9ª edição do Festival Arquivo em Cartaz no Rio de Janeiro com debates, mostras, ações educativas e oficinas
Evento realizado pelo Arquivo Nacional é gratuito e plural. Programação é presencial e online, no site da instituição
Começou no Rio de Janeiro, a 9ª edição do Festival Arquivo em Cartaz. O evento tem como tema “Filmes de Arquivo: Memórias de um Brasil Plural” e reúne realizadores, pesquisadores e preservadores de norte a sul do Brasil. O encontro discute o conceito, forma, funções e principais características dos filmes que usam material de arquivo em sua produção. As atividades presenciais e online ocorrem até o dia 18 de novembro.
“Os documentos audiovisuais se atualizaram e continuam a atrair gerações de todas as idades através de sua preservação e difusão. Precisamos garantir sua pluralidade, atualização, acessibilidade e com isso, a permanência e a ampliação da nossa memória”, destaca Diana Santos Souza, diretora de Processamento Técnico, Preservação e Acesso ao Acervo do Arquivo Nacional, na fala de abertura do Festival. “A longevidade desse festival mostra a importância da atuação institucional e dos inúmeros profissionais para a conservação e o não desaparecimento dessa memória plural. A preservação de acervos com a nossa memória ajuda no e para o amadurecimento das ações e das políticas públicas que mantêm e preservam o patrimônio cultural do Brasil”, comemora.
O Festival traz debates, mostras e oficinas, todas elas gratuitas, algumas presenciais (na Sede do Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro, na regional em Brasília, e no Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos – MGI). Outras atividades podem ser acompanhadas por streaming e nas emissoras Canal Educação, Canal GOV e UNBTV. Confira aqui a programação completa.
Uilton Oliveira, curador da 9ª edição do Arquivo em Cartaz, agradeceu aos realizadores das edições anteriores e destacou o fato de que o evento também representar um momento de celebração desse espaço consolidado. “Estamos aqui para tratar da preservação, da utilização de documentos em produções audiovisuais e para lembrar que preservar é uma urgência que reflete ausências, marginalidades e exclusões. Assim podemos pensar na superação dessas condições que ajudará na construção de uma outra sociedade”, analisa.
Outras entidades e instituições de acervo audiovisual que integram a mostra foram homenageadas, entre elas a Cinemateca Brasileira, a Cinemateca do MAM, o Instituto Cultne, a Cinemateca Pernambucana, o projeto Vídeo nas Aldeias, a Fundação Cultural do Estado da Bahia, o Centro Técnico Audiovisual e o Centro AfroCarioca de Cinema.
Sheila Mueller, coordenadora de Documentos Audiovisuais e Cartográficos do Arquivo Nacional, e Gabriela de Sousa Queiroz, diretora da Cinemateca Brasileira, participaram da Mesa de Debate “Política de digitalização: o quê, por quê e como digitalizar”, que contou com a mediação de Mauro Domingues, servidor do Arquivo Nacional. O debate abordou digitalização completa de filmes, a seleção de acervos, e os desafios enfrentados pela rede de entidades da área em seu cotidiano. Discutiu também as formas de se estabelecer uma política conjunta de todas essas entidades, de forma a se observar o pensamento estratégico e ético a serem usados neste caminho.
Durante a tarde, foi apresentada a Mostra Lanterninha Mágica, que busca ampliar as ações educativas do festival e o uso consciente dos dispositivos de gravação de vídeos, incluindo telefones celulares, e as possibilidades da criação de roteiros. A Mostra é resultado de oficinas direcionadas aos alunos do Ensino Médio, entre 15 e 18 anos. Os alunos conheceram o conjunto arquitetônico do Arquivo Nacional, reconhecido como um patrimônio pelo IPHAN, a documentação de arquivo e as noções de cuidados. A visita é para estimular a percepção desses jovens sobre a necessidade de preservação da memória coletiva. Eles discutiram as diferentes linguagens do cinema, da fotografia e do som, os fundamentos da gravação em vídeo, etapas da produção audiovisual, além de práticas de estabilização de câmera e microfonação para celulares, por exemplo. A oficina antes do início do Festival e foi realizada pelo Arquivo Nacional com o apoio da Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro.
Mostra Lanterninha Mágica exibe filmes produzidos por alunos da rede pública de ensino do Rio de Janeiro
Na parte da tarde, foi a vez da segunda edição da Mostra Lanterninha Mágica, que exibe filmes produzidos por alunos da rede pública de ensino do Rio de Janeiro, invadir as telas. Os filmes exibidos foram produzidos de forma coletiva por estudantes de escolas públicas. A preparação das obras ocorreu em oito encontros com a participação de 16 alunos do Colégio Estadual Souza Aguiar e do Colégio Estadual Júlia Kubitschek, mediados pelos instrutores e cineastas Rafael Daguerre, Giuliano Lucas e Hugo Lima e Carla Lopes, e coordenados pelos servidores do Arquivo Nacional Claudia Tebyriçá, Valeria Morse e Uilton Oliveira.
Foram três os filmes curtas metragens exibidos: “Nós também somos mulheres” e “Relembrar é preciso”, dos alunos do Colégio Estadual Souza Aguiar e “Os primeiros brasileiros”, feito pelos alunos do Colégio Estadual Júlia Kubitschek. Os alunos usaram nos curtas documentos do acervo do Arquivo nacional.
Para Valéria Morse, servidora do Arquivo Nacional e uma das coordenadoras do Lanterninha Mágica, a ideia de popularizar o acesso a esse acervo é também a de mostrar aos estudantes do ensino médio a importância de sua preservação e difusão são os pontos fortes da Mostra e das Oficinas. “Difundir nosso acervo e promover a cultura audiovisual entre os jovens é extremamente gratificante e importante”, avalia.
O encerramento da programação do primeiro dia da 9ª edição do Festival fica por conta da exibição do documentário Black Rio! Black Power!, de Emílio Domingos. O filme aborda a influência do movimento Black Rio na cultura, na sociedade e nos processos de luta por justiça racial no Rio de Janeiro e no Brasil entre as décadas de 1970 e 1980.