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serrote #45 publica ensaio inédito do escritor Silviano Santiago sobre Machado de Assis, artigo da antropóloga Aparecida Vilaça sobre rio que ganhou status de cidadão e textos dos vencedores do Concurso de Ensaísmo serrote

serrote #45 publica ensaio inédito do escritor Silviano Santiago sobre Machado de Assis, artigo da antropóloga Aparecida Vilaça sobre rio que ganhou status de cidadão e textos dos vencedores do Concurso de Ensaísmo serrote

serrote #45 publica ensaio inédito do escritor Silviano Santiago sobre Machado de Assis, artigo da antropóloga Aparecida Vilaça sobre rio que ganhou status de cidadão e textos dos vencedores do Concurso de Ensaísmo serrote

 

A nova edição da revista de ensaios do IMS será lançada no dia 5 de dezembro, na Livraria Janela do Jardim Botânico, no Rio de Janeiro. Na ocasião, haverá uma conversa com o escritor Silviano Santiago, ganhador do Prêmio Camões

45ª edição da serrote, revista de ensaios do Instituto Moreira Salles, já está disponível nas livrarias, com textos que refletem sobre raça, gênero, literatura e o atualíssimo submundo da internet. A publicação será lançada no dia 5 de dezembro (terça-feira), às 19h, na Livraria Janela, no Jardim Botânico, Rio de Janeiro, em um bate-papo com o escritor Silviano Santiago, autor de um ensaio inédito sobre Machado de Assis nesta edição, e a crítica literária Beatriz Resende. A entrada é gratuita.

Vencedor em 2022 do prêmio Camões, Silviano Santiago já tomara o escritor como tema em outro livro, Machado (2016), romance audacioso em que recria as últimas e dolorosas passagens da vida de Machado de Assis. No ensaio publicado agora, aos 87 anos, aborda tema ainda mais original: em “Confisco do cadáver de Machado de Assis pelos monarquistas”, faz uma leitura da certidão de óbito do autor, a partir da análise da morte e dos conceitos de autópsia e necropsia nos livros Dom Casmurro e Memórias póstumas de Brás Cubas.

A publicação traz também os textos dos três autores premiados na edição deste ano do concurso de ensaísmo serrote. Primeira colocada, a tradutora, crítica literária e professora paulistana Fernanda Silva e Sousa (1993) assina o ensaio “Dos pés escuros que são amados”, em que reconstitui a experiência de vítimas do racismo ao fio de três séculos num texto em que Ruth Middleton, uma mulher escravizada nos EUA do século 19, dialoga com Carolina Maria de Jesus e a poeta Lívia Natália. “Às vezes, é só reclamando o passado que um gesto pode ganhar um sentido além do que o presente aterrador anuncia”, escreve.

Segundo lugar no concurso, a repórter e ensaísta paulista Thaís Regina (1996) articula jornalismo de alta qualidade e ensaio pessoal ao rever, em “Severinos, o Brasil é uma guerra nossa”, a trajetória do avô, presidiário por mais de duas décadas, que encarna o destino de toda uma população negra subjugada por um Estado racista em sua essência.

Artista transdisciplinar e crítica de arte, a baiana Padmateo (1999) conquistou o terceiro lugar com o ensaio “Pepper’s Ghost”. Nele, ela convoca Monga, a mulher gorila, Kafka e Paul Preciado para discutir as imagens possíveis de pessoas em transição, numa análise original sobre o corpo não binário e seu complexo diálogo com a sociedade.

A revista publica ainda um texto da antropóloga e professora do Museu Nacional da UFRJ Aparecida Vilaça sobre o status de cidadão concedido ao rio Lage, em junho de 2023, por iniciativa do vereador indígena Francisco OroWaram, do povo Wari’. Aparecida relata sua visita ao local, conversa com OroWaram e discorre sobre a iniciativa inédita no país, que reconhece o rio como um ente vivo e sujeito de direitos.

Esta edição também traz um importante texto da escritora e antropóloga norte-americana Zora Neale Hurston (1891-1960), uma das principais figuras do movimento de artistas e intelectuais negros conhecido como Renascença do Harlem. “O que os editores brancos não publicam” foi difundido originalmente em 1950, na revista Negro Digest. Nele, a autora trata de um tema que continua atual, ao reivindicar um lugar no seu país à literatura negra para além dos propósitos raciais.

A reflexão sobre a presença negra aparece em outro texto desta edição, de autoria do cineasta, produtor cultural e pesquisador Márcio Brito Neto (1987). Ele parte de um relato autobiográfico para propor um novo olhar negro sobre o cinema, com o regate de princípios filosóficos usurpados pela colonialidade e pela branquitude.

Uma das mais ativas intelectuais feministas britânicas, Jacqueline Rose (1949), codiretora do Birkbeck Institute for Humanities, na London University, participa da serrote #45 com um texto em que analisa como a filósofa francesa Simone Weil (1909-1943) se debateu até o fim da vida com a questão de como se manter a serviço de um mundo mais igualitário. O ensaio integra o livro The Plague: Living Death in Our Times, lançado em 2023 e ainda inédito no Brasil.

Outro destaque é o ensaio “A machosfera contra as balzacas”, do jornalista e mestre em literatura, cultura e contemporaneidade pela PUC Rio Victor Calcagno (1994). O autor parte da noção de balzaquiana, popularizada no Brasil com o romance “A mulher de 30 anos”, de Honoré de Balzac, para refletir sobre como a mulher nessa faixa etária catalisa o ódio e a misoginia dos homens no submundo da internet.

Ainda nesta edição, o escritor e cineasta argentino Edgardo Cozarinsky escreve sobre um tema universal aos grupamentos sociais: a fofoca. Ele recorre a Marcel Proust e Henry James (escritores em cujas práticas romanescas, diz, “a fofoca ocupa um lugar privilegiado”), além de outros autores, para afirmar que, na forma como circula e se modifica, a fofoca reproduz o movimento geral da história e do conhecimento humano.

Artista visual que trabalha no cruzamento entre fotografia, cinema e escrita, a canadense radicada nos EUA Moyra Davey (1958) participa da revista com imagens publicadas originalmente no livro de artista Burn the Diaries (2014). A elas, soma-se um texto que integra a coletânea de ensaios Index Cards (2020), inédita no Brasil.

serrote #45 publica ainda um ensaio visual da artista Wanda Pimentel (1943-2019). Nos desenhos da série Do caminho ao elo sobre-humano (1966-1967), a artista constrói uma intimidade com o leitor-visitante a partir de seu característico vocabulário visual, em que põe em evidência partes do corpo humano e objetos do cotidiano. Também presentes nesta edição, trabalhos dos artistas Sônia Gomes, Edu Silva, Laura Anderson Barbata, Thomas Hirschhorn, Cynthia Gyuru, Aislan Pankararu (autor das obras que ilustram a capa e a contracapa) e Guga Szabzon.

serrote #45

224 páginas

R$ 48,50

Conversa de lançamento da serrote #45, com Silviano Santiago e Beatriz Resende

5 de dezembro (terça-feira), às 19h

Livraria Janela

Rua Maria Angélica, 171, loja B, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ

Entrada gratuita