Espetáculo de Alessandro Marson, com direção de Breno Sanches, “Pandemônio” chega ao Teatro Poeirinha
E se o fundamentalismo religioso e as forças de extrema direita assumissem o poder? Com a atriz Jéssica Marques (“Justiça 2”) e o ator português Pedro Carvalho, a peça apresenta uma visão provocadora sobre este cenário
Em um futuro próximo onde a intolerância assume o poder, artistas, professores, políticos e religiosos contrários ao Novo Regime são perseguidos e executados sem possibilidade de defesa. A atriz Kika (Jessica Marques) e o pastor Anton (Pedro Carvalho) se encontram refugiados há meses em um bunker. Logo na primeira cena os dois são encontrados e morrem. Por que estavam lá? O que fizeram? Como foi que tudo começou?
Numa narrativa que vai de trás para frente, como se viu em clássicos do cinema como “Irreversível” (2002) e “Amnésia” (2000), o público vai desvendando os acontecimentos passados ao longo de “Pandemônio”, peça que estreia nesta quinta (01) e fica em cartaz até dia 1 de setembro no Teatro Poeirinha, em Botafogo. Através dessa convivência inusitada e intensa entre uma atriz e um pastor, são colocados em xeque ideais, medos, sonhos e, sobretudo, verdades. “Pandemônio”, com texto do aclamado autor de novelas Alessandro Marson, sob a direção de Breno Sanches, vem sendo idealizada faz tempo.
“Escrevi a primeira versão do texto há dez anos”, relembra Marson. “Inicialmente, a peça tinha um elenco maior e um texto mais prolixo e teórico. Porém, após revisões, percebi que precisava de um foco mais aguçado. A narrativa explora a hipótese de um regime autoritário dominado por uma ideologia religiosa ultraconservadora.” O contexto atual, com uma tentativa de golpe de estado de grupos extremistas e uma pandemia global, reavivou o interesse pela peça. “Durante a pandemia, um amigo ator estava explorando leituras online e me pediu um texto inédito, então eu decidi revisitar “Pandemônio”. Vi nisso uma oportunidade de transformar o texto, adaptando-o para dois personagens principais. Essa nova abordagem deu clareza ao que eu queria expressar.”
O grande desafio era escrever um espetáculo fora da ordem convencional. “Ao contar uma história de trás para frente, é crucial revelar desde o início o destino dos personagens. Isso exige uma construção cuidadosa para garantir que o impacto final seja potente”, diz Marson, que escreveu sucessos como “Novo Mundo” (2017) e “Nos Tempos do Imperador” (2021) e “Elas por Elas” (2024).
Esse desafio do dramaturgo se estende à direção, com o cuidado que Breno teve em criar um universo distópico que transcende fronteiras nacionais. “Este porão, onde a história se desenrola, poderia ser qualquer lugar. Reflete preocupações universais e atemporais, abordando temas que ressoam em diferentes épocas e culturas”, comenta Sanches.
Sucesso aos olhos da crítica e do público na nova temporada da minissérie “Justiça 2”, a atriz Jessica Marques enxerga heroísmo em sua personagem, uma atriz apaixonada pelo teatro que olha com temor os desafios de um regime religioso opressivo. “Kika é uma mulher sem papas na língua, sedutora, alto astral. Sem dúvidas ela é defensora dos direitos humanos, odeia qualquer tipo de preconceito e discriminação. É totalmente desbocada, implicante e inconsequente”, diz Jéssica.
Convocado para viver um pregador que jamais duvida de sua fé, mas questiona os métodos como a religião é empregada, Pedro Carvalho, ator com duas décadas de carreira em Portugal, tem em “Pandemônio” seu primeiro trabalho nos palcos brasileiros. “Fiquei completamente apaixonado, por “Pandemônio”, que é um texto muito necessário. Não é texto panfletário, mas consegue tocar na ferida, ao falar de um pastor evangélico e uma atriz lésbica, obrigados a viverem em um bunker. É uma realidade que poderia ser nos dias de hoje”, diz Carvalho.
Autor de sucessos teatrais como “Malvadas – Tudo sobre Sharon, Sheila e Shirley” e “Dez Encontros”, Marson destaca as especificidades de escrever para a TV e para o palco, onde um texto como “Pandemônio” requer liberdade formal e ousadia. “Escrever para televisão e para teatro são processos totalmente diferentes. Sempre que escrevo para teatro penso muito na presença do público diante dos atores. No teatro não tem edição de imagem”, explica Marson. “É este o fascínio do teatro”.
Serviço
“Pandemônio”
Local: Teatro Poeirinha
Endereço: R. São João Batista, 104 – Botafogo
Data: Estreia dia 01 de agosto. Temporada até 01 de setembro
Horário: Quinta, Sexta e Sábado às 20h00, Domingo às 19h00
Preço: R$ 35,00 (meia) / R$ 70,00 (inteira)
Link para compra: https://bileto.sympla.com.br/event/96245
Ficha técnica
Dramaturgia: Alessandro Marson
Direção: Breno Sanches
Elenco: Jessica Marques e Pedro Carvalho
Direção de Movimento: Toni Rodrigues
Trilha Sonora: Marcello H
Preparação Vocal: Junio Duarte
Cenografia: Alice Cruz
Figurino: Bruno Perlatto
Iluminação: Ana Luzia de Simoni
Direção de Imagem: Carol Godinho
Cenotecnia: Fábrica de Cenários | Celso Luz dos Santos
Construção de Cenografia: Sebastião, Carlos Henrique e Felipe Medeiros
Visagista Maquiador: Diego Nardes
Dreadmaker: Lucas Tetteo
Designer Gráfico: Ludmila Valente
Fotos de Divulgação: Renata Duarte
Assistência de Fotografia: Santiago Harte
Fotografia do Espetáculo: Aralume Fotografia
Produção Executiva: Rita Dias
Direção de Produção: Diogo Cardoso
Produção: Kaziken Produções
Mídias Sociais: Gamarc Comunicação
Assessoria de imprensa: Andrea Pessôa Comunicação