Olá seguidores capivarísticos do nosso Cinema Capivara, sejam bem vindos novamente.
Decidimos ousar logo na segunda resenha da coluna, e já falar de séries – da gigante Netflix.
Não é uma série qualquer, foi uma que chamou a atenção de milhares de brasileiros antes mesmo do seu lançamento, considerada assim a versão seriada da história da Operação Lava-Jato, uma complexa força-tarefa federal que se estende até os dias presentes (e na mídia então, virou matéria ganha!). Assim é “O Mecanismo”
Vale abrir o jogo com vocês que, desde que vi o anúncio da série, procurei algumas críticas e resenhas de vários sites e plataformas muito famosos no meio, e o que vi era de se esperar: argumentos (mesmo técnicos) divididos, e isso sem falar das opiniões que, sem querer ou não, se debruçam no lado moral e ético da narrativa e da produção.
Bem, buscando minha imparcialidade sobre o assunto – se é que nós brasileiros temos imparcialidade estando no meio disso tudo – digo logo que fui seduzido pela ideia central da série, conduzida pelo ator Selton Mello desde o 1º episódio, que o personagem antagonista seria ‘um câncer’, assim como todo o esquema da corrupção generalizada no Brasil – algo que já foi partidário e político um dia, e se alastrou de tal forma que não temos dimensão do verdadeiro ‘marco zero’ e até onde isso vai parar.
Nisso a série não mente: desde um prestador de serviços comuns que aparece nos episódios seguintes até a figura central do doleiro Ibrahim (alusão ao Alberto Youssef), a corrupção e o superfaturamento estão às caras, apesar de muitas vezes não escaparmos do famoso ‘jeitinho brasileiro’ que tudo arma e organiza.
Pra ilustrar bem, a série acerta em certas metáforas, como a do esgoto transbordando na frente da casa do personagem Ruffo – a famosa ‘merda que transborda’.
Confesso que, embora simpatize com a narrativa estilo voice-over (com as vozes narrando os fatos, e conduzindo a trama), o estilo marcado do diretor José Padilha e dos roteiristas que o acompanham desde a estréia do longa Tropa de Elite e da série Narcos, não inovou desde então e não atribui muita coisa aos fatos em paralelo – acaba sendo um pouco excessivo em alguns momentos, mas não tem jeito: creio que seja uma escolha de acolhimento do público mesmo, por parte da equipe, e é uma manobra fácil de envolver-se, simples assim: atinge um patamar mediano de linguagem audiovisual.
Destaque para as atuações dos principais do elenco – o brilhante e ‘cafajeste’ ator Enrique Diaz (que interpreta Ibrahim), Caroline Abras (como a delegada Verena, que conduz muito bem o seu núcleo investigativo e seus desdobramentos emocionais) e em seguida Selton Mello, numa atuação que brilha em certos momentos, mesmo com alguns vícios do ator.
O Mecanismo, em sua primeira temporada, tem suas qualidades técnicas (inclusive a guia experiente de Padilha), e teme por não se deixar levar por um maniqueísmo fácil nem tampouco um partidarismo no enredo.
Vale a pena ser vista – e revista, enquanto aguardamos a nova fase da Operação, digo digo, da série!
Por Rodrigo
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