Yearbook 2024 de Casa Vogue traz entrevista com Marcelo Rosenbaum: “Me coloco como um aprendiz dessa relação intrínseca de amor com a natureza”
No bate-papo, o designer e arquiteto autodidata fala sobre os projetos da Universidade dos Saberes Yawanawá, no Acre, do Conselho Indígena de Roraima (CIR) e dos Tremembés, no norte do Ceará. Em todos, sustentabilidade e escuta respeitosa são a base de seu trabalho
Marcelo Rosenbaum, entrevistado do Yearbook 2024 de Casa Vogue
_ Foto: Franco Amendola
O Yearbook 2024, edição colecionável de Casa Vogue que já está disponível nas bancas, traz entrevista com Marcelo Rosenbaum. Nela, o arquiteto e designer autodidata fala sobre os projetos realizados, em parceria com a sócia Adriana Benguela, para os povos originários de diferentes regiões do Brasil, em que aplicam a arquitetura e o design como ferramenta de transformação social.
Na entrevista, Rosenbaum conta que ele e sua equipe estão desenvolvendo o projeto da Universidade dos Saberes Yawanawá, no Acre, que vai proporcionar a vivência do cidadão comum com os indígenas. “As construções ancestrais dos Yawanawá literalmente se derretiam na natureza com o tempo e viravam insumo para a terra, porque eram feitas apenas com materiais naturais – e não existe nada mais sustentável do que isso. O que estamos propondo agora também se derrete com o tempo, mas é feito com outras matérias-primas, porque a madeira já vem beneficiada da cidade. Como construir lá é muito caro, temos que focar numa lógica construtiva de baixo custo, duradoura e com o mínimo possível de material”, explica.
Outro projeto com o qual ele está envolvido é o do Conselho Indígena de Roraima (CIR), que é composto por dez etnias que se uniram nos anos 1970 para defender os interesses e direitos dos povos indígenas de Roraima. “Quando fui até lá para conhecer o local, recebi o melhor briefing que já tive em toda a minha vida: eles me passaram exatamente qual era a necessidade para hoje, para daqui dez anos e uma previsão para 30 anos”, conta. “Criamos um espaço que, além das demandas funcionais, tem outras duas questões: a da segurança (eles sofrem ameaças constantes, então precisam estar protegidos ali) e a do calor extremo. Por isso decidimos fazer uma fachada que filtra o sol, uma espécie de muxarabi que remete aos grafismos indígenas e deverá ser feito com madeiras apreendidas pelo Ibama”, conta.
Além desses dois projetos, Rosenbaum está com um outro em andamento no norte do Ceará para os tremembés. “Em vez de palha, como o projeto do CIR, os edifícios serão de tijolo cozido, mas um deles será feito de adobe, técnica usada nas construções ancestrais deles, abandonada com o advento da colonização”, detalha.
“Hoje nós temos recebido muitas demandas em territórios indígenas, são questões emergenciais e com muito pouco recurso. Quero continuar a fazer esse tipo de trabalho e multiplicar essa metodologia de uma forma educacional mesmo. Muitos desses projetos não têm recursos. Então o desafio é termos essa escalada e conseguirmos continuar atendendo essas demandas, sempre pensando na sustentabilidade e buscando a multiplicação desses conhecimentos adquiridos durante todos esses anos de experiência”, reflete Rosenbaum. “Com o A Gente Transforma (o Instituto e o nosso trabalho como ferramenta de transformação social), me coloco como um aprendiz dessa relação intrínseca de amor com a natureza. Já são 14 anos trilhando esses caminhos, sempre no aprendizado da escuta, do entendimento de como seguir para o futuro a partir desses encontros e alianças”, explica o arquiteto.
Confira o conteúdo completo da entrevista no Yearbook 2024 de Casa Vogue, disponível em versão digital e nas melhores bancas do país.