Encontro de múltiplas linguagens artísticas do Instituto Moreira Salles acontece dia 18 de janeiro no MUHCAB, pela primeira vez fora da sede, de forma gratuita
O corpo como um lugar de memória e a festa como produção de vida! É assim que o Instituto Moreira Salles anuncia a quinta edição do Escuta Festival, que acontece no dia 18 de janeiro (sábado), no Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira (MUHCAB). Uma celebração à multilinguagem da arte, esta é a primeira edição que acontece fora do IMS. Na programação, oficinas de audiovisual, culinária e dança, performances, atividades infantis e atrações musicais, como DJ Renan Valle, Terreiro de Criolo e DJ Glau. A entrada é gratuita.
Com curadoria de Erika Tambke, do Observatório de Favelas do Rio de Janeiro, Lis Freitas, do Coletivo Kambacua, e Osmar Paulino, da Uniperiferias, a edição de 2025 tem como tema central “Corpo utopia”, que nos convida a pensar: uma outra cidade é possível quando diferentes corpos criam um novo modo de existir nela?
O evento gratuito integra a série de iniciativas promovidas pelo Instituto Moreira Salles em parceria com outras instituições culturais do Rio de Janeiro, enquanto sua sede na cidade está fechada para reformas.
Para Renata Bittencourt, diretora de Educação do IMS, o diferencial do Escuta está no protagonismo da cultura e de quem a produz nos diferentes territórios da cidade.
“Esta é uma edição em que o Festival Escuta está no centro do Rio de Janeiro, na Pequena África. Com essa importante parceria com o MUHCAB, levamos o Escuta para um território muito inspirador para o IMS. Para nós há uma simbologia forte aí, já que o Escuta é um festival que busca trazer ao centro das reflexões e das ações protagonistas da cultura que atuam em circuitos variados e em territórios diversos com muita inventividade. Neste ano, depois de desenvolvermos atividades de formação e troca, aprendendo com parceiros como o Observatório de Favelas, a Uniperiferias e o Coletivo Kambacua, tudo parece desaguar nesta quinta edição do Escuta”, afirma.
A construção desta edição tem relação direta com a Escola Escuta, uma plataforma educacional do IMS, criada em 2024, que oferta residência artística em uma formação permanente, sobretudo para artistas de favelas e periferias. Por isso, o público vai perceber que cada elemento do festival faz parte de três conceitos que atravessam cada detalhe da programação: Corpo e memória, trocação e terreiro.
“A ideia é que o Escuta sempre tenha um conjunto de pensamentos e reflexões sobre a cidade como tema. Em 2025, o festival será produzido pela Escola Escuta, e uma ideia que se materializa no festival é a ideia do corpo, principalmente do corpo negro periférico, o corpo que conhece a disputa de território na cidade. E trazemos a memória como o maior legado desse corpo, o eixo ancestral que fundamenta a ação futura, como um conjunto de ações que foram perpetradas no tempo para que a gente chegasse vivo até aqui. O conceito do terreiro tem a dimensão de que a festa precisa ganhar um caráter celebrativo. E, por último, “trocação”, porque isso é o que queremos ver no Escuta, a troca entre corpos felizes por estarem vivos e disputando a cidade do Rio de Janeiro a partir do festival”, descreve Jorge Freire, Supervisor de Educação e Territórios do IMS sobre os conceitos.
A programação tem início às 11h, com a oficina “Corpo-memória”, com a artista plástica Gabriella Marinho, mulher negra e moradora de São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio. Simultaneamente, até às 13h, acontece o encontro “Estética do corpo − Manifestos pela contravisualidade”, com agentes das artes visuais de diversos territórios. Das 12h às 13h, a “Oficina-espetáculo trocação” ocupa a área do palco com o “Debonde”, um coletivo de artistas criadores que articula a dança com as diversas brasilidades contemporâneas.
Às 14h30, a performance “Corpo-quintal” apresenta Rona Neves, multiartista e cria do Morro dos Pretos Forros, em Cachoeira de Macacu, que tensiona o lugar do corpo negro nas brechas da arte no contexto das periferias urbanas.
Durante a tarde, a programação musical acontece com DJ Renan Valle, DJ Ruth Dias, DJ Izza Tavares, Orkestra Popular Barracão e Grupo Mineiro Pau Valdemar Madalena.
A partir das 18h, acontece a exibição do filme Arte, corpo e memória, realizado pela Escola Escuta, que é resultado do encontro de 15 artistas de múltiplas linguagens, que trazem ao público os atravessamentos entre arte e território. E, para celebrar a cultura e a corporeidade negras, às 19h30, o festival recebe a roda de samba Terreiro de Criolo.
Durante todo o evento, o público pode acessar a feira empreendedora realizada pela Rede CapaciTrans, organização de qualificação profissional para pessoas LGBTIQAPN+. Será possível adquirir produtos produzidos pelas pessoas associadas da Capacitrans, assim como comidas e bebidas.
“A diversidade é essencial para o Escuta Festival, espelhando o extraordinário mosaico de identidades, culturas e saberes que é distintiva do território carioca e do Brasil em geral. Desse modo, a diversidade se torna um parâmetro essencial de programação – diversidade de raça, de gênero e de orientação sexual, ou das próprias culturas regionais que sempre confluíram no Rio de Janeiro. Interrogar o mundo em que vivemos, assim como as possibilidades do mundo em que queremos viver, as evidências da violência e do racismo, da exclusão social, as questões da produção artística e do papel da arte neste tempo em que vivemos são pautas que caracterizam os modos de fazer que os artistas manifestam em seus trabalhos”, reforça João Fernandes, Diretor Artístico do IMS.
Escutinha
Em parceria com o Espaço Quilombinho, o Escutinha irá protagonizar uma programação inteira voltada para o público infantil. Em um ambiente multilinguagens, as crianças terão vivências sensoriais, atividades de artes visuais, expressão e consciência corporal, musicalidade e contação de histórias.
As atividades começam às 11h com a “Experimentação das águas”, que traz à lembrança as brincadeiras de quintal. A partir das 11h30, o “Mural dos sonhos” propõe uma oficina de memórias, onde as crianças irão imaginar e criar um mural coletivo. A partir das 12h30, é o momento da musicalidade e experimentação de instrumentos musicais. Das 14h às 15h, será um tempo dedicado à jardinagem e cerâmica. E, a partir das 15h, acontece o “Quintal das águas”, com contação de histórias e brincadeiras na água.
SERVIÇO
DATA: 18/1/2025
LOCAL: MUHCAB
Endereço: R. Pedro Ernesto, 80 – Gamboa, Rio de Janeiro – RJ
Horário: 11h às 22h
Entrada: GRATUITA