Jorge Caetano interpreta vampiro no longa “Não Sei Quantas Almas Tenho”, dirigido por Cavi Borges e Patricia Niedermeier
Longa de terror filmado em Évora, Sintra, Lisboa, São Luiz do Maranhão e Rio de Janeiro estreia no Estação Botafogo na semana do Halloween
O clássico “Drácula de Bram Stoker”, que ganhou as telas pelas mãos de Francis Ford Coppola em 1992, é uma das inspirações do longa “Não Sei Quantas Almas Tenho”, que leva a direção de Cavi Borges e Patricia Niedermeier e acaba de estrear no Estação Botafogo justamente na semana do Halloween. Estrelado por Jorge Caetano e Patricia, o filme remonta a grande história de amor que atravessa séculos. Nela, Jorge interpreta o vampiro Nicolau que, nos dias de hoje, busca por sua eterna musa, Nina, aqui uma química vivida pela diretora, atriz e roteirista. “‘Não Sei Quantas Almas Tenho’ fala do desejo humano de escapar da finitude e os dilemas morais associados à imortalidade. Já o amor obsessivo de Nicolau por Nina pode representar o lado narcisista e manipulador do vampiro”, acredita Jorge Caetano.
Rodado em diversas cidades ao longo dos últimos quatro anos — Sintra, Évora e Lisboa, em Portugal, e São Luiz do Maranhão e Rio de Janeiro —, essa obra em progresso toca em temas como a guerra, a imortalidade, a finitude e a paixão que transcende o tempo. “Há muito tempo queríamos fazer um filme sobre vampiros”, conta Cavi Borges, que traz uma abordagem contemporânea que, esteticamente, também remete a “Fome de Viver” (1983), de Tony Scott, em que o casal imortal era interpretado por David Bowie e Catherine Deneuve.
Para Jorge, interpretar o primeiro vampiro da carreira foi uma experiência singular. “Os vampiros são personagens icônicos com características específicas, são seres imortais que carregam séculos de experiência e conhecimento. Capturar a complexidade de sua psicologia, a solidão de uma vida longa e encontrar o equilíbrio entre a humanidade e o aspecto sobrenatural do personagem é um desafio emocional para um ator”, diz ele, que se inspirou também no longa “Amantes Eternos”, de Jim Jarmusch.
Falar sobre a finitude, um tema que é caro à existência da maioria das pessoas, certamente vai fazer o público se identificar. “Esse tema é sensível e durante muito tempo me assombrou. Mas a maturidade e a intuição de que possa existir algo além dessa vida, me levou a outros pensamentos, a novos estados de alma e a algum tipo de aceitação. Me ver na tela na pele de Nicolau, sofrendo ao ver seus amigos virarem pó ao longo dos séculos, me faz questionar mais ainda se valeria mesmo a pena ter o dom da vida eterna”, filosofa o ator.
Por meio da personagem de Patricia, a química Nina, a questão do avanço científico e tecnológico também é discutida na tela. “Até onde a humanidade deve ir em sua busca por conhecimento e poder? Isso nos faz refletir sobre as implicações de nossas ações e ambições na sociedade”, diz.
Produzido pela JCAETANO PRODUÇÕES e CAVIDEO de forma independente, o longa autoral, segundo Jorge, é desafiador mas também traz muitas recompensas. “Fazer cinema independente no Brasil, ou em outros lugares do mundo é sempre uma aventura. Mas um cineasta independente tem a oportunidade incrível de criar filmes com uma voz única e uma abordagem totalmente pessoal”, explica ele, cheio de planos para o ano que vem. “No cinema, fui convidado a rodar no final do ano um intrigante filme chamado ‘A Voz da Virgem’, de Pedro A. Almeida, que é um jovem e promissor diretor e roteirista, que ainda vai dar muito o que falar. Nele, farei um padre atormentado pelo passado e por um amor proibido. Ano que vem, vou interpretar um agente da CIA no Brasil no longa ‘Notícias do Amanhã’, de Thiago Moyses, talentoso diretor e animador que já dirigiu trabalhos no Brasil e no exterior. E, no teatro, continuo levantando a produção da peça-show ‘Apocalip-se’, cujas seis canções originais acabaram de ficar prontas, e devemos encenar este espetáculo no próximo ano”, festeja.