O que mais me deixa chateada dessa parada de ser adulto é que ninguém te fala a real. Porra, cara! Custa sentar com a pessoa e dar umas dicas?! Quando você é criança, fazem tudo para você e te ensinam coisas vitais, tipo: comer, beber, andar, falar, cagar e mijar.
Aí você cresce e vira adolescente e a merda é generalizada porque você começa a ter corpo de “adulto”, seus pais te dão tarefas e tal e você é cobrado por essas coisas todas, mas você não tem responsabilidade suficiente para sair sozinho, dirigir, namorar, viajar sozinho e tal.
A gente vive um conflito muito sinistro nessa fase. Os hormônios nos deixam bem loucos, num nível altíssimo. Tesão e sexy appeal norteiam[1] a vida do adolescente. Mas como toda fase, essa também vai passar (e dependendo da educação que você recebeu, pode “sair ileso” ou já ser forçado a encarar a próxima fase ainda estando na adolescência).
E aí você cresce um pouco mais e vira adulto… kkkkkkkk…. Nesse ponto é que fudeu mesmo numa proporção que só quem está lá sabe! É conta para pagar, casa para cuidar, cônjuge, animais – essa é uma loucura que você herda na infância, pode concretizar na própria infância ou na adolescência e perdura na fase adulta -, filhos, trabalho, continuar estudando e tentar ter vida social e um pouquinho de tempo para si.
EM ALGUM MOMENTO NO PRÓXIMO PARÁGRAFO, VOCÊ VAI SE PREGUNTAR: “MAS PORQUE ELA ESTÁ ESCREVENDO ISSO?” OU VOCÊ NEM VAI SE QUESTIONAR E JÁ VAI PARAR DE LER. POR FAVOR, NÃO FAÇA! TEM UM MOTIVO. ENTÃO ME DÊ CRÉDITO E CONTINUE A LER.
Eu entrei na faculdade com 18 anos, mas não me formei, comecei a namorar e trabalhar com 20 anos, perdi a virgindade também com 20 anos, tomei meu primeiro porre com 22 anos, tive minha primogênita com 27 anos, me casei aos 33 anos, sai de casa aos 34 anos e tive a 2ª filha aos 35 anos. Viajei muito, fui a muita boate e festas, repeti o 2º ano do 2º grau (hoje ensino médio), já sofri acidente de carro, já experimentei cigarro, nunca usei drogas (1 vez jogaram lança perfume no meu cabelo, conto em outro momento), já desfilei numa escola de samba, já andei de ônibus, trem, metrô, barco, lancha, barca, avião, já quebrei perna, dedo e pulso, não sei dirigir, mas já tive carro, já fiquei internada algumas vezes, já fiz cirurgias e já quase morri.
De tudo isso que listei acima, duas sempre estiveram na minha lista de meta de vida. Acredito que todo mundo tenha uma lista de meta de vida e na minha sempre estiveram: casar e ter filhos!
Hoje eu sou casada e tenho filhas, mas preciso dizer que são as coisas mais maravilhosas e as mais difíceis, ao mesmo tempo. Meus pais foram casados durante pouco tempo e enquanto eu estava viva, eles ficaram casados por uns 6-7 anos e foi meio estranho porque eles brigavam muito.
Meus pais não tiveram outro filho, então não tive a experiência de ter um irmão mais novo para “brincar de boneca viva”. Eu não sei ao certo se minha ideia de casamento e maternidade vem dos exemplos que recebi dos meus pais, porque quando eu falo exemplo, quero dizer no sentido amplo, exemplo do que eu quero seguir e do que eu não quero seguir, ou se tem relação com a minha personalidade aliada à educação que recebi. Sim, eu sempre tive minha família muito presente e também sou de um signo fixo e de terra[2], e acredito que isso faz de mim uma pessoa com tendências monogâmicas, estáveis e permanentes.
Mas também faz de mim uma pessoa mandona, autoritária, ciumenta, possessiva e agressiva. E que homem curte isso numa mulher gente? Se eu fosse adepta do BDSM, estaria feita, tenho certeza. Mas não, então eu precisei entender que é necessário ser mais suave para se relacionar com um homem, ser flexível e mais segura também. Não foi submissão, foi adaptação. Muitas coisas me incomodam em demasia, mas essa é a minha opção sexual e esse é o estado civil que quero. E quando sabemos o que queremos, por mais que as dificuldades apareçam e não cessem, sempre encontramos meios de resolvê-las.
E como todo relacionamento, o casamento também exige das partes envolvidas certos cuidados:
- Sintonia – por mais que digam que os opostos se atraem, esquecem de informar que eles vivem em conflito. E nada resiste à conflito constante. Busque reciprocidade, semelhanças, equilíbrio;
- Respeito – tenha consideração pelo seu parceiro. Não faça com o outro o que não gostaria que ele fizesse com você. E não se esqueça, dê-se ao respeito;
- Lealdade – ela vai mais a fundo do que a fidelidade, porque envolve princípios, honra e compromisso. Implica entender o outro e respeitá-lo no que é essencial para ele – e pode não ser só em relação à sexo. Às vezes o outro precisa de cumplicidade intelectual, apoio nas coisas do dia a dia, ou simplesmente, carinho;
- Zelo e cuidado – seja afetuoso, demonstre interesse e afeição, se dedique, esteja disponível, se empenhe;
- Parceria – trabalhem em equipe, em todos os aspectos do casamento. Aqui não existe papel fixo para o gênero porque o objetivo é fazer dar certo;
- Flexibilidade – não é abrir mão do que se quer, pensa ou acha justo, é uma negociação entre as partes, para se chegar a um acordo;
- Empatia – se coloque no lugar do outro e tente compreender o comportamento do outro;
- Comunicação – acompanhar redes sociais e os bate-papos virtuais jamais podem ficar à frente do diálogo entre os parceiros;
- Romantismo – casamento não sobrevive à apatia;
- Superação – problemas e crises fazem parte da vida, a questão é como vocês dois juntos os enfrentarão.
Por Carla Motta Araújo
[1] Nortear – transitivo direto e pronominal
fig. guiar(-se) numa dada direção moral, intelectual etc.; orientar(-se), regular(-se).
“a ambição profissional norteia todas as suas iniciativas”
[2] De predominância conservadora, busca estabilidade e valores pessoais. Têm como característica marcante o pé no chão, são muito centrados e conscientes de seus atos. Não costumam brincar com assuntos sérios, não suportam mentiras ou hipocrisia.
A Capivara deu Cria