Literatura é ferramenta poderosa para promover conscientização e valorização da história e cultura de pessoas negras e LGBTQIA+
A literatura é um grande recurso para a conscientização e valorização da história e cultura de pessoas negras e LGBTQIA+. Através dos livros, as pessoas encontram um espaço para narrar suas vivências, dar visibilidade a suas realidades e compartilhar perspectivas que muitas vezes são ignoradas.
“Ao longo da história, a relação entre a comunidade LGBTQIA+ e a comunidade negra tem sido marcada por lutas interseccionais contra o racismo, a LGBTQIA+fobia e outras formas de opressão. Pessoas negras LGBTQIA+ enfrentam desafios únicos, sendo pioneiras em movimentos culturais e políticos que transformaram narrativas de exclusão em expressões de resistência e orgulho. Nesse contexto, a literatura se destaca como uma plataforma poderosa de visibilidade e celebração da diversidade. Apoiar escritores negros LGBTQIA+ é essencial para fortalecer a representatividade, valorizar suas histórias e enriquecer a sociedade com suas perspectivas”. comenta Beatriz Oliveira, Gerente de Conteúdo do Museu da Diversidade Sexual.
Pensando em promover a diversidade da população negra e LGBTQIA+ na literatura, o Museu da Diversidade Sexual separou algumas obras da atualidade que representam os dois grupos:
O Beijo do Rio, de Stefano Volp
O livro conta a história de Daniel, um jornalista que retorna à sua pequena cidade natal após uma década para investigar a misteriosa morte de um amigo de infância. Em meio à investigação, Daniel confronta políticos locais e uma influente seita religiosa, enquanto revive memórias de sua juventude, marcada pelos desafios de ser ele mesmo: um homem bissexual e negro em uma comunidade conservadora.
Amora, de Natália Borges Polesso
Neste livro de contos, Natália apresenta diversas histórias sobre o amor entre mulheres, revelando um retrato delicado da sociedade, explorando diferentes realidades e formas de afeto, sempre com uma visão empática e sensível sobre as relações. A obra já foi traduzida para diversos países e indicada ao Prêmio Jabuti.
Ás de Espadas, de Faridah Àbíké-Íyímídé
Esse suspense explora questões de racismo, homofobia e preconceito de classe ao acompanhar a história de Chiamaka e Devon, dois alunos promovidos ao cargo de líderes de turma em uma escola de elite. Logo após a nomeação da dupla, uma pessoa anônima começa a enviar mensagens para todos os alunos, revelando segredos íntimos dos dois que podem comprometer seus futuros planejados com muito esforço.
Jake Livingston vê gente morta, de Ryan Douglass
Além de ser o único aluno negro e gay da escola, Jake Livingston também vê fantasmas diariamente. Quando um novo colega de classe desperta seus sentimentos mais intensos, Jake começa a questionar se deveria deixar de lado as opiniões alheias para viver um romance. Ao mesmo tempo, ele se vê forçado a enfrentar seu dom de enxergar o mundo espiritual, quando um fantasma problemático fica obcecado por ele.
Felix para sempre, de Kacen Callender
A obra gira em torno de Felix Love, que nunca conseguiu se apaixonar e acredita que por ser negro, transgênero e queer, o amor para ele é inalcansável. Para piorar sua autoestima, um anônimo expõe fotos de antes de sua transição e o ataca com mensagens transfóbicas. Felix suspeita de uma pessoa específica e cria um plano de vingança, mas não imagina que isso o colocará em um triângulo amoroso e trará uma confusão de sentimentos em relação a si mesmo e as pessoas a sua volta.
Em todas as gotas de chuva, de L. S. Englantine
Atena Lisboa e Cordélia Salgueiro foram criadas em uma pequena cidade do interior, e separadas por conta de uma forte rivalidade entre suas famílias. Até que o destino as reúne no mesmo assento em uma longa viagem de trem que pode mudar o rumo das brigas e competições entre as famílias. Ao mesmo tempo, o livro aborda a história de Sabrina e Julietta, tias de Atena e Cordélia, apresentadas como melhores amigas que moram juntas, mas que, na verdade, são um casal.
A morte de Vivek Oji, de Akwaeke Emezi
Uma história profunda e emocionante sobre identidade e família que se passa na Nigéria, abordando amor, sexualidade, amadurecimento e luto. Com um enredo conduzido a partir de idas e vindas temporais e diferentes perspectivas, o livro acompanha a vida e a morte de Vivek, uma pessoa de gênero fluido, e como sua história afetou as pessoas ao seu redor.
Um traço até você, de Olívia Pilar
Logo após começar um estágio, Lina percebe que está recebendo alguns olhares estranhos e tarefas que a colocam em dúvida sobre a sua capacidade. E ela suspeita que talvez isso esteja acontecendo por conta de racismo. Quando conhece Elza, Lina passa a enxergar o mundo de uma forma diferente, e sente que precisa aflorar seu lado artístico para encontrar sua verdadeira identidade. A história aborda questões sensíveis sobre auto descoberta e os desafios da vida adulta, principalmente para uma jovem negra.
Sobre o Museu da Diversidade Sexual
O Museu da Diversidade Sexual de São Paulo, é uma instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas, destinada à memória, arte, cultura, acolhimento, valorização da vida, agenciamento e desenvolvimento de pesquisas envolvendo a comunidade LGBTQIA+ – contemplando a diversidade de siglas que constroem hoje o MDS – e seu reconhecimento pela sociedade brasileira. Trata-se de um museu que nasce e vive a partir do diálogo com movimentos sociais LGBTQIA+, se propõe a discutir a diversidade sexual e de gênero e tem, em sua trajetória, a luta pela dignidade humana e promoção por direitos, atuando como um aparelho cultural para fins de transformação social.