Pinacoteca de São Paulo apresenta mostra panorâmica de Montez Magno
Montez Magno: Algúria ocupa o 2º andar da Pinacoteca Luz e apresenta conjunto de trabalhos sobre as narrativas visionárias do artista em mais de 70 anos de produção
Período: 21.10.2023 a 03.03.2024
A Pinacoteca de São Paulo, museu da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, apresenta Montez Magno: Algúria.
A mostra retrospectiva do artista pernambucano ocupa o 2º andar da Pinacoteca Luz e tem curadoria de Clarissa Diniz, uma das principais pesquisadoras da obra de Montez. A mostra reúne um conjunto de mais de 80 trabalhos que destacam a ficção visionária do artista, cujos exercício de imaginação remetem a campos diversos, como o urbanismo, a paisagem e a música.
Montez Magno usou de toda sua engenhosidade para criar a partir da poesia, da pintura e da escultura. Em mais de 70 anos de produção, o artista lançou mão dessas múltiplas linguagens, passando por investigações iniciais no campo da abstração e por experimentações com objetos, poesia visual, projetos arquitetônicos, entre outros. Na Pinacoteca, essas narrativas visionárias podem ser vistas em trabalhos como Cidade Cúbica II (c. 1970) e Um lance de dados (1973).
“A exposição toma de empréstimo o título de um conto escrito por Montez em 1975, no qual o autor narra sua visita a Algúria, um país quadrimensional situado no deserto do Saara. Central em sua obra, o conto soma-se a inúmeros outros gestos de ficcionalização não somente de “outros mundos”, mas fundamentalmente um exercício de reimaginação do mundo em que vivemos, dos mundos onde nos encontramos. A esses exercícios, Magno deu o nome de “arte visionária” ou “arte prospectiva”. Como escreveu num texto de 1977, para Montez, “conceber o inconcebível é uma das tarefas do artista. Se isso acontecer, iremos ‘ver’ o invisível e, quem sabe, vivenciar o inexistente”. A exposição reúne, portanto, um conjunto de obras que nos levam a percorrer alguns dos caminhos visionários de sua extensa obra”, afirma a curadora Clarissa Diniz.
Sobre a exposição
Montez Magno trabalhou com materiais simples e cotidianos, como sabão em barra, giz, bolas de isopor, dados, atribuindo-lhes novos sentidos. Em sintonia com práticas de “anti-arte”, vigentes das vanguardas modernas aos experimentalismos das décadas de 1960 e 70, o artista criou a série Cidades Imaginárias (1972-). Neste projeto, Montez prospectou arquiteturas de cidades e museus usando materiais como partir de canos, dobradiças e tubos de papelão. Foram incontáveis as maquetes seguidamente criadas e desmontadas pelo artista. O mais importante era sempre o exercício imaginativo da recriação. Na primeira sala da mostra, onde estão os núcleos intitulados ARQUITETURAS VISIONÁRIAS e MUSEUS IMAGINÁRIOS, o público poderá ver trabalhos como Cidade esférica (1998), Cidades Visionárias (1972) e o MM Museu Mausoléu (1969). Chamada pelo artista de “MMMausoléu”, a obra é uma crítica ao museu como um lugar que representa também o sepultamento da arte e da vida.
Uma cosmopolítica reside no interesse constante de Montez Magno em abordar seu lugar de vida e trabalho, a região Nordeste e o estado de Pernambuco especificamente. A segunda sala da mostra, o núcleo PAISAGENS IMAGINÁRIAS, é dedicada ao modo como o artista observa e pensa a sua terra natal, atribuindo-lhe uma conotação cósmica. Em Ar de Olinda (1972), Montez capturou uma pequena porção do ar da cidade, encapsulou-a e colocou-a em exposição. Reductio (1971) é uma redução cartográfica da América do Sul a Olinda. Indo do macro ao micro, o artista demostrou no mapa o exato ponto onde o seu ateliê se encontrava naquela altura. Em Sertão (1989), o artista usa uma lona velha de caminhão para representar uma paisagem, que pode ser entendida como um relevo na caatinga ou como uma paisagem lunar.
A última sala da mostra, Partituras Reimaginadas, se detém em exercício de (re)imaginação a partir da música, com a qual Montez tem uma estreita relação. Interessado nas formas de codificação, Montez vem trabalhando com partituras musicais ao longo das últimas seis décadas. Nessa pesquisa, o artista desenha livremente sobre a estrutura de composição e propõe uma musicalidade baseada em uma linguagem própria. Isso ocorre no trabalho Notassons (1970 – 1992), que pode ser lido como uma poesia visual. Ainda nesta sala, destacam-se obras feitas com dados, como Um lance de dados não abolirá jamais o acaso (1973) e Maquete (1968), ambas características do interesse do artista pela aleatoriedade e pelo acaso.
A exposição Montez Magno: Algúria tem patrocínio de Pirelli, na cota Bronze.
SOBRE O ARTISTA
Montez Magno de Oliveira (Timbaúba, Pernambuco, 1934). Começa sua produção nos anos 1950, trabalhando com linguagens distintas como a poesia, a pintura, a escultura, a fotografia, o desenho, dentre outras. Sua primeira exposição individual acontece no Instituto dos Arquitetos do Brasil, em Recife, em 1957. A partir de 1960, publica artigos e pesquisas sobre arte em jornais brasileiros, mantendo uma prática crítica que remonta aos anos de 2010. Torna-se bolsista do Instituto de Cultura Hispânica entre 1963 e 1964, o que lhe permite viajar por vários países da Europa. Com o Prêmio recebido no I Salão Global do Nordeste, viaja para Europa e Argélia a estudos em 1975, experiência a partir da qual surge o conto “Algúria” (1975). De volta ao Brasil, reside um tempo no Rio de Janeiro e, posteriormente, mudando-se para Olinda Pernambuco), leciona escultura na Universidade Federal da Paraíba. Publicou mais de quinze livros com seus poemas e escritos, bem como ilustrou trabalhos de autores diversos, como Osman Lins. Participou de mostras importantes como edições da Bienal de São Paulo e do Panorama da Arte Brasileira. Suas obras encontram-se em acervos públicos e privados de todo o Brasil e do exterior.
SOBRE A PINACOTECA DE SÃO PAULO
A Pinacoteca de São Paulo é um museu de artes visuais com ênfase na produção brasileira do século XIX até a contemporaneidade e em diálogo com as culturas do mundo. Museu de arte mais antigo da cidade, fundado em 1905 pelo Governo do Estado de São Paulo, vem realizando mostras de sua renomada coleção de arte brasileira e exposições temporárias de artistas nacionais e internacionais. A Pina também elabora e apresenta projetos públicos multidisciplinares, além de abrigar um programa educativo abrangente e inclusivo.
Serviço:
Montez Magno: Algúria
Período: 21.10.2023 a 03.03.2024
Curadoria: Clarissa Diniz
Pinacoteca Luz (2º andar)
De quarta a segunda, das 10h às 18h (entrada até 17h)
Gratuitos aos sábados – R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia-entrada), ingresso único com acesso aos três edifícios – válido somente para o dia marcado no ingresso
Quintas-feiras com horário estendido B3 na Pina Luz, das 10h às 20h (gratuito a partir das 18h)