UM DOS MAIORES REPRESENTANTES DA MÚSICA, CULTURA, E LÍNGUA PORTUGUESAS ALÉM-FRONTEIRAS
O show de António Zambujo, que aconteceria no dia 6 de dezembro no Vivo Rio, acontecerá hoje.
Nascido em Beja, Alentejo, em 19 de Setembro de 1975, atravessou uma auspiciosa e sólida infância musical – começou a estudar clarinete com apenas oito anos – e uma adolescência muito dedicada a este ofício, que se mudou para Lisboa. Lá, dividiu o tempo pela experiência diária do fado e pela investida em musicais, imediatamente dando os primeiros passos que o fariam chegar ao lugar onde hoje se encontra. Lançou seu primeiro disco em 2002 e começou uma impressionante série de prêmios e outras distinções, com destaque para a comenda da Ordem do Infante D. Henrique, que lhe foi entregue em 2015 pelo Presidente da República de Portugal.
Vai-se evidenciando a sua tendência, natural e não estratégica, para não escolher uma “via única” (nem rápida) nas suas abordagens musicais: Se regista em disco o convite a um grupo (Angelite) de Vozes Búlgaras, nunca disfarça uma pulsão pela música do Brasil. Sua voz recebe elogios de Caetano Veloso: “Quero ouvir mais, mais vezes, mais fundo (…) É de arrepiar e fazer chorar”.
Com as edições internacionais dos seus álbuns, vai marcando pontos no riquíssimo e infinito universo da world music, mas nunca se afasta verdadeiramente do planeta Portugal, em que – como vimos – não estabelece nem pratica distinções acadêmicas de gênero. O carinho do público e o reconhecimento da crítica vão crescendo, sem pressas mas com a cadência desejada pelo próprio cantor, que se desdobra em concertos e festivais, em Portugal e pelo mundo, com destaque para o Brasil, mas em destinos tão aparentemente improváveis como Dinamarca, Noruega, Azerbeijão, Israel ou Bulgária. Esta internacionalização justifica outros sabores para a rica “ementa” de Zambujo – e aí fica, como paradigma, a nomeação do disco “Até Pensei Que Fosse Minha” para o Grammy Latino, em 2017, na categoria de Melhor Disco de MPB.
O cancioneiro multifacetado, estimulante e tão tranquilo na forma como inquieto no conteúdo de António Zambujo ganha um novo capítulo. Seguindo à risca as pulsões de um intérprete e autor que, a cada etapa, se tem valorizado – talvez por não se deixar prender demais a raízes óbvias mas limitadoras do talento e da vontade, e procurar, ao invés, dar sempre frutos sumarentos e de travo inesperado. Seu oitavo disco de estúdio, sabendo que o oito é o número da sorte para os chineses, fica claro que, neste particular, a “sorte grande” ganha contornos muito mais globais, porque nos toca a todos. Mais: numa época em que aprendemos a estimar e defender os nossos direitos, ganhamos outro objetivo – lutar pelo nosso direito ao (Do)Avesso
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