Musica Brasilis leva a São Paulo quatro espetáculos com repertórios de D. Pedro I e compositores de sua época, de 26 de novembro a 4 de dezembro
Para encerrar o ano das comemorações dos 200 anos da Independência do Brasil, espetáculos comentados celebram a criação musical deste período histórico. Autor do Hino da Independência, entre outras obras, D. Pedro I utilizou o talento musical para promover o Brasil como Nação.
A turnê ‘A Música da Independência’, realizada pelo Musica Brasilis, – a mais importante instituição de resgate e disseminação de partituras musicais de compositores brasileiros – sucesso de público no Rio de Janeiro, chega a São Paulo para quatro apresentações no Museu do Ipiranga, entre os dias 26 de novembro e 4 de dezembro.
Os eventos têm entrada gratuita e contam com o patrocínio da EMS, maior laboratório farmacêutico no Brasil.
Será a ocasião de apreciar uma obra rara de D. Pedro I, apresentada pela primeira vez em tempos modernos: a Missa e Adjuva nos Domine, manuscrito localizado nos Açores pelo musicólogo David Cranmer. A partitura manuscrita integra um volume encadernado em que consta também a Missa dedicada por D. Pedro I ao Papa Leão XII, eleito em 1823.
“Diferente do estilo exuberante dos hinos e de outras obras religiosas, para coro e grande orquestra, que D. Pedro compôs quase sempre para ocasiões de relevo político ou dinástico, a Missa e Adjuva nos Domine foi concebida para um contexto íntimo e contido, para a Quarta-feira de Cinzas, o primeiro dia da estação penitencial da Quaresma. Destinada a quatro vozes ‘a capella’, D. Pedro emprega o chamado ‘stile antico’, ou seja, inspirado pela música do Renascimento e pelos tonos gregorianos dos salmos, o estilo apropriado para a ocasião a que se destina”, comenta o musicólogo David Cranmer, responsável pela descoberta da obra.
“Todas as obras de D. Pedro I foram resgatadas e editadas pelo Musica Brasilis e estão disponíveis no portal. Orquestras e músicos do Brasil e do mundo têm utilizado as partituras para apresentar esses repertórios neste ano de celebração. O álbum dedicado às obras de D. Pedro I e, gravado pela Orquestra Filarmônica de Minas Gerais com as partituras do Musica Brasilis, foi aplaudido pela Revista Gramophone”, revela Rosana Lanzelotte, musicista, criadora do portal Musica Brasilis e idealizadora da iniciativa.
Os espetáculos serão apresentados por Rosana Lanzelotte (pianoforte), também responsável pela curadoria. Participam do espetáculo ainda Marília Vargas (soprano), Ricardo Kanji (flautas), Guilherme de Camargo (guitarras), Ivy Szot (mezzo-soprano), Willian Manoel (tenor) e Cláudio Marques (Barítono). As quatro apresentações no Museu do Ipiranga serão gratuitas e abertas ao público.
Para Josemara Tsuruoka, gerente de Marketing Institucional da EMS, os espetáculos são oportunidades imperdíveis para o público conhecer a cultura produzida no Brasil Imperial e marca, em grande estilo, o desfecho das comemorações do Bicentenário da Independência. “Para nós da EMS, que fomos um dos principais patrocinadores do projeto de restauro e revitalização do Museu do Ipiranga, é uma alegria ver o monumento aberto novamente e recheado de programações artísticas que – além de entretenimento – oferecem conhecimento histórico. Temos orgulho da parceria e de nossa trajetória de levar acesso à cultura como forma de proporcionar bem-estar à população”, acrescenta a executiva.
O público terá acesso a 4 podcasts em vídeos, com a participação de Rosana Lanzelotte e Alberto Pacheco, pesquisadores da obra de D. Pedro I compositor. Os podcasts estão disponíveis através do Spotify e canal Youtube.com/musicabrasilis.
Este projeto foi viabilizado por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura e, conta com a realização do Museu do Ipiranga, Secretaria Especial da Cultura, do Ministério do Turismo e do Governo Federal.
Programa:
J. M Nunes Garcia (1767 – 1830)
Laudamus Te – da Missa N. Srª da Conceição (1810)
Lição 5ª (do compêndio de Música e Método para Pianoforte, 1821)
Beijo a mão que me condena (s.d.)
Anônimo (anotado por Spix e Von Martius entre 1817 e 1820) – Landum
Marcos Portugal (1762-1830) – Você trata amor em brinco
Marcos Portugal (1762-1830) e Tomás Antonio Gonzaga (1744-1810)
Se o vasto mar se encapela
Os Mares minha bela
Sigismund Neukomm (1778 – 1858) – Sonata para flauta e pianoforte (Rio de Janeiro, 1819)
Allegro ma non tropo – Allegro alla turca
D. Pedro I (1798 – 1834)
Missa et Adjuva nos Domine – estreia moderna
Marcha Imperial
Hino Constitucional (1821)
Hino da Independência (1822)
Músicos:
Rosana Lanzelotte (pianoforte e concepção)
Marília Vargas (soprano)
Ricardo Kanji (flautas)
Guilherme de Camargo (guitarras)
Ivy Szot (mezzo-soprano)
Willian Manoel (tenor)
Cláudio Marques (Barítono)
Sobre o programa
A historiografia sobre D. Pedro é abundante, porém são raras as referências sobre suas atividades musicais, embora alguns autores mencionem ter sido ele um exímio instrumentista e cantor, herdeiro de uma família – os Bragança – apreciadora da música sobre todas as demais Artes.
Os hinos estão entre as obras mais conhecidas de D. Pedro. Em tempos de plena vigência do absolutismo, reanimado em cortes europeias pela derrota napoleônica, o Príncipe D. Pedro afirmou seu espírito liberal oferecendo à nação portuguesa o hino em homenagem à sua primeira Constituição, de 1821. O Hino Constitucional, igualmente conhecido como o Hino da Carta, cujo texto é também de sua lavra, foi adotado como o Hino Nacional de Portugal desde 1834 até a proclamação da República, em 1910. Impresso e distribuído pelas principais editoras europeias, é certamente a obra de D. Pedro I mais tocada. Todavia, o hino de maior relevo é o Hino da Independência do Brasil, até hoje um dos símbolos do país. De autoria de D. Pedro, além destes dois hinos, será apresentada a estreia moderna da Missa et Adjuva nos Domine, cujo manuscrito foi recentemente localizado na Igreja da Angra da Sé (Açores, PT).
Desde os tempos lisboetas, D. Pedro teve como mestre Marcos Portugal (1762 – 1830).Um dos maiores compositores de óperas daquele período, chegou ao Brasil em 1811 e aqui permaneceu até falecer em 1830. Entre obras escritas para a igreja e para as aulas de D. Pedro e irmãs, foi também o autor das melodias do cancioneiro das Marílias, cujos poemas são de autoria do Inconfidente Tomás Antonio Gonzaga (1744-1810).
D. Pedro foi ainda discípulo do compositor austríaco Sigismund Neukomm (1778 – 1858), cuja estadia no Rio de Janeiro estendeu-se de 1816 a 1821. Encontra-se no catálogo deste compositor a menção às primeiras composições de D. Pedro: as valsas que teria escrito em novembro de 1816, quando já noivo de D. Leopoldina, e que estão perdidas. Deve-se a Neukomm a introdução do estilo clássico vienense no Brasil, a escrita das primeiras sonatas e sinfonias. Foi também o primeiro a mesclar os gêneros clássico e popular, ao se inspirar em modinhas e lundus.
O Lundu recolhido pelos naturalistas Spix e Von Martius é um exemplo da música praticada pelos autóctones habitantes do interior do Brasil. A síncope característica desse gênero, de inspiração africana, se tornou a marca registrada de gêneros tipicamente brasileiros, como o choro e o samba.
D. Pedro conviveu no Brasil com José Maurício Nunes Garcia (1767 – 1830), considerado o mais importante compositor brasileiro daquele período. Foi designado por D. João como mestre da Capela Real, posição que ocupou até o fim de seus dias. Deixou obras primas destinadas à Igreja, como a Missa N. Srª da Conceição, e também o primeiro Método para Pianoforte, de que faz parte a peça apresentada neste programa.
Sobre o Bicentenário da Independência do Brasil
As comemorações em torno dos 200 anos da Independência incluem o resgate da criação musical no Brasil da época e trazem à tona a memória do Imperador D. Pedro I como compositor. Muito lembrado como autor do Hino da Independência, popular até os dias de hoje, a obra musical de D. Pedro é vasta, variada e pouco conhecida do público em geral. Durante o período da Independência, pela primeira vez no Brasil, foram compostas obras sinfônicas e de câmara. A turnê “A Música da Independência” inclui obras de D. Pedro e dos principais compositores do período – José Maurício Nunes Garcia (1768 – 1830), Marcos Portugal (1762 – 1830) e Sigismund Neukomm (1778 – 1858), professor de música de D. Pedro e de D. Leopoldina. Nessa época, e por meio da liderança política de D. Pedro I, a música teve participação decisiva no processo de construção do Brasil.
Sobre o Musica Brasilis
O Instituto Musica Brasilis é hoje uma das mais importantes instituições de resgate e disseminação de repertórios de compositores brasileiros. Entre as 2.000 partituras disponíveis no portal musicabrasilis.org.br estão todas as obras conhecidas de D. Pedro I e outros compositores do período da Independência, como José Maurício Nunes Garcia e Marcos Portugal.
O projeto em curso – Acervo Digital de Partituras Brasileiras – pretende, ao longo dos próximos três anos, quadruplicar o atual acervo oferecido pelo portal Musica Brasilis, canal de acesso a uma das maiores coleções de partituras gratuitas de música brasileira. Totalmente bilíngue e acessível a portadores de necessidades especiais, o portal é consultado mensalmente por cerca de 50.000 usuários de todo o mundo.
Serviço:
‘A Música da Independência’
Local: Museu do Ipiranga – Rua dos Patriotas, 20 – Vila Monumento – São Paulo
Dias e Horários:
Dia 26 de novembro, sábado, às 16h
Dia 27 de novembro, domingo, às 16h
Dia 3 de dezembro, sábado, às 16h
Dia 4 de dezembro, domingo, às 16h
Capacidade: 204 lugares + 4 lugares para cadeirantes
Duração do Espetáculo: 50 minutos
Classificação indicativa: Livre
Acessibilidade: todos os espetáculos contarão com intérprete de libras
Ingressos: Entrada gratuita – a retirada dos ingressos será na bilheteria do Museu do Ipiranga, a partir das 15h (uma hora antes de cada apresentação)