Atores brasileiros, Juliana Teixeira e Antonio Quinet estreiam em Londres, no Freud Museum, o espetáculo “Hilda e Freud” com ingressos esgotados
Peça é ambientada na mesma casa onde o Pai da Psicanálise viveu seus últimos dias e terá 6 apresentações, três em português e três em inglês
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Divulgação
Em turnê com o espetáculo “Hilda e Freud”, os atores brasileiros Juliana Teixeira e Antônio Quinet, também diretor e autor da peça, levam a montagem esta semana para o cenário original da trama, na Inglaterra: o Freud Museum, onde o Pai da Psicanálise viveu seus últimos anos, quando se refugiou da perseguição nazista em Viena, na Áustria. A dupla faz seis apresentações em Londres, a partir do dia 9, quinta, e todas já com ingressos esgotados. Detalhe: três das sessões serão feitas em inglês e as outras três, em português, um verdadeiro desafio para ambos.
“Ensaiar em ambas as línguas está sendo a maior provação da minha carreira, embora eu seja fluente em inglês. Palavras, frases, sensações e trocadilhos mudam de uma língua para a outra. Tenho a sensação de estar ensaiando duas peças. A construção das frases também muda. Apesar de ser o mesmo texto, tento interpretar em ambas as línguas sem perder a beleza do texto”, conta Juliana, empolgada com essa experiência singular em mais de 35 anos de carreira. Ela venceu o Prêmio Cenym de Melhor Atriz em 2018, pela peça “Memória D’Alma”, dirigida por Guilherme Scarpa e Camilo Pellegrini, e está no ar em “No Rancho Fundo”.
“Hilda e Freud” revela uma das mais importantes testemunhas sobre a prática da psicanálise vivida por seu fundador, Sigmund Freud. “Durante a ascensão do nazismo, na Viena dos anos 30, a escritora Hilda Doolittle, frequentou o consultório de Freud, em Londres, onde se despiu de qualquer censura, para reviver os traumas deixados durante a Primeira Guerra Mundial. Seus amores, lutas, sonhos e alucinações, suscitaram em seu analista, intervenções geniais, que mudaram a vida da escritora, além de selar uma forte amizade entre os dois”, conta Quinet.
Para Juliana, Hilda foi uma mulher muito à frente de seu tempo. “Ela era bissexual e divorciada e tinha um grande apreço pela família, pela maternidade, foi uma supermãe, e também muito dedica à arte. Ela tinha esses valores e eu me identifico com esse lado família dela”, diz a atriz, que desde 2018 encena com Quinet o texto. “Atualmente, não estou fazendo análise, mas já fiz por mais de 10 anos. Tenho um sentimento de que há sempre algo novo a ser descoberto. São muitas associações livres. Hilda procura Freud pois está com um bloqueio criativo após tantas perdas”, lembra.
Às vésperas da encenação londrina, Juliana confessa que está sentindo mais do que o habitual friozinho na barriga que os atores sentem antes de uma estreia. “É uma super responsabilidade me apresentar na casa do Freud. Ao mesmo tempo, tenho um sentimento de pertencimento, porque eles falam o tempo todo da casa, é tudo muito real. Com mais de 80 anos, teve que deixar seu país e mudar para outra cidade. Falamos dessas situações todas. Ajuda muito a contar a história fazer a peça na casa dele”, continua a atriz.
“É um momento muito especial da minha carreira. O público inglês é muito exigente. Ele tem no seu DNA o amor pelo teatro. Eles vão de segunda a segunda, a expectativa é imensa. Momento de gratidão, essa responsabilidade não seria possível se eu já não tivesse essa minha trajetória de quase 40 anos de carreira. Estou muito feliz com essa oportunidade. A entrega terá que ser impecável ao público inglês. Estar aqui nesse momento é colher os frutos que eu plantei ao longo dos anos”, resume ela.