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Um roteiro com os melhores bares cariocas para se deliciar com pratos e quitutes feitos com o peixe
Ora Pois Pois, do bar Velho Adônis: bolinho de Bacalhau da Noruega com ovo frito
e torresmo de pele de Bacalhau (Fábio Rossi/Divulgação)
Toda semana, João Paulo Campos compra 250 quilos de Bacalhau da Noruega. Em um ano, são quase 13 toneladas de peixe salgado e seco – o volume dobra em dezembro.
Esse bacalhau todo é transformado em bolinhos e outros petiscos no Velho Adônis, botequim de João Paulo em Benfica, na zona norte do Rio de Janeiro.
O Rio, com mais de 6 mil bares –quase um para cada mil habitantes– é a capital brasileira do bolinho de bacalhau. Mas nem só de bolinho vive a botecagem carioca: lá, o Bacalhau da Noruega é usado numa infinidade de pratos, salgados e tira-gostos.
No próprio Velho Adônis, um dos carros-chefes da casa e chama Ora Pois Pois Bacalhau. Trata-se de um disco de bacalhau desfiado com batata e temperos, frito, que recebe a cobertura de um ovo e farelos de torresmo de bacalhau.
Sim, torresmo de bacalhau.
A pele do peixe, frita até ficar crocante, também pode ser pedida como petisco no Adônis. “A gente arranca a pele do peixe que vai ser desfiado, antes de dessalgar”, conta João Paulo. “Depois é só lavar bem, para tirar o excesso de sal, e fritar.”
No bar Dom Pedro, ali perto, lascas gordas de Gadus morhua se transformam em pataniscas de bacalhau – uma variação dos bolinhos, mas sem batata amassada e moldada como um disco.
Benfica é onde o bacalhau reina absoluto no Rio. Isso porque cariocas de todos os cantos vão ao bairro para comprar e comer Bacalhau da Noruega no Cadeg –mercado municipal do Rio de Janeiro.
O Cadeg é uma amostra de que bacalhau, para os cariocas, é um alimento do dia a dia. Em qualquer época do ano, seus corredores são tomados por clientes de dezenas de empórios, bares e restaurantes.
Lá é sempre possível comprar belas peças de Gadus morhua, de Saithe, Ling e Zarbo – os três últimos, peixes da família do bacalhau que também são salgados e secos na Noruega, com emprego semelhante na culinária.
No Azeites Serrano de Mirandela, um dos muitos revendedores de bacalhau do mercado, uma estufa mantém aquecidos bolinhos redondos e miúdos, para o cliente provar lá mesmo o peixe que vai levar. Do outro lado da Avenida Central (como é chamado o corredor principal do Cadeg), o restaurante Espetáculo também exibe uma estufa de bolinhos – ali moldados em globos um pouco maiores, do tamanho de bolas de golfe.
Um dos pontos mais tradicionais do Cadeg é o bar e restaurante Cantinho das Concertinas, que funciona desde 1992. Lá, além dos bolinhos – anunciados como os melhores do Rio de Janeiro – o bacalhau está no cremoso recheio dos pastéis.
Bolinho de moqueca recheado com bacalhau, do Bar da Peixaria Divina Providência, campeão nacional do concurso Comida di Buteco em 2024 (Fernando Salles/Divulgação)
O melhor petisco do Brasil – este, eleito pelo voto de clientes e jurados do concurso Comida di Buteco em 2024 – está no Irajá, subúrbio carioca, onde fica o Bar da Peixaria Divina Providência. Manu Ornelas, sócia e criadora do quitute, inventou um bolinho em que a massa leva creme de moqueca, com recheio de bacalhau e molho de azeitona preta à parte.
Igualmente criativo é o quitute inventado por Toninho Laffargue, do Bar do Momo, na Tijuca, zona norte: o bolovo de bacalhau. “A inspiração veio Greg, do Guarita”, diz o chef e empresário. Greg, no caso, é Greigor Caisley, chef australiano radicado em São Paulo, um dos responsáveis pela popularização do bolovo nos bares brasileiros.
Toninho trocou os componentes habituais do bolovo –massa de coxinha e carne moída– por massa de bolinho de bacalhau. Com bacalhau e batata envolvem um ovo cozido de gema cremosa, o petisco é um dos maiores sucessos do cardápio do bar.
Da Tijuca para Copacabana, na orla da zona sul, a Adega Pérola é um dos melhores endereços no Rio para comer pratos e beliscos à base de peixes. O bacalhau aparece em um punhado de receitas, como o arroz de bacalhau e o escabeche vendido por peso, exposto na impressionante vitrine de acepipes frios.
Da mesma vitrine vêm as caravelas de bacalhau: o peixe, conservado em azeite, é acompanhado de batatas, cebola roxa e feijão fradinho.
Da cozinha, saem bolinhos de bacalhau quentinhos, fritos na hora, dos melhores que há na cidade. Porque num boteco que se preze não pode faltar bolinho de bacalhau. Nisso o Rio nunca falha.
ENDEREÇOS:
Velho Adônis
Rua São Luiz Gonzaga, 2156, Benfica
Dom Pedro
Rua Francisco Manoel, 31, Benfica
Cantinho das Concertinas
Cadeg: rua Capitão Félix, 110, rua 16, loja 11, Benfica
Bar da Peixaria Divina Providência
Avenida Monsenhor Félix, 565, Irajá
Bar do Momo
Rua Espírito Santo Cardoso, 50, Tijuca
Adega Pérola
Rua Siqueira Campos, 138ª, Copacabana
Sobre o Conselho Norueguês da Pesca
O Conselho Norueguês da Pesca (CNP) trabalha com as indústrias norueguesas de pesca e aquicultura para desenvolver mercados para pescados e frutos do mar noruegueses por meio de inteligência de mercado local, desenvolvimento de mercado e gerenciamento de risco de reputação.
O CNP tem sede em Tromsø e mantém representantes locais em 12 dos mais importantes mercados internacionais para a Noruega. A indústria norueguesa de pescados e frutos do mar financia as atividades do Conselho Norueguês da Pesca por meio de uma tarifa sobre todas as exportações norueguesas de pescados e frutos do mar.
O Conselho Norueguês da Pesca é uma empresa pública pertencente ao Ministério do Comércio, Indústria e Pescas
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