NO SUBMUNDO DE MOSCOU estreia nos cinemas dia 21 de março
Baseado em relatos jornalísticos da Moscou do final do século XIX e no romance “O Signo dos Quatro”, de Arthur Conan Doyle, o filme de Karen Shakhnazarov reúne Stanislavsky e o escritor Vladimir Guilyarovsky envolvidos em uma investigação durante a produção da peça Ralé, de Maksim Gorky
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No Submundo de Moscou conta a história da investigação do diretor de teatro Konstantin Stanislavsky e do repórter Vladimir Guilyarovsky sobre um misterioso assassinato no lendário bairro Khitrovka, no início do século XX.
O filme é baseado em um evento histórico real: em 1902, o jovem Teatro de Arte de Moscou inicia a produção da peça “Ralé”, de Maksim Gorky. Os diretores, Vladimir Nemirovich-Danchenko e Konstantin Stanislavsky, pedem ao famoso escritor e jornalista Vladimir Guilyarovsky, que conhecia como a palma de sua mão o sombrio submundo de Khitrovka, em Moscou, para levar a trupe do Teatro de Arte a um passeio pela região.
No passeio, Gilyarovsky decide levar Stanislavsky pelas tavernas e cortiços locais e em seguida até a casa do comerciante Raja, um misterioso silk indiano, mas o jornalista e o diretor o encontram morto. Então, Stanislavsky e Gilyarovsky começam, por conta própria, a investigar o crime.
O roteiro do filme, assinado por Elena Podrez, Ekaterina Kochetkova e Karen Shakhnazarov, conta uma história de aventura e investigação, baseada nos trabalhos de Vladimir Guilyarovsky e inspirada no romance clássico O Signo dos Quatro, do escritor inglês e criador de personagens de detetives, Arthur Conan Doyle. Trata-se do segundo episódio das aventuras de Sherlock Holmes, publicado em 1890 e que tornou famosos tanto o autor quanto o personagem.
A produção do longa estudou o modo de vida da cidade na virada do século XIX para o XX, e criou uma imagem real do subúrbio de Moscou antes da revolução, com suas tavernas, calabouços e masmorras, onde os piores crimes eram cometidos e permaneciam ocultos, em contraste com a parte rica da cidade, cujos moradores viviam confortavelmente em clubes, teatros e restaurantes caros, sem dar importância aos submundos existentes no país.
Nota do diretor Karen Shakhnazarov:
“O filme surgiu da ideia de combinar a prosa de Vladimir Guilyarovsky, que descreveu brilhantemente a Moscou pré-revolucionária, com as histórias de Arthur Conan Doyle. O tema não é nada convencional para o nosso cinema. É um filme de entretenimento. Há muito tempo eu queria fazer um filme como esse, que não fosse carregado de problemas subjacentes à busca do sentido da vida, mas sim uma história detetivesca fascinante, em parte um thriller. Eu nunca havia feito um filme de detetive antes, embora tenha trabalhado em muitos gêneros diferentes. E eu queria fazer algo que fosse aventuresco, interessante e com um bom final, para que o público relaxasse e aproveitasse o espetáculo em si. Em termos de produção, “No Submundo de Moscou” é um filme complexo. Há lutas, perseguições, locações variadas, cenas de grandes multidões. Há também cenas da vida nos cortiços de Moscou, que Guilyarovsky descreveu com muita precisão em seus livros e ensaios. Tentamos recriar tudo isso no nosso filme.”
Depoimento do ator Mikhail Porechenkov, intérprete de Vladimir Guilyarovsky:
“Quando conheci o roteiro do filme, fiquei satisfeito com o fato de nossos heróis, que podem viver no tempo e no espaço por um longo período, pudessem investigar mais um caso. É ótimo que personagens icônicos tenham sido escolhidos para a história, com a trama se desenrolando de forma tão arrojada em torno deles.”
O Bairro KHITROVKA
A ação principal do filme se passa nas tavernas, cortiços e becos da Praça Khitrovskaya, que reunia toda a sorte de criminosos do Império Russo no início do século XX. Na virada dos séculos XIX para o XX, o local era considerado o bairro mais vil de Moscou, onde vivia a “ralé” mencionada por Gorky.
A Praça Khitrovskaya, ou Khitrovka, é um dos lugares mais interessantes e ricos em histórias do centro de Moscou. A praça constituiu-se após o incêndio de Moscou em 1812, com a participação ativa de um residente local, o major-general Nikolai Khitrovo, de quem recebeu seu nome.
Construída para abrigar um mercado de carnes e uma feira livre, a Praça Khitrovskaya tornou-se famosa por ser um ponto de encontro de marginais da cidade, pessoas que tinha perdido a fé e se viam no fundo do poço, além de ladrões, traficantes de mercadorias roubadas, presidiários fugitivos e assassinos. A maioria das casas da praça foram convertidas em pensões, tabernas baratas e botecos.
Vladimir Gilyarovsky escreveu, sobre Khitrovka:
“No labirinto de corredores e passagens, nas escadas tortas e dilapidadas que levavam aos dormitórios em todos os andares, não havia iluminação. Um estranho encontra seu caminho, mas um estranho não tem motivo para vir aqui! De fato, nenhuma autoridade ousou se aventurar nesses abismos escuros.”
A PRODUÇÃO
As filmagens de No Submundo de Moscou duraram quase três meses, de 17 de julho a 12 de outubro de 2022. O trabalho no filme começou no interior do Teatro de Arte de Moscou, em homenagem a Chekhov, seguindo com filmagens em São Petersburgo e Kronstadt, bem como em vários pavilhões e locações do Estúdio Mosfilm.
O Diretor de Arte do filme foi Serguei Fevralyov, um dos artistas russos mais populares e bem-sucedidos da atualidade, tendo em sua carreira os filmes “Anna Karenina. História de Vronsky”, “Tigre Branco”, “A Horda”, “Fraternidade”, “Capitão Volkonogov Fugiu”, e muitos outros. Sob sua direção, no Mosfilm, foram criados cenários que levam o espectador ao início do século XX.
A praça Khitrovskaya foi recriada dentro do estúdio Mosfilm, conforme conta o próprio Serguei Fevralyov:
“Recriamos o que pode se chamar de uma Moscou agitada. O que isso significa? Que todos os pecados estão reunidos num só lugar. No sentido metafórico, todos os círculos do inferno estariam concentrados ali: bordéis, antros, roubo, gula etc. A verdadeira Khitrovka era uma espécie de condomínio enorme. As pessoas viviam bem apertadas lá, uma em cima da outra. Foi por isso que fizemos todos aqueles barracões. Tentamos compactá-los e obter uma sensação de sufocamento devido ao número de pessoas e objetos, algo realmente fora do comum. De modo geral, há liberdade ali, mas essa liberdade começava a causar medo, até mesmo horror.”
No local vê-se o mundo sinistro das vielas de Khitrovka: a taberna Katorga, as lojas, os sobrados e cortiços, e uma rua da boemia de Moscou – na verdade um protótipo da Alameda Kamergersky, com lojas caras e tráfego intenso — que foram dispostas uma em frente a outra. Em dois meses, especialistas da Mosfilm-Decorstroy montaram um cenário multinível no Pavilhão 10 do Mosfilm, com o rio subterrâneo Neglinnaya idêntico ao original.
O rio cinematográfico artificial tem praticamente a mesma profundidade que o Neglinnaya real, pouco menos de trinta centímetros. O Pavilhão 10 é um dos sets de filmagem do Mosfilm localizado, como se costuma dizer, “no chão”. Não há porão embaixo do prédio. Consequentemente, os cineastas conseguem exercer pressão adicional sobre o espaço. Além disso, um protótipo de um verdadeiro templo hindu do século XIX foi criado no Pavilhão 9 do Mosfilm, onde foi filmada uma das principais cenas envolvendo um dos protagonistas.
Para os figurinos, o filme exigiu muitos elementos históricos e pequenos museus ajudaram o Mosfilm. O Museu da Universidade Estadual de Moscou forneceu uma coleção de instrumentos médicos antigos. Um colecionador particular de utensílios do vilarejo de Vologda vendeu para a equipe de filmagens 60 cadeiras antigas de bar.
Contam os figurinistas Dmitry Andreev (“Tigre Branco”, “Anna Karenina. A História de Vronsky”, “Tobol”, “Sin”, “Vertinsky”, “December”, entre outros) e Vladimir Nikiforov (“Tigre Branco”, “Anna Karenina. A História de Vronsky”, “Paraíso”, “Tobol”, “Saco Sem Fundo”, etc.) que a paleta geral do filme é conceitualmente marcada pela cor vermelha e que o trabalho dos figurinistas foi dividido em duas áreas: roupas para os personagens principais e secundários, e preparação dos figurinos para os figurantes. Cerca de 1.000 conjuntos de trajes históricos foram usados no filme, todos provenientes do Pavilhão de Figurinos e Acessórios do Mosfilm.
NO SUBMUNDO DE MOSCOU
Russia, 2023, 129 min, 14 anos
Direção e Produção: Karen Shakhnazarov
Roteiro: Elena Podrez, Ekaterina Kochetkova, Karen Shakhnazarov
Direção de fotografia: Oleg Lukichev
Produção: Grupo empresarial de cinema Mosfilm e estúdio de cinema CURIER, com o apoio do canal de TV “Russia”
Elenco: Konstantin Kryukov, Mikhail Porechenkov, Anfisa Chernykh, Evgeny Stychkin, Aleksei Vertkov, Aleksander Oleshko, Boris Kamorzin, Ivan Kolesnikov, Stanislav Eventov, Georgy Topolaga, Yuri Mirontsev, Sergey Shkoda, Serguei Barkovsky, Vasant Balan e outros.
Sinopse: Moscou, 1902. O famoso diretor de teatro Konstantin Stanislavsky, em busca de inspiração para encenar uma nova peça, decide conhecer a vida “do submundo” da cidade. Ele pede ajuda a Vladimir Gilyarovsky, um reconhecido especialista no submundo de Moscou. Juntos, eles vão até o lendário bairro de bandidos, Khitrovka, e se envolvem na investigação do assassinato de um misterioso residente local: um sikh indiano com um passado sombrio…
XXII Prémio Águia de Ouro da Academia Nacional de Artes e Ciências Cinematográficas da Rússia
– Melhor Direção de Arte para Sergei Fevralyov
– Melhor Figurino para Dmitry Andreev e Vladimir Nikiforov
O ESTÚDIO MOSFILM
Em 30 de janeiro de 1924, com a estreia do longa-metragem “Nas Asas”, de Boris Mikhin, surgia o Mosfilm, um dos mais antigos e pioneiros estúdios de cinema do mundo. Durante seus quase 100 anos de existência foram produzidos nos estúdios Mosfilm mais de 2.500 longas-metragens de inúmeros diretores que contribuíram para a criação da história do cinema mundial, como Serguei Eisenstein, Vsevolod Pudovkin, Ivan Pyriev, Grigori Aleksandrov, Mikhail Romm, Grigori Chukhray, Mikhail Kalatozov, Serguei Bondarchuk, Andrei Tarkovsky, Leonid Gayday, Gleb Panfilov, Karen Shakhnazarov e muitos outros. Ainda hoje, com 100 anos de existência, é o maior estúdio da Rússia e um dos maiores da Europa, contando com cidades cenográficas e equipamentos de alta tecnologia que permitem realizar o ciclo de produção do cinema em sua totalidade. O Mosfilm é um órgão público, presidido, desde 1998, pelo cineasta, roteirista e produtor Karen Shakhnazarov.
CPC-UMES FILMES
Braço do Centro Popular de Cultura da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo, a distribuidora CPC-UMES Filmes está no mercado nacional de home vídeo desde 2014, com 59 títulos lançados em DVD e Blu- Ray, além de uma parceria de lançamento em Blu-Ray com a Versátil Home Vídeo. Com licenciamento direto do Mosfilm, os filmes contemplam clássicos do cinema soviético e russo de diretores como Serguei Eisenstein (Aleksandr Nevsky, 1938), Andrei Tarkovsky (Solaris, 1972), Elem Klimov (Vá e Veja, 1985), Serguei Bondarchuk (Guerra e Paz, 1965-67), entre outros. Além da atuação em home vídeo, a empresa organiza, desde 2014, a Mostra Mosfilm de Cinema Russo, que em São Paulo acontece na Cinemateca Brasileira, chega este ano à 10ª edição, e também já teve edições em Porto Alegre e Fortaleza. Em 2018, iniciou atividades no circuito comercial de cinemas com o lançamento de Anna Karenina. A História de Vronsky, com ótima receptividade de crítica e público. O filme foi lançado em junho do referido ano e a estreia contou com a presença de Karen Shakhnazarov, diretor do filme e do Estúdio Mosfilm.