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Médico alerta sobre os riscos e orienta sobre consumo de bebidas alcoólicas, especialmente em épocas de festividades
Um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgado em novembro mostra que o consumo de álcool causa, em média, 12 mortes por hora no país, foram consideradas as estimativas de mortes atribuídas ao álcool pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Os números totais são de 104,8 mil mortes em 2019 no Brasil. Homens representaram 86% das mortes: quase a metade relacionam o consumo de álcool com doenças cardiovasculares, acidentes e violência. Mulheres são 14% das mortes: em mais de 60% dos casos, o álcool provocou doenças cardiovasculares e diferentes tipos de câncer.
Em fevereiro temos duas datas para chamar atenção para essa questão: 18 é o Dia Nacional de Combate ao Alcoolismo e 20 é o Dia Nacional de Combate às Drogas e Alcoolismo. O hepatologista Rafael Ximenes, que atende no centro clínico do Órion Complex, em Goiânia, alerta sobre os problemas que as bebidas alcoólicas causam para as pessoas. ‘‘São diversos, a começar dos riscos sociais, como questões familiares, no trabalho e envolvimento em acidentes e situações de violência’’.
O especialista lista também os pontos relacionados à saúde. ‘‘O álcool afeta todo o organismo, aumentando o risco de cirrose, pancreatite, alterações neurológicas (como demência e neuropatia periférica), cardíacas (como insuficiência cardíaca e arritmias) e diversos tipos de cânceres. Por ser muito calórico, favorece ainda o sobrepeso, a obesidade e a desnutrição naquelas pessoas que ingerem grande parte de suas calorias vindo de bebidas alcoólicas, deixando assim de lado fontes importantes de nutrientes e vitaminas’’.
Droga legalizada
Rafael Ximenes destaca que por ser uma droga legalizada não costuma ser encarada como um problema. ‘‘Ela é socialmente bem aceita, é mais difícil para as pessoas reconhecerem os malefícios que o álcool pode trazer. O fato de olhar ao redor e ver que várias pessoas do seu convívio também ingerem bebidas alcoólicas, faz com que muitos normalizem o consumo de grandes quantidades e não reconheçam que fazem uso abusivo’’.
De acordo com o médico, começar o consumo ainda na adolescência pode causar problemas tanto a curto quanto a longo prazo. ‘‘Quanto mais cedo a pessoa começa a beber, maior o risco de dependência e de uso abusivo do álcool. Além disso, a exposição por mais tempo ao álcool aumenta o risco de que no futuro estes adolescentes desenvolvam problemas de saúde mais graves. No curto prazo, há maior risco de envolvimento em acidentes, situações de violência e comportamento sexual de risco’’.
Consumo
A Organização Mundial de Saúde (OMS) determina que não existem limites seguros para o consumo de álcool. ‘‘A maioria das doenças relacionadas ao álcool tem uma relação de dose dependência, ou seja, quanto mais a pessoa bebe, maior o risco. Como uma referência, o consumo de até sete doses por semana, não mais de quatro doses em uma mesma ocasião, é considerado de baixo risco (sendo uma dose aproximadamente uma lata ou long neck de cerveja, uma taça de vinho de 125mL ou 40mL de destilados). Esta orientação não vale para pessoas que já têm alguma doença relacionada ao álcool, como cirrose por exemplo’’, detalha.
Segundo Rafael Ximenes é preciso ficar atento ao cotidiano para analisar se alguém pode estar se tornando um alcoólatra. ‘‘Existem alguns sinais de alerta, como beber diariamente ou quase diariamente, ter dificuldades em parar de beber depois de começar, deixar de cumprir tarefas e obrigações por ter bebido, sentimentos de culpa ou remorso depois de ter bebido e ouvir de familiares, amigos ou profissionais de saúde que deveria parar de beber’’.
Em festividades como o carnaval muitas pessoas querem aproveitar para beber muito, contudo o hepatologista dá dicas para não passar do limite e poder aproveitar os dias de folga. ‘‘É possível e desejável aproveitar sem exageros. Beber devagar, limitando a quantidade total de bebidas alcoólicas ingeridas, alimentar-se enquanto bebe e hidratar-se bem são medidas que podem ajudar’’, elenca.
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