Olá capivaras e adeptos da sétima arte!
Sejam bem-vindos à mais nova coluna do site, que vai trazer pra você alguns dos lançamentos, destaques, clássicos e críticas do cinema, direto de minha cabeça e mãos, com exclusividade.
Sou Rodrigo do Bem, um grande curioso na área e um cinéfilo em formação.
Desde pequeno escrevia continuações para filmes que gostava (acreditem: eram o máximo pra uma criança de 6 anos) e já postei muitas críticas na época de ouro do blogspot! 😉
Ah, não esperem que eu escreva sóbrio, porque isso é inevitável de madrugada, quando estou escrevendo de fato este texto.
Mas não se preocupem: existe corretor ortográfico e pra isso ele serve muito bem!
Neste momento, enfim, abro pra vocês uma crítica e opinião sincera sobre o filme Corra!, que foi lançado no inicio do ano passado e acabou se tornando um sucesso de público e renda, até porque foi produzido com apenas U$ 4,5 milhões, e rodado em menos de um mês, faturando nada mais, nada menos que U$ 33,3 milhões no seu final de semana de estréia nos EUA*¹. Show me the money!
Bem, o escolhemos pela importância de marcar um estilo de suspense mais inteligente e sem muitos elementos visuais pseudo-horripilantes que os blockbusters do gênero costumam exagerar na dose (como fantasmas, crianças em corredores fazendo cara feia e sustos desnecessários para um cardíaco), assim como seu tema de segregação e preconceito racial, humoristicamente tratado na obra mas que deixa uma analogia bem real e preocupante do que rola de fato na sociedade.
divulgação
Chris, vivido pelo brilhante ator Daniel Kaluuya (que já atuou na série Black Mirror, da Netflix), passa por um bom sufoco ao ser levado pela sua namorada branca, Rose, para conhecer a família dela, no maior estilo Adivinhe Quem Vem para Jantar – um filme clássico com a mesma estrutura de personas: a namorada e sua família branca e “liberal”, o rapaz negro como ovelha entre lobos.
Inclusive, a pegada mais leve da parte inicial do filme – o amigo de Chris que acha toda essa situação estranha e aconselha com bom humor o rapaz a não ir, o relacionamento bem juvenil e apaixonado do casal – tende a nos enganar em como a situação se desenrolará, e é isso que admirei bastante na direção e principalmente no roteiro, por haver viradas de trama bem montadas o suficiente para nos causar tensão nos momentos certos, em doses homeopáticas.
As cenas da segunda parte (onde ocorre o tal encontro entre a familia, os amigos da familia e o rapaz) são igualmente bem estruturadas, com efeitos visuais e sensibilidade na fotografia e roteiro para angustiar os espectadores mais céticos – destaque para a cena da hipnose (vi alguns elementos psicodélicos parecidos do filme Sob a Pele, de 2013, com a atriz Scarlett Johansson) com Chris e sua futura sogra; os olhos do ator exprimem com tal veracidade a aflição, o incômodo e a claustrofobia sentida pela personagem que nos convencemos facilmente da tortura e do suspense causados. Enfim, compramos a briga do ‘Time Chris’ e é fácil assim roer as unhas dessa parte até o final.
Final este (os que viram no cinema e verão em casa) que foi modificado devido à exibições-teste nos EUA e sua (devida ou não) reprovação. O diretor e roteirista insistiu em mudar os minutos finais para um desfecho menos crítico e mais descontraído, onde o amigo sagaz de Chris aparece na hora certa.
Confira aqui o final que ninguém viu na montagem original ( https://goo.gl/Kn9FRD )!
Resumindo todo esse textão que você leram, achei Corra! incrível pela sutileza proposital em tratar o racismo e de destilar um leve veneno naqueles que insistem em falar que ‘votariam em Obama para um terceiro mandato’ ou ‘não tenho preconceito, inclusive tenho amigos negros’, nada mais que uma camuflagem para discriminar as pessoas e se achar melhor que um ou outro.
A parte técnica também merece destaque pela atuação contagiante de Daniel Kaluuya e de Catherine Keener (a mãe de Rose, vulgo sogrinha malévola), do roteiro alucinante e bem elaborado de Jordan Peele, assim como sua facilidade em dirigir toda a equipe e obter um belo resultado que vemos nas telas.
Por mais que não tenha arrematado um jet ski*² na cerimônia do Oscar, ganhou um prêmio merecido pelo Roteiro Original do humorista Jordan Peele, que também dirigiu o filme e foi o cabeça desta história louca e tensa.
Além disso, faturou também 2 Spirit Awards (um de Melhor Filme e o de Melhor Direção), o grande prêmio do cinema independente.
Semana que vem tem mais resenha e se preparem, vamos falar de um filme recém-lançado e bem comentado por aí, fiquem atentos caros e caras capivaaaras!
(Ok ok, sem spoilers, eu prometo!)
*¹ – dados retirados do site CinePop, link aqui https://goo.gl/9Ec6nr
*² – Os apresentadores do Oscar e a atriz Helen Mirren anunciaram na cerimônia da premiação um jet ski para quem fizesse o discurso do prêmio mais rápido e conciso. Ganhou o figurinista Mark Bridges, pela estatueta de Melhor Figurino pelo filme “Trama Fantasma”, e acabou virando uma brincadeira recorrente dos participantes do evento.
Por Rodrigo do Bem