PROMOVENDO OLHARES CRIATIVOS DE CORPOS RACIALIZADOS, A EXPOSIÇÃO HERANÇA, DO PROJETO GOTA PRETA, ACONTECE DE 4 DE MAIO A 2 DE JUNHO NA OCUPAÇÃO 9 DE JULHO (SÃO PAULO)
Idealizado pela Zeferina Produções, com entrada gratuita, o evento é produzido por pessoas pretas plurais e apresenta exposição de sete artistas e projeções
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Arte de Markus CZA presente na exposição Herança
De 4 de maio a 2 de junho, acontece a exposição Herança, do projeto GOTA PRETA, na galeria de arte da Ocupação 9 de Julho, em São Paulo. Idealizado por Ciça Pereira e Tainá Ramos, da Zeferina Produções, a GOTA PRETA é uma plataforma de imersão artística com foco em promover os olhares criativos de corpos racializados. É o encontro de artistas plásticos, e demais formas de arte que se conectam com as artes plásticas, com narrativas afro-diaspóricas de artistas negros, periféricos, indígenas e LGBTQIA+ em situação de vulnerabilidade através da arte e da tecnologia. A produção é assinada por pessoas pretas plurais.
“A ideia surgiu a partir dos nossos incômodos diante do mercado das artes visuais e seu tratamento com os artistas pretos e periféricos e suas artes”, explica Ciça Pereira.“O projeto é feito totalmente por pessoas pretas plurais: mulheres, lgbtqiap+, homens e mulheres trans, e pessoas 60+. E a escolha da Ocupação 9 de Julho se dá ao seu histórico importante”, completa.
Essa é a segunda edição do GOTA PRETA, e a primeira presencial, onde apresenta as artes de abigail Campos Leal; as colagens de Ione Maria; as pinturas de João Cândido; os quadros de Mariana Rodrigues; as ilustrações de Markus CZA; a arte capilar e ceramical de Nicolau 2.0 e as tecelagens de Sheila Ayo. A curadoria é assinada pela pesquisadora e arte educadora Wanessa Yano | Osunmike Ẹgbẹ́yomí e a expografia, por Ozana Souza.
“Nesta mostra, a ancestralidade não é um mero eco distante, mas uma força ativa que buscamos incessantemente no presente para reafirmar nossas origens. As sensações e experiências resultantes dessa busca contínua forjam dimensões intangíveis da existência humana, que ultrapassam a simples representação e o desejo de visualizar o misterioso, pavimentando o caminho para uma profunda compreensão de conceitos viscerais, como a morte e o caos”, define Wanessa. “O espaço escolhido, a Ocupação 9 de Julho no bairro da Bela Vista, amplifica essa mensagem. Este local é historicamente significativo pela profunda conexão com a cultura africana e afro-brasileira e pela presença marcante da comunidade negra desde o início do século XX. A Bela Vista se estabeleceu como um centro de resistência e expressão cultural negra, onde tradições como o samba e o maracatu floresceram, influenciadas por essas comunidades.”
No dia do lançamento, 4 de maio, a partir das 17h, acontece a festa de lançamento com projeções do Coletivo Coletores e discotecagem de Peroli e Dj Akhin, gratuita e aberta ao público.
“Esperamos que as pessoas saiam motivadas a repensar suas heranças e memórias afetivas, além de viabilizar novas narrativas sobre exposições e projetos artísticos, principalmente com protagonismo, remuneração adequada e equipe feminina e preta”, finaliza Ciça.
Este projeto conta com apoio do Proac Editais – Artes Visuais – SPCultura via Secretaria Estadual de Economia Criativa de São Paulo.
SERVIÇOS
GOTA PRETA – HERANÇA
Data: 04 de maio a 02 de junho
Horário: 11h às 20h
Local: Sala 10 (Galeria de Arte) da Ocupação 9 de Julho – Rua Álvaro de Carvalho, 427 (Bela Vista) / São Paulo (SP)
Entrada: Gratuita
Classificação: Livre
FESTA DE LANÇAMENTO GOTA PRETA – HERANÇA
Data: 04 de maio
Horário: a partir das 17h
Local: Sala 10 (Galeria de Arte) da Ocupação 9 de Julho – Rua Álvaro de Carvalho, 427 (Bela Vista) / São Paulo (SP)
Atrações: Discotecagem de Peroli e Dj Akhin; projeção de Coletivo Coletores
Entrada: Gratuita
Classificação: Livre
FICHA TÉCNICA
Concepção: Zeferina Produções por Ciça Pereira e Tainá Ramos
Curadoria: Wanessa Yano | Osunmike Ẹgbẹ́yomí
Expografia: Ozana Souza
Produção: Zeferina Produções
Assistência de Produção: Pietra Veiga
Artistas: Abigail Campos Leal, Ione Maria, João Cândido, Mariana Rodrigues, Markus CZA, Nicolau 2.0 e Sheila Ayo
Apoio: Proac Editais – Artes Visuais, Secretaria Estadual de Economia Criativa de São Paulo, MTST, Cozinha Ocupação 9 de Julho
SOBRE GOTA PRETA
GOTA PRETA é uma plataforma que possui como seus principais pilares de ação promover a difusão, a comunicação, a formação educacional, o protagonismo, a difusão das memórias silenciadas e o apoio a artistas negros, periféricos, indígenas e LGBTQIA+ em situação de vulnerabilidade através da arte e da tecnologia. Ressignificando os espaços artísticos como mecanismo de aproximação de novos públicos para as artes através da sensação de pertencimento, seu principal objetivo é promover a intersecção entre as linguagens, identidades e protagonismos do autor e obra, para com os olhares do público, traçando caminhos de diálogos entre o processo e o resultado final. Idealizado pela Zeferina Produções, a primeira edição aconteceu de forma online em 2022, em parceria com o artista Toddy do coletivo Opni, onde 5 artistas pretos e indígenas, entre eles mulheres, lgbtqia+ e idosos, apresentaram uma série de registros/diário de bordo de seus processos, incluindo bate-papos. A segunda edição, em 2024, apresenta uma exposição inédita chamada Herança, ocupando uma Galeria de Arte dentro de uma Ocupação do movimento de moradia, a Ocupação 9 de julho.
SOBRE ZEFERINA PRODUÇÕES
Fundada por Tainá Ramos e Ciça Pereira, a Zeferina Produções é uma produtora de impacto sócio cultural que atua especificamente em projetos e ações nas áreas de música, artes visuais e demais linguagens artísticas. O propósito da ZEFERINA é promover e gerir idéias, projetos e pessoas que através da arte, da música e da cultura promovem transformações sociais relevantes. Com ações que variam desde a gestão de carreira, elaboração, captação e execução de projetos, aprovação em leis de incentivo, booking, consultoria e captação de recursos; produção executiva e consultorias a Zeferina produções, traz para o mercado cultural, projetos artísticos e culturais de impacto que inovam o cenário atual e dialogam diretamente com demandas humanizadas e de diversidade; de forma jovem, antenada e conectada. Formada e idealizada para promover o acesso à cultura e a difusão de novos contextos e paradigmas artísticos e culturais, a Zeferina produções é atenta às novas tendências sem perder a responsabilidade e o cuidado com o respeito à diversidade humana e cultural. Sediada em São Paulo, capital, e com atuação em vários projetos de destaque, a produtora possui em seu portfólio muitos projetos de destaque.
SOBRE OCUPAÇÃO 9 DE JULHO
Um antigo prédio do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) localizado na Avenida Nove de Julho é
hoje o lar de 124 famílias, distribuídas em 14 andares. O espaço onde vivem cerca de 500 pessoas conta com brechó, marcenaria, cozinha coletiva e refeitório, sala de convivência, biblioteca e brinquedoteca, galeria de arte, quadra, horta comunitária e estacionamento. Por mais de 20 anos, ele permaneceu vazio e degradado até ser ocupado em 1997. Após processos de reintegração de posse e desocupações, ele foi novamente ocupado em 2016 pelo Movimento Sem Teto do Centro (MSTC) e se tornou a Ocupação 9 de Julho.
SOBRE WANESSA YANO | OSUNMIKE EGBÉYOMÍ
A pesquisadora e arte educadora Wanessa Yano | Osunmike Ẹgbẹ́yomí possui vasta experiência em arte educação, estudos de moda, comunicação e processos editoriais. Seus interesses de pesquisa estão relacionados à história, artes e estéticas africanas e afro diaspóricas, com foco especial em negócios africanos centrados, comunicação e semiótica no campo da moda, além de tecidos africanos no Brasil. Wanessa é a fundadora da Editora Ananse e colabora com diversas instituições, como o Instituto Tomie Ohtake, a HOA Galeria, a Bienal de São Paulo, o SESC, a Casa de Criadores, CCSP e SESI. Ela é responsável por trazer ao Brasil as obras de grandes intelectuais afrocêntricos, como Molefi Kete Asante, Clenora Hudson-Weems, Nah Dove, Ytasha Womack e Oyèrónke Oyewùmí. Wanessa está envolvida em dois projetos importantes: o primeiro, intitulado “Dos quitutes ao afroempreendedorismo”, propõe uma revisão bibliográfica na disciplina da administração, visando investigar a presença e contribuição africana na historiografia documentada por meio das movimentações das quitandeiras na formação do afroempreendedorismo, sob a perspectiva da afrocentricidade. O segundo projeto, “Tecidos Africanos no Brasil”, visa analisar os tecidos tradicionais no Brasil do século XVI e seus desdobramentos na contemporaneidade, por meio de uma perspectiva antropológica.
SOBRE OZANA SOUSA
Ozana Sousa é estudante de arquitetura e urbanismo pela Escola da Cidade, produtora e mobilizadora cultural e foi co-Fundadora do Coletivo “Mundo em Foco” (2004), onde atuou em diversos projetos até 2017. Coordenou o projeto “Varre Vila” desde o início, em 2012, até julho de 2021. Em 2009, se formou em produtora audiovisual pelo Instituto Criar de TV, Cinema e Novas Mídias e Técnico em Design de Interiores pelo SENAC (2012). Trabalhou no Escritório de Arquitetura Marton e Marton com desenvolvimento de projetos, soluções para arte e produção executiva. Participa da mobilização social na busca por políticas públicas no Bairro onde reside, Vila Santa Inês, com projetos e articulação entre poder, público empresas e moradores
SOBRE ARTISTAS
ABIGAIL CAMPOS LEAL
abigail Campos Leal. Cordilheira sinuosa, transita entre Arte e Filosofia para criar poéticas que nos permitam tanto destruir o mundo como o conhecemos, quanto imaginar formas radicalmente outras de habitar o infinito. mestre em Filosofia pela UFRJ, doutoranda em Filosofia pela PUC-SP, professora da Especialização em Ciências Humanas e Pensamento Decolonial pela PUC-SP. publicou “escuiresendo: ontografias poéticas”, pela O Sexo da Palavra (2020), e “ex/orbitâncias: os caminhos da deserção de gênero”, pela GLAC Edições em 2021. é fundadora e organizadora do Slam Marginália. realizou performances no Museu Casa das Rosas (SP), Solar dos Abacaxis (RJ), Museu do Amanhã (RJ), Museu da Imagem e do Som (Ceará), Centro Cultural São Paulo. participou de exposições coletivas no Museu da Diversidade (SP), Itaú Cultural (SP), Centro Cultural São Paulo e Museu Casa das Rosas. foi residente do Pivô Pesquisa ciclo 1 2023. escreveu textos críticos para a Foam Magazine, Prêmio Pipa e para 35 Bienal de São Paulo Coreografias do Impossível.
IONE MARIA
Ione Maria é artista multidisciplinar e diretora de arte, nascida na comunidade da Vila Albertina, Zona Norte de São Paulo. A colagem é a sua linguagem artística-investigativa, onde seus trabalhos evidenciam de forma poética, narrativas ligadas às suas vivências em movimentos de resgates ancestrais, especificamente familiares, onde a artista se propõe a dar lugar a novas memórias para histórias não vividas e não vistas. Estudou Artes Visuais e já desenvolveu obras para ” Olhares Inspirados: Raquel Trindade” e também para Google Brasil.
JOÃO CÂNDIDO
João Cândido da Silva, 91 anos, artista autodidata, nascido em Campo Belo, sul do estado de Minas Gerais, desenvolve seu trabalho como pintor e escultor há mais de 60 anos. Atualmente participa da mostra “Dos Brasis”, da exposição “Festas, Sambas e outros carnavais” no Sesc Casa Verde e da mostra individual “João Cândido: na Praça – Arte Afro-Brasileira e a feira da República” no Centro Cultural São Paulo.
MARIANA RODRIGUES
Mariana Rodrigues nasceu em 1995 em Osasco. Caminhante, vive e trabalha no Mundo. Formada em Design Digital pela Universidade Anhembi Morumbi. Sua prática pictórica abstrata está ligada ao estudo de práticas corporais e ancestrais de cosmovisão de matrizes afrikanas e do Antigo Kemet (Egito), nas quais corpo, mente e espírito são compreendidos como uma unidade. Esta percepção atravessa toda sua pesquisa e se materializa através de formas, cores e gestos, utilizando-se de diferentes suportes que vão além de uma compreensão racional. Para a artista, sua pintura é um ritual, resultado de muitos processos internos e espirituais despertados pelos seus deslocamentos por várias regiões do Brasil. Mariana também é integrante do Nacional Trovoa, coletivo de mulheres racializadas, participantes do circuito da arte contemporânea brasileira. Seu trabalho já foi exposto em importantes instituições brasileiras como Pinacoteca do Estado de São Paulo, Museu de Arte do Rio (MAR) e Instituto Tomie Ohtake.
MARKUS CZA
Markus Cza é Brasileiro, nasceu no bairro de Vila Galvão Guarulhos, zona norte de São Paulo, é artista plástico e cursou artes visuais entre o ano de 2017 a 2021. É ativista do movimento negro e acredita na luta por emancipação social, físico e psicológico da população negra através da educação e cultura baseando sua prática artística na pintura e no muralismo, tornando se um artista contemporâneo que reivindica o protagonismo dos corpos marginalizados em nossa sociedade e dentro da história da arte. Com um olhar pré clássico da arte do antigo Egito, e uma abordagem decolonial, seu trabalho se debruça em criar conexões entre as memórias de elementos culturais afro brasileiros e sua ancestralidade africana no mundo, estabelecendo assim relações comparativas entre os saberes antigos e o sentido de continuidade na diáspora. Para isso ele recolhe imagens do passado, referência de pinturas, contextos e narrativas, sistemas antigos de proporção, e materiais de medida que lhe auxiliam em seus processos e composições. Com um olhar bidimensional e geométrico, Markus se interessa por elementos simples da natureza, pássaros, árvores e plantas e as simetrias da arquitetura colonial, o que nos traz lembranças de cidades brasileiras do início do séc 19 e 20. Markus Cza tem 10 anos de trabalho com o grafite, customizações e pinturas. Nos últimos 3 anos direcionou o seu foco e esforços na concretização de um início de pesquisa que proporcionou a experiência de expandir suas relações com as pessoas nas redes sociais, em exposições, projetos e atividades culturais, além de realizar vendas de obras de forma independente.
NICOLAU
Nicolau, neto da Dita, 26 anos, fugitivo de gênero e cria de Santa Bárbara d’Oeste 019. Multiartista, como artista plástico, realiza estudos de estruturas capilares, incorporação de tecnologias e resgate de estéticas e métodos criativos ancestrais. Relembrando a técnica de trança como arte e ferramenta ancestral de liberdade, faz uso dessas facetas como meio para maquinar novas tecnologias de sobrevivência para um futuro livre e próspero. Atua como artista NFT dentro do metaverso, mesclando arte capilar e Inteligência artificial. Atualmente está na exposição “Identidades”, disponível para colecionadores na Collector 2.0 e para visualização no Spatial.
SHEILA AYO
Artista multidisciplinar , vive e trabalha em São Paulo , investiga as linguagens do desenho da pintura, performance e vídeo , muralismo, graduada pela PUC –SP a artista iniciou seus trabalhos em 2011 participando de exposições coletivas na região ABC – SP e recentemente no RJ e em MAPUTO, Moçambique – Africa. Artista ativadora na obra Phase That This – Bienal de SP – 2023 . Atualmente está com obras em Defeito de Cor Muncab – BA e Dos Brasis – Exposição itinerante. Seus trabalhos dialogam com a ancestralidade feminina, ritos de passagem, renascimento, a saúde das emoções e as relações da trajetória negra na diáspora .Tem trabalhos em instituições municipais , coleções particulares . Foi residente do projeto PEMBA – Sesc – 2022 nacional , que fez o recorte de artistas negros em destaque na Arte Contemporânea. Contemplada pelo prêmio CCSP – 2021. Suas obras e textos estão presentes na Revista Serrote – IMS , Folha de São Paulo , Revista L’ Officiel , Jornal do Grande ABC , MAM – RIO , ARTRIO , SP – ARTE. Revista Piscina .
SOBRE PROJEÇÕES
COLETIVO COLETORES
Formado em 2008 na periferia da Zona Leste da Cidade de São Paulo pelos artistas e pesquisadores Toni Baptiste e Flávio Camargo, o Coletivo COLETORES tem como proposta pensar as cidades como meio e suporte para suas ações utilizando diferentes linguagens visuais e tecnológicas, discutindo temáticas ligadas às periferias, apagamentos históricos/culturais, assim como o direito à cidade. O COLETORES já participou de diferentes projetos ligados à tecnologia, arte e cidade com exposições e projetos em instituições, como: Museu da Língua Portuguesa, FILE, FONLAD – Portugal, Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, Instituto Moreira Salles, Rede Sesc, Red Bull Station, Centro Cultural São Paulo, SPURBAN, British Council, Bienal de Arte Contemporânea de Dakar, além de ser premiado pelo PROAC por Histórico de Realização em Artes Visuais 2021 e receber indicações ao Prêmio PIPA 2022 e ao m-v-f- awards 2021. O Coletivo COLETORES possui um histórico de curadoria e atuação com projetos em arte educação, direitos humanos e direito à cidade desenvolvendo colaborações com instituições, coletivos, marcas e empresas como: Feira Preta, ECA-USP, UFRN, UFABC, Casa Natura Musical, Festival Bixa Nagô, Festa AMEM, Instituto a cidade precisa de você, São Mateus em Movimento, Ateliê Carlos Vergara, Atelier do Centro, Batekoo, entre outros.