“Anoiteceu
Outra vez vou sair
Andar por andar sem nada a esperar
Sem ter pra onde ir
Vou caminhar por aí a cantar
Tentando acalmar as tristezas por onde eu passar”
Foi inspirado na música do mestre João Nogueira, que este paladino saiu de casa sem rumo, à noite, buscando mais um bar diferenciado na nossa cidade.
A minha sorte começou antes mesmo de encontrar o bar, foi na escolha do meio de transporte, o táxi do samba. Já vou explicar.
Ia pedir um uber, mas sem saber o meu destino, o aplicativo não me servia. Então fui para a rua, pegar um táxi, e assim que fiz sinal, o meu destino estava selado naquela noite, um Classic parou quase que automaticamente na minha frente e escutei aquela voz anasalada me chamando: – Meu camarada, vai entrar no carro ou está fazendo curso para árvore, parado aí.
Apresento a todos o Seu Belarmino. Melhor, vou deixar que ele mesmo se apresente: – Meu camarada, meu nome é Belarmino Siqueira Dias, marido, pai e avó, sou motorista de praça desde 1943, além de ser um pesquisador do maior bem cultural do mundo, o samba. Michael, meu neto, colocou nesse negócio de plástico (o pendrive) todos os meus 539 Long Plays de samba. Curte um samba canção? Vamos para aonde?
Me senti estranhamente em boas mãos, contei o meu drama para o motorista, pedi uma sugestão de bar e o seu Belarmino, com toda segurança, afirmou: Meu camarada, seu lugar é na rua do Ouvidor, na Toca do Baiacú
“Que à noite a cidade é mais caprichosa
A rua com a lua é bem mais formosa
O bar doce lar dos boêmios
Aonde os amores são gêmeos
Refúgio de quem quer viver na noite”
Fomos os três para o centro da cidade, Seu Belarmino no volante, eu no carona e João Nogueira no som.
O Centro é lindo à noite, seus prédios, suas luzes, suas sombras. Desci próximo ao Menezes Cortes e fui andando pelo Paço Imperial até chegar no Arco do Teles e me maravilhar com o mar de mesas lotadas que iam da Avenida Primeiro de Março até a praça da Bolsa de Valores, transformando a Rua do Ouvidor em um grande bar ao céu aberto, tendo como o maior destaque o Toca do Baiacú.
Consegui um lugar na parte interna do bar, pedi uma cerveja bem gelada, ao João, grande garçom, e fui me divertir.
Um autêntico bar raiz, em que o bate papo é o principal chamariz, a cerveja é barata e bem gelada (sem espaço para cerveja Gourmet), a comida é saborosa (o sanduíche de Pernil é de outro mundo) e o tempo parece correr mais devagar, dando a oportunidade para que a felicidade e a alegria fiquem mais tempo ao seu lado.
Dei a sorte de me sentar próximo ao dono do bar, o Marquinhos Targino, tricolor doente, uma figura rara, um excelente papo.
Reza a lenda que ele e o Rodrigo Ferrari, dono da Livraria Folha Seca, que fica ao lado do bar, são os responsáveis pela revitalização cultural da Rua do Ouvidor.
Já me deram o bizu que rola uma feijoada fenomenal aos sábados, fora uma roda de samba espetacular que rola ocasionalmente aos domingos.
Pedi mais uma cerveja gelada acompanhada de uma porção de queijo provolone e agradeci a Deus por ter colocado o Seu Belarmino no meu caminho, esse motorista sabe das coisas.
Quando vi, já tinha dado a minha hora, paguei rapidamente a minha conta, me despedi de todos e corri para um táxi.
Voltei para casa cantarolando João Nogueira e lembrando do meu camarada de voz anasalada.
E assim, mais uma noite do paladino chegou ao fim.
“Por onde andará Maria Rita
Que andava gingando com laço de fita
Por quem tenho grande admiração
É que eu preciso saber onde anda essa pequena
Dos olhos redondos, da pele morena
Que é para acalmar meu coração”
APROVADO
Bar Toca do Baiacú
Rua Ouvidor, 41 – Centro – Rio de Janeiro
Facebook – https://www.facebook.com/pages/Toca-do-Baiac%C3%BA/215628705131641
Marcelo Soido Paz
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@acapivaradeucria
www.acapivaradeucria.com.br
Telefone: (21) 2509-6520
Horário:
quarta-feira 12:00–22:00
quinta-feira 12:00–22:00
sexta-feira 12:00–22:00
sábado 12:00–22:00
domingo 12:00–18:00
segunda-feira 12:00–22:00
terça-feira 12:00–22:00