Um convite à reflexão sobre liberdade, os condicionamentos e comportamentos humanos.
Essa é a proposta de “Alfaiate de Asas”, exposição individual e inédita de Claudio Partes que acontece no Centro Cultural Correios, no Rio de Janeiro, até o dia 05/11.
Com curadoria de Marcelo Lago, a mostra apresenta uma gama variada de obras que passam por assemblage e impressões.
A entrada é gratuita.
A dualidade guia a exposição, que reúne o universo dos “seres alfaiates”, perpassando nascimento, vida e morte.
De um lado, objetos cotidianos nos conectam ao mundo e à realidade, indo do uso de fuligem e pedras a prata e ouro; de outro, asas que nos conduzem a uma dimensão de realismo fantástico onde moram os sonhos e magia que permitem ultrapassar limites.
A mostra permite que o visitante reelabore e reflita, a partir dos “objetos-seres”, o próprio condicionamento do “ser-humano-objeto”: uma metáfora visual que busca provocar, resgatar o lado criativo, sensível e livre.
Por meio dos trabalhos, o “Alfaiate de Asas” costura novos voos, usando como ponto de partida o que nos afeta e nos toca.
O projeto, com classificação livre, apresenta mediação com enfoques diferentes a partir do público, buscando contemplar adultos, crianças e pessoas com deficiências, contando com a presença de profissional de libras (ver datas específicas na programação).
Tudo para que, em contato com os objetos-seres que habitam este universo, provoque uma quebra de rotina em busca do pensamento poético e de voos impossíveis, em um convite a repensar caminhos e relações com o mundo.
“Quando Claudio Partes nos apresenta paralelepípedos e chaves com ‘asas’ que lembram insetos, nos faz refletir nos limites entre o ‘organicamente’ sugerido e o ‘cientificamente’ organizado.
Utiliza um procedimento já conhecido das artes plásticas que vemos nas colagens de Picasso e Braque, onde elementos do real ingressam sem artifícios no mundo artístico, e os ready-made de Duchamp, que possibilitam que qualquer objeto comum, após ser apropriado por um artista, seja postulado como obra de arte. Partes não só se apropria de objetos, mas os ressignifica, agregando novos valores estéticos e poéticos, revelando um universo de leveza e fantasia. Ele nos fala do ciclo da vida, cria todo um ‘ecossistema’ extraordinário, onde objetos simples adquirem vida e história”, reflete o curador Marcelo Lago.
Claudio Partes pensou “Alfaiate de Asas” como uma contraproposta ao imediatismo dos tempos atuais, oferecendo um olhar mais profundo e sem pressa. Ao contrário dos grandes formatos, que exigem distanciamento físico do observador, o artista busca a proximidade. “Alfaiate de Asas não fala ou grita sobre as dores do mundo, mas sim convida a ouvirmos o silêncio, olharmos para as as diferenças do ‘invisível’ e que num ciclo natural da vida extingue-se, deixando apenas as lembranças e representações”, explica Partes, que desenvolveu o conceito da exposição a partir de um poema escrito por Tathiana Treuffar.
A mostra segue aberta a visitação no Centro Cultural Correios, no Centro do Rio de Janeiro, de terça a domingo, das 12h às 19h, até 05 de novembro de 2019, com entrada gratuita.
Sobre Claudio Partes
Artista visual, fotógrafo e designer há mais de 25 anos, Claudio Partes realiza com “Alfaiate de Asas” a sua terceira mostra individual no Rio de Janeiro. Seu trabalho tem a imagem como grande
norteadora e busca explorar ao máximo as possibilidades e meios para expandir a expressão e experiência.
Formado em Artes Gráficas (CFP-Senai, 1991), Claudio se especializou com cursos de extensão em Artes e Ofícios da Imagem (Museu Imperial) e de Educação em Escolas de Período Integral (UERJ), além de cursos livres diversos, com foco em desenho, pintura, arquitetura, cenografia e fotografia.
A formação do artista também se deu por meio de referências ecléticas. “Destaco Miró, que na adolescência me fascinou muito pela cores primárias e aparente simplicidade; Raymond Lowey, que me conduziu ao design; e nomes como Aloisio Magalhães, Wladimir Dias-Pino e Gringo Cárdia, além de estudos e obras inquietantes, provocativas e estimulantes de autores como Nietzsche, Jung e Bauman”, revela.
A leveza e a busca pelo essencial são algumas das características mais marcantes de seu trabalho, como um todo. Em alguns momentos, essas imagens assumem ares tênues, em uma aproximação do sentimental e espiritual, em contraposição ao material. O objetivo é sempre o de sensibilizar e evocar sentimentos. Esses são aspectos existentes em obras fotográficas como “3×4” (2008) e “Sútil” (2009) e em objetos como “Brasil” (2014) e o “Alfaiate de Asas”, entre outros.
Além dos trabalhos individuais, vistos em exposições como “Fragmentos” (Centro de Cultura Raul de Leoni, Petrópolis, 2012), “Ensaio BioGráfico” (Centro Cultural FASE – FMP, Petrópolis, 2013)
e “Arqueologia Contemporânea” (Centro Cultural FASE – FMP, Petrópolis, 2016), Claudio traz no currículo coletivas, como a Semana de Arte de Portinari (Brodowski – São Paulo, 1991), “Espaço Vazio” (Mac, Niterói, 2007), “Arte Garagem” (Petrópolis, 2009 e 2014) e “6 Descem a Serra” (Centro Cultural Light, Rio de Janeiro, 2014). Em 2018, assinou a curadoria da exposição coletiva “Novos Olhares” (Sesc Quitandinha, Petrópolis).
Serviço
Exposição “Alfaiate de Asas” – Claudio Partes
Data: de 26/09 a 05/11/2019
Horário de visitação: de terça a domingo, das 12h às 19h;
Local: Centro Cultural Correios
Endereço: Rua Visconde de Itaboraí, 20 – Centro – Corredor Cultural – Rio de Janeiro/RJ
Tel: (21) 2253-1580
Entrada: Gratuita
Classificação: Livre
Produção: Viramundo
Apoio: BM Produções e Centro Cultural Correios