Filme de Murilo Salles sobre a Baía de Guanabara tem pré-estreia seguida de debate na próxima terça-feira, 16 de abril
Filme de Murilo Salles sobre a Baía de Guanabara tem pré-estreia seguida de debate na próxima terça-feira, 16 de abril
Sessão acontece às 19h no Estação Net Gávea, seguida de debate com o diretor e os convidados Mário Moscatelli (biólogo), Eva Randolph (montadora do filme), João Marcos Albuquerque (crítico), mediado pela jornalista e cineasta Helena Celestino
UMA BAÍA documenta, em oito fábulas visuais, trabalhadores em suas jornadas pela sobrevivência na Baía de Guanabara
O filme estreia dia 18 de abril em São Paulo, Rio de Janeiro, Niterói, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Salvador, Fortaleza, Belém e Palmas
A Baía de Guanabara é talvez o maior símbolo das contradições do Rio de Janeiro, ao mesmo tempo acolhedora e violenta, bela e assustadora, rica e pobre. Mas foi ao redor dessa baía que a cidade nasceu e cresceu.
Murilo Salles diz que UMA BAÍA é um filme difícil de ser sintetizado: “Em nossa primeira versão, o filme tinha sete horas e 20 minutos. Eram oito documentários em suas acepções clássicas. Foi uma inquietação que nos levou a querer fazer um exercício para descobrir no material suas essências poéticas. Depois de um trabalho obsessivo de busca por “imagens” e “sons” que carregassem esse poder de concentração simbólica, nasceram as oito fábulas”.
UMA BAÍA é uma viagem aos lugares originais da baía de Guanabara, testemunha silenciosa, há cinco séculos, de um processo de intensa degradação que afeta diariamente a existência de seus trabalhadores.
O PARAÍSO
Em janeiro de 1502, ao entrar na baía de Guanabara em missão de reconhecimento dos territórios portugueses recém-descobertos, o navegador Américo Vespúcio escreveu em suas famosas Cartas sobre o Novo Mundo: “Certamente, se o paraíso na terra está em algum lugar, certamente não deve estar muito longe de onde me encontro”.
Eram os povos indígenas que a chamavam de Guanabara, que na língua de hoje significa “o seio do mar” para alguns, ou “baía que parece um mar” para outros.
Mais de 50 aldeias habitavam os arredores da baía quando os primeiros barcos europeus chegaram. Em poucas décadas os nativos desapareceram, dizimados pela doença, pela guerra e pela própria miscigenação. Depois vieram os africanos. Estima-se que mais de dois milhões de negros, escravos, entraram no Brasil pela Baía de Guanabara e muitos descendentes diretos desse processo colonialista ainda vivem e ganham seu sustento nos mesmos lugares e atividades que seus ancestrais. Como se estivessem presos no tempo, enquanto ele avança.
O DIRETOR
Murilo Salles nasceu no Rio de Janeiro em 1950. Na adolescência, dedica-se a uma iniciação fotográfica que se desdobra em sua precoce carreira como Diretor de Fotografia em Tati a Garota (1972), de Bruno Barreto, Lição de Amor (1974), de Eduardo Escorel, e Dona Flor e dos dois maridos (1975), também de Bruno Barreto. Aos 26 anos parte para Moçambique a convite de Ruy Guerra. Ali dirige seu primeiro longa-metragem Estas são as armas, um documentário ensaístico sobre o colonialismo português em Moçambique, que ganhou o prêmio ‘Pomba de Prata’ do Festival de Leipzig, em 1978, e se tornou um dos 500 melhores documentários de todos os tempos pelo National Film Board of Canada.
Desde então, dirigiu mais de 10 longas-metragens alternando entre documentários e obras de ficção, premiados em importantes festivais do Brasil e do mundo.
FILMOGRAFIA
Como diretor de longa-metragens:
Essas são as Armas (1978), doc vencedor do prêmio Pomba de Prata no Festival de Leipzig;
Nunca Fomos Tão Felizes (1984), ficção. Selecionado para a Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes, vencedor do Leopardo de Bronze no Festival de Locarno, Melhor Filme no Festival de Brasília;
Faca de Dois Gumes (1989), ficção, prêmio Melhor Direção no Festival de Gramado, Seleção New Directors, New Films, Lincoln Center/MoMA;
Todos os Corações do Mundo (1994), Doc Filme Oficial da FIFA da Copa do Mundo, Bronze Medal no The New York Festivals;
Como Nascem os Anjos (1996), ficção, Melhor Filme no Festival de Huelva, Espanha, e Seleção FORUM no Festival de Berlim;
Seja o que Deus Quiser! (2002), ficção. Melhor Filme no Festival do Rio, seleção oficial do Festival de Moscou;
És tu, Brasil, (2003), doc ensaio para TV Cultura;
Nome Próprio (2008), ficção, Melhor Filme no Festival de Gramado;
Aprendi a jogar com você (2015), Doc. Melhor Montagem no Festival de Paulínia;
O Fim e os Meios (2015), ficção. Melhor Roteiro, no Festival do Rio;
Passarinho lá de Nova Iorque (2015), doc. Seleção Autores Festival de Tiradentes;
Alegorias do Brasil (2018), série em 13 episódios para TV;
Uma Baía (2021), doc. World Première no DOK Leipzig; seleção oficial da Première Brasil no Festival do Rio.
UMA BAÍA
Brasil, 2021, 109 min, classificação indicativa
Murilo Salles | DIREÇÃO
Murilo Salles, Eva Randolph e Itauana Coquet | ROTERISTAS
Eva Randolph | MONTADORA
Léo Bittencourt and Fabricio Mota | DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA
Daniel Rolim | PESQUISA DE ELENCO
Itauana Coquet and Bianca Oliveira | MONTAGEM ADICIONAL
Sabrina Bittencourt and Vanessa Santos | DIREÇÃO DE PRODUÇÃO
Felipe Luz | TÉCNICO DE SOM
João Jabace | EDIÇÃO DE SOM, MIXAGEM, MÚSICA
Glauco Guigon | PÓS PRODUÇÃO DE IMAGEM, COLORISTA, DCP
Murilo Salles | PRODUTOR EXECUTIVO
Cinema Brasil Digital | PRODUTORA
SINOPSE
Uma Baía observa a Baía de Guanabara no que tem de mais bela, e naquilo que ela oculta, criando fábulas visuais sobe oito personagens que habitam no seu entorno, durante suas lutas pela sobrevivência que dá sentido às suas existências. Vivem a tensão ente a beleza e o espanto.