Salve, salve minhas queridas capivaras sambistas.
Vamos continuar com o texto que marca a minha despedida do Tem Capivara no samba, vou tentar passar para todos vocês as emoções que senti ao desfilar pela primeira vez em uma escola de samba.
Na primeira parte, falei sobre a minha experiência desfilando pela Inocentes de Belford Roxo no grupo de acesso.
Agora, meus amigos, no texto que complementa essa coluna, vamos falar sobre a minha experiência em desfilar pela G.R.E.S. Império Ricardense, no grupo D do carnaval carioca.
Lançamento do Enredo da G.R.E.S. Império Ricardense para o carnaval 2018 – Lázaro Ramos
1ª Eliminatória da disputa do samba enredo para o carnaval 2018 da G.R.E.S. Império Ricardense
Tem Capivara no Samba – Final da Império Ricardense – Carnaval 2018
Por ter todo esse envolvimento pessoal, o sentimento no domingo foi muito diferente do que senti na noite anterior com a Inocentes.
Se no sábado era tudo alegria e festa, sem grandes preocupações, querendo apenas curtir o momento, o domingo foi o inverso, o nervosismo e a tensão estavam estampadas no meu rosto.
A preocupação em fazer tudo perfeito, visando um excelente resultado na avenida, era latente.
Não tinha esse negócio de ficar na arquibancada assistindo os desfiles ou ficar bebendo uma cervejinha enquanto a escola se apronta.
Cheguei cedo na Intendente Magalhães com a minha linda companheira e literalmente coloquei a mão na massa.
Até peço desculpas pois prometi fazer várias filmagens para a coluna mas não deu, minha escola precisava de apoio.
Fiquei em um canto e ajudei a vestir uma ala inteira, junto com um grupo de amigos.
Foi um trabalho bem cansativo, olha que eu estava com muitas dores nos pés e na coluna devido ao problema com a sandália menor que o meu pé no desfile da noite anterior, mas extremamente recompensador.
Quando terminamos e pode olhar a ala toda fantasiada, prontinha para o desfile, meus amigos, a sensação de bem estar, de saber que todo aquele trabalho deu resultado, foi gigante. Um tipo de paz interior que você experimenta poucas vezes na vida.
Ainda sinto uma emoção muito forte ao lembrar desse momento (isso vai ser um segredo nosso mas meus olhos se encheram de lágrimas).
Enquanto caminhava para me posicionar junto a minha ala, a ala dos compositores, pude observar todos os setores da escola e percebi como as nossas fantasias eram lindas e a beleza dos nossos carros alegóricos.
Nesse momento, chegou à avenida o grande homenageado da noite, o ator Lázaro Ramos.
Sim, o enredo do carnaval 2018 da Império Ricardense é sobre a trajetória desse grande artista brasileiro.
Agora que todos já estavam em seus lugares, era a hora do desfile começar.
A proximidade com o público que assiste o desfile na Intendente Magalhães é tão grande que torna o trajeto do desfile em algo único.
Ali você consegue ouvir todas as palavras de apoio das pessoas, a cumplicidade fica muito maior, as reações do públicos ficam muito aparentes, seja pelo sorriso, pelo olhar, pelas palmas e pelo grito de “É CAMPEÃO”. Essa euforia, esse carinho se transformam em um combustível te dando forças para continuar com ainda mais animação durante o resto do desfile.
Como fiquei na primeira fileira da ala, ao lado da grade que separa o público, esse sentimento foi ainda maior.
Me senti flutuando pela Intendente, sendo levado pela força do nosso samba enredo e pela energia do público.
Mas parafraseando o grande Drummond, “No meio do caminho tinha um buraco. Tinha um buraco no meio do caminho”.
No caso, o buraco era físico, para ser mais exato, no asfalto.
E eu, que vinha brigando com as dores do corpo, acabei pisando nesse maldito buraco e por muito pouco não desabei no chão
Nesse momento, o desfile deixou de ser algo mágico e se tornou, para mim, em uma grande prova de superação.
Não podia simplesmente sair do desfile e prejudicar a escola, lutamos muito para chegar até ali.
Como eu continuei no desfile, eu não sei, acho que foi a força que vinha da avenida que me ajudou.
A força vinda dessa unidade, dessa junção de pessoas que unidas, venceram muitos obstáculos, compartilharam um sonho e criaram a família império ricardense.
Eu literalmente não tenho muitas lembranças do que aconteceu no desfile após ter pisado no buraco, simplesmente engoli o choro, diminui o meu ímpeto na avenida e mantive o foco em terminar o desfile, eu preciso terminar o desfile, eu preciso terminar o desfile, eu preciso terminar o desfile.
Felizmente consegui chegar ao final do desfile e um oceanos de sentimentos se formaram na minha cabeça.
Não consegui ao certo decifrar o que estava sentindo: felicidade, dor, alegria, medo, satisfação.
Por mais que meu coração tenha dito para permanecer na avenida, aguardando os demais membros da escola, meu corpo pediu descanso e acabei indo embora sem me despedir.
Fica aqui o meu agradecimento a família Império Ricardense por me proporcionar esse momento mágico e inesquecível na minha vida.
Muito obrigado por tudo, me sinto parte dessa família.
Não posso terminar esse texto sem agradecer a minha amada namorada que encarou essa aventura carnavalesca, literalmente, ao meu lado.
Lindona, saiba que essa aventura não teria a menor graça sem você. Obrigado por me acompanhar sempre.
Vou deixar vocês com um compacto do desfile da Império Ricardense, que foi postado no canal do Rogério Santana, no YouTube
Bom, a nosso texto está chegando ao fim e com isso a minha participação na coluna “Tem Capivara no Samba”
Peço desculpas por todas as falhas que cometi nessas 34 colunas que escrevi, sou apenas um curioso, não sou um sambista de fato.
Se ao menos uma vez, uma pessoa tenho gostado de algo que escrevi nesse espaço, o meu objetivo foi atingido, já me sinto feliz.
Desejo toda sorte do mundo ao novo titular da coluna.
Vou ficando por aqui.
Um beijão do Paladino
Marcelo Soido Paz
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