“Imaginária Brasileira na Coleção Orandi Momesso” traz recorte privilegiado e inédito da arte sacra no Brasil
Escrito pelo historiador da arquitetura Carlos Lemos, obra apresenta os caminhos da escultura sagrada e discute preservação e história
Livro “Imaginária Brasileira na Coleção Orandi Momesso”
Orandi Momesso anuncia o lançamento do livro Imaginária Brasileira na Coleção Orandi Momesso no dia 18 de junho, às 17h30, na Pinacoteca do Estado de São Paulo. Escrito pelo arquiteto e historiador Carlos Lemos, explora em profundidade a rica coleção de arte sacra brasileira reunida pelo colecionador ao longo de meio século.
“A coleção contempla obras que datam desde o período de colonização, com peças preservadas desde o ano de 1580. Um patrimônio da nossa cultura”, diz Orandi. Abrange um período extenso da história brasileira, é um testemunho da evolução artística e da pluralidade religiosa que constituiu o país.
Composta por 420 imagens sacras, traz uma ampla variedade de esculturas em madeira e terracota, refletindo diferentes manifestações da devoção católica e popular. Adquiridas muitas vezes em viagens, na rapidez de leilões e em oportunidades únicas, Momesso formou seu acervo conquistando peças de outras importantes coleções, como as de Anita Marques da Costa, Ladi Biezus, João Marino e Francisco Roberto.
Em texto de abertura do volume, que conta com rica iconografia, Momesso detalha sua profunda conexão com a arte sacra, desde sua infância em Assis, interior de São Paulo, até sua juventude na capital paulista, onde frequentava museus como a Pinacoteca e o Museu de Arte Sacra.
Influenciado pelo legado de artistas como Aleijadinho e o próprio Frei Agostinho de Jesus, o colecionador desenvolveu um apreço pela estética e a ética da arte sacra, tornando-se um apaixonado pela pesquisa e curadoria do gênero.
“A arte sacra tem uma importância fundamental na história da cultura popular. Foi um período revisitado pelos modernistas, que descobriram este tipo de arte e se encantaram.”, acrescenta, sobre a relevância artística de tal gênero em outros movimentos artísticos modernos.
“O bom colecionador quer que seu acervo fique para o mundo. Meu legado é deixar todas essas obras para o público, disponíveis no Parque Geminiani Momesso”, diz o idealizador da publicação.
Ao tornar a coleção pública e expor as centenas de obras no Pavilhão Carlos Lemos, no Parque Geminiani Momesso, em 2025, pretende inaugurar um capítulo inédito na história da preservação e da promoção da arte sacra na região sul do Brasil.
Este desejo de compartilhamento e preservação é central para Momesso, que idealizou um pavilhão para que futuras gerações possam apreciar e estudar obras de arte sacra. Sua coleção começou com uma pequena imagem do século XVIII recebida em El Salvador e hoje oferece um recorte único da formação do Brasil e de sua identidade cultural sagrada.
São obras-primas da escultura cristã, mas também documenta a hibridização cultural que ocorreu durante a colonização e os séculos subsequentes, com peças que vão desde o maneirismo até o barroco, e documentando o intercâmbio cultural entre diferentes continentes.
Destacam-se esculturas de Nossa Senhora, imagens de madeira aparente e as características “paulistinhas” — pequenas estatuetas de cerâmica produzidas em massa durante o século XIX. Estas paulistinhas são particularmente notáveis por seu uso de moldes e decoração original bem conservada.
“A arte religiosa acompanha o devocional popular, presente em variadas atividades voltadas para afirmar as práticas das crenças e separadas do cabedal eclesiástico. Em realidade, tanto a arte sacra quanto a dita religiosa podem ser exercidas por profissionais eruditos ou oriundas de mãos leigas.”, ressalta Carlos Lemos em “Imaginária Brasileira na Coleção Orandi Momesso”.
O arquiteto convida a uma viagem pela história da arte sacra no Brasil, destacando a importância de preservar este patrimônio cultural e estar atento às manifestações populares do Sagrado.
O lançamento do livro na Pinacoteca do Estado de São Paulo contará com uma mesa redonda composta por alguns dos mais renomados especialistas em arte do Brasil, como Aracy Amaral, Rafael Schunk, Olivio Tavares de Araújo, Percival Tirapele, Carlos Lemos, autor do livro, e o próprio Orandi Momesso. A discussão será mediada por Kelly Alcântara.
Sobre o autor
Carlos Alberto Cerqueira Lemos, nascido em São Paulo em 1925, é arquiteto, pintor, historiador e professor. Formado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Mackenzie, destacou-se por projetos importantes, incluindo o Teatro Maria Della Costa e a sede do Bradesco. Entre 1952 e 1957, coordenou o escritório paulista de Oscar Niemeyer. Como professor na FAU/USP a partir de 1954, colaborou em obras essenciais para a história da arquitetura brasileira e publicou livros importantes, como “Arquitetura Brasileira” e “Ramos de Azevedo e seu Escritório”.
Ficha técnica
Título: Imaginária Brasileira na Coleção Orandi Momesso
Editora: Martins Fontes
Idealização: Orandi Momesso
Autor: Carlos Lemos
Apresentação: Rafael Schunk
Design gráfico e produção gráfica: Via Impressa
Tamanho: 27,5 X 34 cm
Número de páginas: 432
Impressão e acabamento: Ipsis Gráfica
Preço: R$399,00
À venda nas melhores livrarias do Brasil e lojas de Museus