieto marcado pela inconformidade com as normas, pelo desejo de ruptura, fuga, viagem, e então seu encontro com o desterro, o exílio, o deserto do real e, enfim, com a criação artística.

“É a afirmação de uma ética de existência: a aventura poética como uma forma de vida, como uma forma de escapar e de se contrapor ao nomos e ao ethos – conjunto de normas e hábitos – impostos pelo regime totalitário do capital em sua forma contemporânea, neoliberal, marcada pela financeirização de tudo. É, de modo implícito, uma contracena à mortífera farsa do capital, isto é: uma cena que se ergue contra o atual processo de desertificação e de desvitalização dos nossos corpos e subjetividades, e que afirma a poesia como uma forma de vida”, comenta o diretor Luiz Felipe Reis.

“O teatro do Futuros – Arte e Tecnologia é um espaço que proporciona grandes oportunidades de reflexão, aprendizado, entretenimento e contato com novas ideias e autores. As obras de Roberto Bolaño atravessam temas relevantes e muito presentes em discussões contemporâneas, como o autoritarismo e o feminicídio, e o fato da primeira apresentação de um espetáculo nacional inspirado em suas histórias acontecer no Futuros se encaixa absolutamente em nossa proposta de incentivar a inovação artística. Estamos entusiasmados para apresentar esta inédita história ao público”, afirma Victor D’Almeida, gerente de cultura do instituto Oi Futuro

DESERTO conta com patrocínio do Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa e Oi, através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura. O espetáculo integra a programação do Vem, Futuro!, projeto realizado pela Zucca Produções, com correalização de Futuros – Arte e Tecnologia e gestão cultural do Oi Futuro, que oferece uma agenda cultural diversificada no centro cultural Futuros – Arte e Tecnologia. Os patrocinadores do Vem, Futuro! são a Prefeitura do Rio de Janeiro, a Secretaria Municipal de Cultura, Serede, Universidade Veiga de Almeida, Eletromidia, SANDECH Engenharia e Windsor Hoteis, por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura do Rio de Janeiro.

Montagem inédita

Em cena, Renato Livera se aproxima e se abre aos influxos do inconsciente, dos sonhos, da obra e da vida do escritor chileno Roberto Bolaño. É uma travessia no imaginário de um dos maiores escritores do nosso tempo, e também a primeira dramaturgia original criada a partir da sua vida-obra. Bolaño surge para o mundo literário em meados dos anos 1990, celebra seu primeiro grande sucesso em 1998, com “Os detetives selvagens”, mas cinco anos depois morre e não vê sua obra-prima “2666” ser publicada. A temporada do espetáculo DESERTO no Futuros – Arte e Tecnologia é também uma celebração dos 20 anos do lançamento da obra-prima “2666” e dos 10 anos de formação da companhia Polifônica.

Resultado de uma extensa pesquisa na obra do poeta e escritor Roberto Bolaño, DESERTO é um poeta diante da morte afirmando a vida em criação. “É também nossa batalha poética-cotidiana contra as forças de desertificação das subjetividades e de desvitalização do imaginário a que estamos sendo submetidos pelo mundo neoliberal e digital. É uma contracena ao estado desértico a que o mundo ruma, à disseminação irrestrita do horror e das forças de destruição que se alastram e englobam a Terra: violência neoliberal, necropolítica, ecocídio, feminicídios e fascismos que vicejam em todos os tempos nas Américas e além”, comenta o diretor Luiz Felipe Reis.

Revelando o motivo da escolha do nome do espetáculo, Luiz Felipe Reis chama atenção para duas obras de Bolaño em que os protagonistas são poetas ou escritores desaparecidos. Em “Os detetives selvagens”, dois poetas vão em busca da mãe da poesia, uma mexicana que desapareceu no Deserto de Sonora, no noroeste do México. Já em “2666” um escritor alemão desaparece no mesmo Deserto. “O Bolaño vai então escrever em diálogo e em fricção constante com esse ‘lugar’, com o deserto enquanto realidade e metáfora, lugar em que desaparecem, sofrem violências e morrem as vítimas deste mundo machista-capitalista-neoliberal em que vivemos, ou seja, mulheres, poetas, artistas, trabalhadores, etc. O deserto enquanto metáfora do estado atual do mundo, assim como a nossa peça, têm a ver com esse processo, em que a poesia ou a possibilidade de uma vida criativa, lúdica, sofre inúmeras formas de violência num mundo cada vez mais orientado por uma lógica quantitativa, numérica, regida pela maximização infinita do lucro e das finanças.”

Atualmente, pode-se dizer que Bolaño já é reconhecido como um “clássico contemporâneo”, mas ainda hoje sua obra é muito mais conhecida do que efetivamente lida. Ao recriar em cena fragmentos da vida e da obra do autor, DESERTO pretende contribuir para a difusão de sua obra, atuar como porta de entrada ao seu fascinante universo literário e iluminar seu legado artístico. Após sua morte, em 2003, e a publicação de “2666”, em 2004, Bolaño se tornou um dos maiores fenômenos literários da virada do último século – considerado por muitos o maior expoente das letras latinas desde Gabriel García Márquez.

Ficha técnica

​Direção e dramaturgia original: Luiz Felipe Reis

Baseado na obra de Roberto Bolaño

Atuação: Renato Livera

Direção assistente: Julia Lund

Interlocução dramatúrgica: José Roberto Jardim

Direção de movimento: Lavínia Bizzotto

Cenário: André Sanches e Débora Cancio

​Criação de vídeo: Julio Parente

Assistente de vídeo e operação de vídeo e luz: Diego Ávila

Luz: Alessandro Boschini

Trilha sonora: Pedro Sodré e Luiz Felipe Reis

Figurino: Luiza Mitidieri

Design gráfico: Bruno Senise

Fotografia: Renato Pagliacci

Assessoria de imprensa: Ney Motta

Direção de produção: Sergio Saboya (Galharufa)

Produção executiva: Roberta Dias (Caroteno Produções)

Idealização e coprodução: Polifônica

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Serviço

Local: Futuros – Arte e Tecnologia

Rua Dois de Dezembro, 63, Flamengo, Rio de Janeiro (próximo ao Metrô Largo do Machado)

Informações/tel.: (21) 3131-3060

Temporada: 02 de maio a 23 de junho de 2024, quinta à domingo, às 20h

Ingressos: R$ 60,00 (Inteira) | R$ 30,00 (Meia)

Lotação: 63 lugares, sendo 1 espaço para PCR, 1 assento para pessoa obesa e 1 assento reservado para acompanhante de PCD.

Duração aproximada: 80 minutos

Classificação indicativa: 16 anos

Sobre Roberto Bolaño, o diretor e dramaturgo Luiz Felipe Reis e a Cia. Polifônica

Nascido no dia 28 de abril de 1953Roberto Bolaño Ávalos era filho de um caminhoneiro e de uma professora na cidade de Santiago, capital do Chile. Ele e sua irmã foram criados no litoral do país, local onde o jovem se tornou um intenso consumidor de livros. Aos 15 anos, mudou-se com a família para a Cidade do México e abandonou os estudos. O jovem garoto começou a trabalhar como jornalista e a cultivar uma relação com as ideias de esquerda. Iniciado, então, na militância política, retornou ao Chile em 1973 e ajudou no movimento revolucionário que colocou no poder o socialista Salvador Allende.

A primeira grande dificuldade do esquerdista Roberto Bolaño ocorreu com o fim do governo de Allende. O presidente foi deposto por um Golpe de Estado do ditador Augusto Pinochet e Roberto Bolaño passou oito dias na cadeia sob a acusação de terrorismo. Só foi liberado porque os carcereiros eram ex-colegas de escola. Depois disso, virou um andarilho pela América Latina e Europa. Passou pequenos períodos de sua juventude no Chile, México, El Salvador, França e Espanha. Esquerdista convicto, assumiu uma personalidade trotskista.

Ao mesmo tempo em que se dedicava aos ideais de esquerda, Bolaño iniciava uma carreira literária. Foi membro fundador de um movimento poético conhecido como Infrarrealismo. A caminho do Chile, passou por El Salvador, onde conheceu o poeta Roque Dalton e vivenciou as guerrilhas de libertação nacional. Depois, voltou ao México para viver como um poeta boêmio. Seu comportamento era muito influenciado pelo movimento esquerdista e levava uma vida caótica, o que o fez ser temido pelas editoras.

Mesmo sem ter conquistado sucesso literário ainda, Bolaño sofria rejeições de editoras e decidiu mudar-se para Espanha, em 1977. Morando em Barcelona, trabalhou como lavador de pratos e gari. Apesar das dificuldades, trabalhava durante o dia e escrevia à noite. Foi nessa época também que se casou, fato que mudou sua vida literária. Inicialmente, Bolaño era um poeta, mas o próprio assumiu que temia pelo sustento de seus filhos e, assim, mudou o gênero, passando a escrever romances de ficção. Ainda assim, embora não fosse mais o teor de suas publicações, continuou escrevendo suas poesias.

Bolaño desenvolveu uma relação difícil com seu país natal, o Chile. Questionava as condições políticas de seu país e também o comportamento literário do mesmo. Seu desgosto o fez voltar ao Chile apenas uma vez mais depois que se exilou voluntariamente. No início do novo milênio, Bolaño passou por vários problemas de saúde e encontrava-se na lista de espera para doação de rins. Porém não houve tempo suficiente para aguardar, Bolaño faleceu no dia 15 de julho de 2003 deixando sua esposa e um casal de filhos, Lautaro e Alexandra. Em sua carreira literária, sentia-se um poeta, mas destacou-se como autor de romances. Entre suas principais obras estão Noturno do ChileAmuletoEstrela DistanteOs Detetives Selvagens2666A Pista de Gelo e Antuérpia. Por seus textos, ganhou vários prêmios literários e foi considerado por outros escritores como o mais importante autor latino-americano de sua geração. (fonte: Link)

Luiz Felipe Reis – Diretor, dramaturgo, pesquisador e cofundador da Polifônica, em 2014, escreveu e dirigiu as peças “A inútil biografia de um homem qualquer” (2014), “Estamos indo embora…” (2015), indicada ao Prêmio Shell na categoria Inovação, “Amor em dois atos” (2016), indicado ao Prêmio Cesgranrio de Melhor Direção, “Galáxias” (2018), o solo teatral e audiovisual “Tudo que brilha no escuro” (2020), indicado ao Prêmio APTR 2020 na categoria Melhor Espetáculo Inédito Ao Vivo e o solo “VISTA” (2023), baseado no romance “Vista chinesa”, de Tatiana Salem Levy, indicado ao Prêmio Deus Ateu de Teatro e Artes nas categorias Melhor Atriz (Julia Lund) e Melhor Espetáculo, tendo conquistado o Prêmio na Categoria Espetáculo. Para 2025, planeja a estreia dos projetos “AWEI!”, baseada no livro “Banzeiro onkòtó”, de Eliane Brum, e “Eddy. História da violência”, a partir da obra de Édouard Louis. Foi também curador do Festival Cena Brasil Internacional (2015-19), jornalista e crítico de teatro e de música (O Globo, 2010-18), além de pesquisador das artes performativas com foco em encenação contemporânea, com mestrado em Letras (PUC-RJ). Como diretor, dramaturgo e pesquisador, investiga procedimentos de encenação a partir das noções de Polifonia Cênica e de Contra-cenas ao Antropoceno. À frente do Núcleo de Pesquisa e de Criação Artística da Polifônica, ministra o curso “CENA é MUNDO – Outros reais possíveis”.

Polifônica – Desde 2014, a Polifônica se dedica a uma pesquisa estética e temática focada nos conceitos de Polifonia Cênica e de Contra-cenas ao Antropoceno. Em conjunto, estas noções buscam estimular a experimentação de diferentes formas de abordar e de responder artisticamente ao AntropoCapitaloceno, ou seja, aos distúrbios ecológicos, sociais e políticos gerados pela engrenagem ideológica antropocêntrica, colonialista, capitalista e neoliberal.

Elaborada pela Polifônica, a partir de uma pesquisa sobre a obra teórica e prática de Heiner Goebbels, a noção de Polifonia Cênica busca estabelecer uma relação horizontal, descentralizada e colaborativa entre diferentes elementos, linguagens e formas de arte na composição do fazer teatral. (fonte: Link).

Sobre o Futuros – Arte e Tecnologia
Inaugurado há 18 anos com a proposta de democratizar o acesso a experiências de arte, ciência e tecnologia, o centro cultural Futuros – Arte e Tecnologia tem a Oi como fundadora e principal mantenedora. Em abril de 2023, sob a chancela do Oi Futuro, o equipamento cultural se abriu a novos parceiros: EY, Eletrobras Furnas e BMA Advogados são os primeiros patrocinadores anunciados pela instituição.

Com programação diversa que aposta na convergência entre arte contemporânea, ciência e tecnologia, o Futuros recebeu, em 2023, mais de 127 mil visitantes. O espaço abriga galerias de arte, um teatro multiuso, um bistrô e o Musehum – Museu das Comunicações e Humanidades, que detém um acervo de mais de 130 mil peças históricas sobre as comunicações no Brasil. O Musehum promove experiências imersivas e interativas que convidam a refletir sobre o impacto das tecnologias nas relações humanas.

As galerias do centro cultural já foram ocupadas por expoentes internacionais de diversas vertentes, como Andy Warhol, Nam June Paik, Tony Oursler, Jean-Luc Godard, Pierre et Gilles, David Lachapelle, Chantal Akerman; e brasileiros como Luiz Zerbini, Rosângela Rennó, Daniel Senise, Lenora de Barros, Iran do Espírito Santo, Arthur Omar, Marcos Chaves e outros. Nas artes cênicas, o espaço foi palco de espetáculos inéditos e premiados de Felipe Hirsh, Gerald Thomas, Enrique Diaz, Antonio Abujamra, Denise Stoklos, Victor Garcia Peralta, Aderbal Freire, João Fonseca e outros.

Com quase duas décadas de trajetória, Futuros – Arte e Tecnologia também sediou diversos eventos de destaque na cena cultural carioca, incluindo Festival do Rio, Panorama de Dança, FIL, Multiplicidade, Novas Frequências e Tempo_Festival, sendo os três últimos especialmente concebidos para a instituição.