Racismo estrutural está no centro da discussão na programação cultural do Polo Educacional Sesc
Todos os espetáculos, atividades, palestras e rodas de conversa têm entrada gratuita
A programação no Centro Cultural Polo Educacional Sesc, localizado na Zona Oeste do Rio, está recheada de atrações gratuitas voltadas para o debate sobre racismo estrutural. Nesse mês de abril, o tema será apresentado na peça ‘Para meu amigo branco’, inspirado no livro homônimo do jornalista e apresentador Manoel Soares e dirigido por Rodrigo França.
O espetáculo trata de um caso de racismo ocorrido em uma escola, onde a cada tentativa de analisar o caso vão sendo reveladas as feridas do racismo enraizado no sistema escolar e na sociedade. As apresentações acontecem nos dias 10/4 e 11/4, às 15h e 20h, respectivamente.
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Ainda no dia 11/4, às 18h50, haverá uma roda de conversa sobre racismo estrutural no Brasil, mediada pelo produtor cultural Ademildes Filho e a coreógrafa, pesquisadora e dançarina de danças negras contemporâneas, Tatiana Henrique. O bate-papo pretende provocar nos participantes o questionamento do que é ser antirracista nos dias de hoje.
Na semana seguinte, a agenda também traz uma roda de conversa sobre povos originários e seus territórios, com Ana V. Lopes, educadora, artista e pesquisadora decolonial. O bate-papo pretende articular o espetáculo “Contra Xawara – Deus das Doenças ou da Troca Injusta” com a história dos povos originários do Brasil e a colonização das Américas. Além disso, busca refletir sobre a criação do Ministério dos Povos Indígenas, a partir das históricas reivindicações do movimento indígena, como a demarcação de terras indígenas e o combate ao genocídio de seus povos.
O Centro Cultural fica na Avenida Ayrton Senna, 5.677, em Jacarepaguá. Todas as atividades são gratuitas e os ingressos são distribuídos na bilheteria do teatro uma hora antes do início das programações. A programação busca levar cultura de qualidade para a Zona Oeste do Rio, que conta com poucas opções para a população local.
A agenda com todas as atrações pode ser conferida no site:
Agenda Centro Cultural Polo Educacional Sesc
- Abril
10/4 | 15h – Para Meu Amigo Branco, com direção de Rodrigo França (Teatro)
11/4 | 20h – Para Meu Amigo Branco, com direção de Rodrigo França (Teatro)
11/4 | 18h50 – Roda de conversa sobre o racismo estrutural no Brasil, com Ademildes Filho e Tatiana Henrique (Mediação Cultural)
17/4 | 13h30 – Oficina de Teatro do Oprimido e das Oprimidas, com Centro de Teatro do Oprimido (Mediação Cultural)
17/4 | 15h – Arte da Palavra | Circuito autores: Heleine Fernandes e Trudruá Dorrico (Literatura)
18/4 | 18h50 – Roda de conversa sobre Povos Originários e Territórios, com Ana V (Mediação Cultural)
18/4 | 20h – Contra Xawara – Deus das Doenças ou da Troca Ynjusta, com Juão Nyn (Performance)
24/4 | 15h – Nem Mesmo Todo o Oceano, com Cia. Omondé (Teatro)
25/4 | 20h – Nem Mesmo Todo o Oceano, com Cia. Omondé (Teatro)
Sinopses
Para Meu Amigo Branco, com direção de Rodrigo França (Teatro) | Duração: 70 min | Classificação indicativa: 14 anos
Inspirado no livro homônimo de Manoel Soares e dirigido por Rodrigo França, que assina o texto com Mery Delmond, o espetáculo trata de um caso de racismo ocorrido em uma escola. Durante uma reunião de pais e professores, o pai da menina Zuri toma a palavra para defender o caso tratado como mero bullying pelo colégio. Inicialmente solidário, um pai branco muda de comportamento ao descobrir que o ato de racismo partiu de seu filho. A cada tentativa de analisar o caso, e com divergentes condutas das professoras, vão sendo reveladas as mazelas do racismo enraizado no sistema escolar e na sociedade.
Roda de conversa sobre o racismo estrutural no Brasil, com Ademildes Filho e Tatiana Henrique (Mediação Cultural) | Duração: 60 min | Classificação indicativa: LIVRE
O bate-papo pretende provocar nos participantes o questionamento do que é ser antirracista nos dias de hoje e qual o papel das pessoas brancas que pretendem ser aliadas nessa luta, utilizando as perguntas que foram norteadoras na construção do espetáculo Para Meu Amigo Branco (Como se constrói um racista? Onde aprendemos a ser racista?).
Ademildes Filho é produtor cultural.
Tatiana Henrique é atriz, coreógrafa, pesquisadora e dançarina de danças negras contemporâneas brasileiras e africanas.
Oficina de Teatro do Oprimido e das Oprimidas, com Centro de Teatro do Oprimido (Mediação Cultural) | Duração: 60 min | Classificação indicativa: LIVRE
A iniciativa, para atores e não atores, aborda os princípios básicos da teoria do Teatro do Oprimido e a experimentação prática do método, por meio de jogos e exercícios, além da criação de uma cena de Teatro-Fórum.
Augusto Boal é diretor de teatro, dramaturgo e ensaísta brasileiro – é uma das grandes referências do teatro mundial. Fundador do Teatro do Oprimido, que alia teatro à ação social, suas técnicas e práticas difundiram-se pelo mundo nas três últimas décadas do século XX, não só pelas pessoas que entendem o teatro como instrumento de emancipação política, mas também nas áreas de educação e saúde mental.
Arte da Palavra | Circuito autores: Heleine Fernandes e Trudruá Dorrico (Literatura) | Duração: 70 min | Classificação indicativa: LIVRE
Heleine Fernandes é poeta, ensaísta, performer e pesquisadora de Poesia Contemporânea Negra Brasileira. É autora do livro de poemas nascente (editora Garupa e Ksa1, 2021) e do livro de ensaio A poesia negra-feminina de Conceição Evaristo, Lívia Natália e Tatiana Nascimento.
Trudruá Dorrico é indígena macuxi. É poeta, artista, curadora, palestrante e pesquisadora de literatura indígena. Administra o perfil coletivo @leiamulheresindigenas no Instagram e o canal do YouTube Literatura Indígena Contemporânea, em que entrevista escritores e pesquisadores indígenas.
Roda de conversa sobre Povos Originários e Territórios, com Ana V Lopes (Mediação Cultural) | Duração: 60 min | Classificação indicativa: LIVRE
O bate-papo pretende articular o espetáculo Contra Xawara – Deus das Doenças ou da Troca Injusta com a história dos povos originários do Brasil e a colonização das Américas, refletindo também sobre a criação do Ministério dos Povos Indígenas, em janeiro de 2023, presidido pela ativista Sônia Guajajara, a partir das históricas reivindicações do movimento indígena, como a garantia de acesso à educação e à saúde, a demarcação de terras indígenas e o combate ao genocídio de seus povos.
Ana V Lopes é educadora, artista e pesquisadora decolonial.
Contra Xawara – Deus das Doenças ou da Troca Ynjusta, com Juão Nyn (Performance) | Duração: entre 40 e 60 min | Classificação indicativa: 14 anos
Com direção, dramaturgia e atuação de Juão Nyn e trilha sonora composta pela musicista transvestigênere Malka Julieta, a performance manifesta uma crítica acerca das primeiras colonizações europeias. Na história do Brasil e da América Latina, indígenas morreram ao primeiro contato com o homem branco, por causa de novas bactérias e vírus. Xawara, deus das doenças na cosmovisão indígena Yanomami, é representado por um cocar com mais de 120 seringas, feito pelo artista, que retrata essas violências que vez ou outra aparecem novamente.
Nem Mesmo Todo o Oceano, com Cia. Omondé (Teatro) | Duração: 80 min | Classificação indicativa: 16 anos
Adaptação teatral de Inez Viana do romance homônimo do escritor, dramaturgo e pensador Alcione Araújo, o espetáculo narra a história fictícia de um rapaz do interior de Minas Gerais que, com o sonho de exercer Medicina no Rio de Janeiro, acaba se tornando médico-legista do DOI-Codi. Em 2024, ano do marco dos 60 anos do golpe civil militar brasileiro, o espetáculo reflete sobre o passado e o presente do Brasil, cercado por questões éticas e valores morais, visto sob o olhar de quem sofreu a repressão em uma das mais agravantes e dolorosas épocas do nosso país, em que a liberdade de expressão era apenas um sonho.