Casa Vogue revela o lar de Camila Yunes Guarita e Conrado Mesquita, que uniram coleções de diferentes estilos para criar ambientes inspiradores
Ela, art advisor, criadora do projeto Kura e colecionadora de arte contemporânea, e ele, marchand, sócio da galeria Galatea e apaixonado por arte encerrada, conseguiram criar uma casa-galeria que surpreende ao juntar obras e design de tempos distintos com muita harmonia
Mix de obras de arte e peças de designers de estilos distintos convivem em harmonia na casa-galeria de Camila Yunes Guarita e Conrado Mesquita _Foto: Ruy Teixeira
A seção Universo Casa Vogue, da edição de abril da revista Casa Vogue, revela o apartamento modernista de 410 m2 de Camila Yunes Guarita e Conrado Mesquita, dois guardiões das artes que escrevem juntos novos capítulos da cena nacional. Ela, art advisor e criadora do projeto Kura, e ele, marchand e sócio da galeria Galatea, escolheram o endereço em São Paulo, após se casarem no ano passado, para conjugar a vida íntima em prédio erguido em 1973.
Feito casa-galeria, o local abriga e expõe as coleções do casal patrono do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio) e do Museu de Arte de São Paulo (Masp), e é aí que os contrapontos começam a aparecer. Camila, paulistana, herdou dos avós maternos, Ivani e Jorge Yunes, o gosto pelo colecionismo e conduz seu escritório em águas contemporâneas. Conrado, carioca, percorre portfólios históricos, dos anos 1960 a 80, desde que começou a jornada como curador na galeria do pai, Ronie Mesquita, com quem trabalhou por 15 anos, período em que tomou gosto pela arte encerrada – de artistas já falecidos – brasileira e latino-americana. As perspectivas singulares se complementam em uma linha do tempo que convida a um passeio entre épocas e estilos: de Mira Schendel a Carolina Cordeiro.
Camila lembra de quando Walter Benjamin, em análise da pintura Angelus Novus, de Paul Klee, alude a um anjo que voava para o futuro, mas os ventos o levavam a contemplar o passado. “A arte são essas interconexões entre tempos distantes, mas que se conectam. O Conrado trouxe para a minha vida esse resgate do passado e de artistas históricos, como Grauben do Monte Lima, grande pintora do século 20, e ele também ampliou o olhar para nomes mais atuais. Cada vez mais é importante juntar esses tempos”, conta a colecionista, cujo acervo, assim como o de Conrado, não costuma ficar estático em casa. De tempos em tempos, os objetos viajam pelo mundo para exibições em museus e feiras, como a obra Bambu (1966), de Ione Saldanha, que será exposta na Bienal Internacional de Veneza, de 20 de abril a 24 de novembro.
Para além da estética, o significado de cada item e a relação com os artistas fazem parte da equação que define o que fica e o que vai. “Muitas das obras da nossa casa contam histórias sobre nós”, revela Camila, em meio a lembranças de momentos em que a relação entre curador e criador foi além – como a admiração pela obra da artista plástica Wilma Martins, autora da coleção Cotidianos, que viveu no ostracismo por ser casada com um dos maiores críticos de arte do século passado, Frederico Morais, e por Jaider Esbell, multicriativo do povo originário macuxi, com quem Conrado tinha contato próximo até pouco tempo antes de o artista morrer, aos 42 anos, no auge de sua carreira.
A qualidade do mobiliário não fica para trás. Entre itens que já faziam parte do acervo e novas peças, algumas garimpadas em leilão, o lar de Camila e Conrado insere os móveis na narrativa tecida pelo arquiteto Klaus Schmidt, à frente do Kas Arq, com contribuição do designer de interiores Alex Ruas Vaz Wege e paisagismo de Carlos Brioschi. “Quem gosta de quadro gosta de design. Nas casas que visitava para colecionar obras, sempre me chamava a atenção o mobiliário”, diz Conrado, cercado por criações históricas de Sergio Rodrigues, Zanine Caldas e Joaquim Tenreiro, atestando o sucesso de mais um casamento: o da arte com o desenho industrial.
Confira o conteúdo completo da reportagem na edição de Casa Vogue de abril, disponível em versão digital e nas melhores bancas do país.