Ópera para rir e aprender de graça na Faetec de Quintino
Projeto do soprano Danielle Sardinha e do regente Rafael Rocha desvenda para estudantes da rede pública e público em geral o maravilhoso mundo da ópera mostrando elementos do gênero
Projeto Cidadania Sinfônica Opera Studio – Cortina Lírica realiza última apresentação do ano, gratuitamente, nesta terça-feira (19), às 15h, no Teatro Abdias Nascimento, Faetec de Quintino, Rio de Janeiro. Na vida e na arte, o maestro Rafael Rocha e o soprano Danielle Sardinha, moradores da Zona Oeste do Rio, se unem em prol da ópera com o objetivo de divulgar, aproximar e, até quem sabe, formar novas gerações de artistas para o gênero. São 20 anos assim, desde que quando eram estudantes no ensino médio decidiram tornar a música erudita seu projeto de vida.
O patrocínio é do Banco Santander e da Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro. O programa Cidadania Sinfônica Opera Studio ocorre com o formato Cortina Lírica, que pode ser entendido como uma demonstração de trechos encenados de óperas. O projeto vai apresentar ao público cenas de “As bodas de Figaro” e “O barbeiro de Sevilha”, baseadas nas histórias do dramaturgo Pierre-Augustin Caron de Beaumarchais, tudo impecável, figurinos, maquiagem, libreto, 100% de capricho para entregar à plateia. Para que o público entre mais ainda na história, o autor é transformado no “personagem” Beaumarchais, interpretado pelo ator Mário Faini que, de forma leve e divertida, vai mostrando aspectos da ópera para quem assiste à sessão. A abertura do projeto foi dia 29 de novembro no Teatro Arthur Azevedo, em Campo Grande.
Cidadania Sinfônica reúne na ficha técnica mestres e iniciantes. Esta produção conta com Eliara Puggina, que é pianista co-repetidora na UniRio e tem várias participações em produções operísticas com realização do Theatro Municipal do RJ (TMRJ), bem como com o barítono Pedro Olivero, integrante do Coro do TMRJ, na direção musical. O ator e diretor cênico Mário Faini, que possui uma vasta experiência atuando em TV, cinema e teatro, também faz a direção cênica do espetáculo. O soprano Danielle Sardinha solta a voz, assume a direção de produção, já a direção artística é do maestro Rafael Rocha. Dentro e fora do palco, todo mundo se une para a iniciativa alcançar cada vez mais espectadores.
Além do objetivo de divulgar o gênero, o programa Cidadania Sinfônica também dá oportunidade para artistas recém-formados na graduação e na pós-graduação das universidades de música. É um celeiro de jovens talentos. “O Opera Studio é também oportunidade de ter contato com profissionais. Os cantores ou saíram recentemente da universidade, ou ainda estão estudando. Nos interessa fazer a ponte constante entre o mundo acadêmico e o universo do mercado de trabalho”, explica Danielle Sardinha.
Condicionamento de atleta _ Quem vê o artista no palco não vê o “corre” que cada um dedica à formação. “É necessário um condicionamento de atleta”, afirma a soprano Danielle Sardinha. Além do trabalho técnico peculiar a cada instrumento, incluindo a voz, e do condicionamento físico, no caso do cantor lírico há ainda todo um estudo aprofundado sobre a obra para chegar às escolhas artísticas na construção do personagem. “Uma coisa bacana na ópera é que quando a gente tem composições como as de Mozart e Rossini por exemplo, muito bem escritas, o temperamento do personagem já vem definido”, explica Danielle.
E complementa: “Tem bastante coisa pra se falar a partir disso. São aspectos como esse que nos motivaram a criar o Opera Studio. Um aspecto é que a música já é escrita de forma a deixar claro se o personagem é mais frágil, heróico ou fanfarrão, em suas melodias, ritmo e harmonia. Por outro lado, isso também vem definido pelo tipo vocal. Normalmente, uma bruxa ou uma mulher bastante sedutora costumam ser interpretadas por mezzo-sopranos. Uma boa referência é a da personagem da ópera ‘Carmen’, de Bizet. Já uma jovem inocente e doce, o compositor provavelmente indicará um soprano. O mocinho ou o herói, geralmente são interpretados por tenores. Barítonos e baixos são escolhidos para interpretar pais e avôs ou vilões”, afirma.
Como explica o maestro Rafael Rocha, o programa Cidadania Sinfônica tem por objetivo criar e desenvolver projetos com bases sólidas: “O Cidadania Sinfônica Opera Studio, é um destes projetos. A proposta é funcionar como uma escola de ópera. Trazer profissionais do mais alto gabarito para estarem juntos com cantores em início de carreira é fundamental. E junto a essa gama de possibilidades que este projeto traz, nós temos como objetivo fomentar produções de recitais, cortinas líricas e óperas pelos palcos de salas de concerto e teatros do Brasil e do mundo”.
“Uma realidade que nem todo mundo conhece é que a nossa formação como músico, seja instrumentista, como maestro ou cantor, nos exige grande dedicação para desenvolver habilidades que demandam tempo e muita prática. No caso dos cantores, para inserção no mercado de trabalho, essa prática precisa estar em seu currículo. A maioria das produções quando contrata um cantor lírico em início de carreira ou que ainda não é agenciado, para uma ópera, quer saber se ele já cantou determinado papel. Por isso, faz toda diferença a experiência que o Cidadania Sinfônica Opera Studio proporciona.”
Polos em Nova Iguaçu, Tijuca e Campo Grande _ Assim, vários componentes estão entrelaçados no Cidadania Sinfônica. Que vem crescendo e aparecendo. No momento, através de parcerias, o programa mantém 2 polos em Nova Iguaçu, 2 na Tijuca e 1 em Campo Grande. “Criamos o projeto em 2004 quando ainda éramos estudantes de nível básico em música. Nesse início, o Rafael e eu reunimos alguns amigos com muita vontade de tocar e formamos uma banda sinfônica. Na época, eu tocava flauta transversa e ele dava seus primeiros passos como regente. A gente se reunia para ensaiar em locais alternativos como o porão de uma igreja, ou no quintal da casa de um colega, quando dava. Durante algum tempo, realizamos uma residência artística no Teatro Arthur Azevedo. Foi quando entendemos que precisávamos de uma estrutura e nos organizamos como pessoa jurídica.”, complementa Danielle Sardinha.
Cidadania Sinfônica busca alcançar pessoas que têm acesso restrito ou nenhum ao conhecimento da música de concerto. “Cada vez mais vamos ampliando nossa atuação. A próxima etapa é fazer workshops em escolas de Ensino Médio, contextualizando as óperas e a preparação dos artistas durante os ensaios, através de algumas demonstrações com parte do elenco caracterizado. Uma ex-aluna nossa, que integra o coral Madrigal Tijucano, integra nossa equipe na produção. A expansão é constante”, finaliza.
Sobre Danielle Sardinha _ Soprano, mestranda na área de Práticas Interpretativas em Música, especialização em ópera, pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) e Bacharel em canto lírico pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Como cantora, participou de produções junto ao Coro Sinfônico do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, Orquestra Sinfônica da UFRJ e da Associação de Canto e Coral (ACC) em espaços como HSBC Arena, Cidade das Artes entre outros. Também estudou na Escola de Música Villa-Lobos (EMVL) onde adquiriu conhecimentos de regência coral. Em sua carreira como docente atuou como professora em cursos profissionalizantes na Fundação de apoio à Escola Técnica – Governo do Estado do Rio de Janeiro (FAETEC).
Sobre Rafael Rocha _ Rafael Rocha é graduado em Regência Orquestral pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), sob orientação do Prof. Dr. André Cardoso. Iniciou seus estudos em música na Fundação de Apoio à Escola Técnica/RJ e na Escola de Música Villa-Lobos. Responsável por iniciativas culturais como “Programa Cidadania Sinfônica” e “Orquestra Sinfônica de Campo Grande – RJ”, recebeu por essas realizações moções de honra ao mérito concedida pela Academia Brasileira de Medalhística Militar (ABRAMIL) de Congratulação e louvor da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, Prêmio de responsabilidade Social pela Associação de Imprensa da Barra da Tijuca, Prêmio Expressão Cultural da Coordenadoria Regional de Cultura da Zona Oeste do Rio de Janeiro, Placa de homenagem da Secretaria de Estado de Cultura e Fundação Anita Mantuano de Artes do Estado do Rio de Janeiro. Possui o Título de Comendador da Sociedade Brasileira de Artes, Cultura e Ensino. Medalha: Ordem do Mérito Cultural Carlos Gomes (São Paulo – SP).
Serviço:
Cidadania Sinfônica Ópera Studio – Cortina Lírica
Espetáculos: As bodas de Figaro e O barbeiro de Sevilha, de Beaumarchais
Direção Artística – Rafael Rocha; Direção Musical – Pedro Olivero; Direção Cênica – Mário Faini. Pianista – Eliara Puggina
Elenco: Mário Faini, João Marcos Charpinel, Flávio Mello, Dani Sardinha, Letícia Moraes, Daniela Moreira, Marcus Vinicius Lima, Pedro Olivero, Kassia Lima.
Sinopse: oito cantores, um ator e uma pianista interpretam trechos das óperas “O barbeiro de Sevilha” e “As bodas de Fígaro” com a participação do personagem Pierre-Augustin Beaumarchais (dramaturgo autor dos textos que originaram as óperas)
Dia 19 de dezembro (terça-feira) – 15h
Teatro Abdias Nascimento (na Faetec de Quintino)
Endereço: Rua Clarimundo de Melo, 847 – Quintino Bocaiuva, Rio de Janeiro – RJ | Ingressos: Entrada franca | Duração: 90 minutos