MASP APRESENTA SALA DE VÍDEO: BROOK ANDREW
O filme Smash it, exibido pela primeira vez no Brasil, propõe reflexões em torno de apagamentos sociais, estruturas jurídicas e culturais dos povos aborígenes
O MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand apresenta, de 25 de agosto a 8 de outubro de 2023, no 2o subsolo do museu, Sala de vídeo: Brook Andrew, que exibe o vídeo Smash it (2018). Com curadoria de Leandro Muniz, assistente curatorial, MASP, o filme, apresentado pela primeira vez no Brasil, reúne, em uma edição abrupta, elementos de uma série de outros trabalhos do artista, criando narrativas fragmentárias que questionam apagamentos sociais e estruturas jurídicas e culturais relacionadas ao processo de colonização do território australiano.
Brook Andrew (Sydney, Austrália, 1970) é um artista, curador e professor que tem como prática a investigação das formas de representação e preservação da memória dos povos aborígenes, em especial os Wiradjuri e Ngunawal, dos quais é descendente. Em sua pesquisa, trabalha com materiais de arquivos, que incluem fotografias dos séculos 19 e 20, filmes, desenhos animados, entrevistas e notícias. Seus trabalhos, intervenções em museus, pesquisas, palestras e projetos curatoriais, impulsionados pelo desejo de fomentar formas indígenas de conhecimento, provocam as limitações impostas pelas estruturas de poder e pela amnésia histórica.
Para o curador Leandro Muniz, além de o artista discutir as opressões históricas e relações de poder desenvolvidas no processo de colonização do território australiano, “Andrew interessa-se pelos fluxos culturais estabelecidos nesse período. Sua obra é marcada por um raciocínio de colagem, contrapondo documentos e cores ácidas, grafismos dos povos originários e pinturas murais, palavras na língua Wiradjuri e neons”.
O filme é dividido em duas partes: a primeira exibe entrevistas com pesquisadores, ativistas e políticos que manifestam diferentes pontos de vista sobre os direitos indígenas às terras australianas, bem como os conflitos culturais vivenciados por eles atualmente. A esses depoimentos são contrapostos materiais de arquivo – como fotografias, documentos e relatos –, que ora apresentam narrativas recalcadas sobre os aborígenes, ora questionam os modos estereotipados como foram registrados e representados por pessoas externas a essas comunidades.
Já na segunda parte, Andrew se apropria do filme Jedda (1955), no qual, pela primeira vez na história, atores aborígenes representam seus próprios grupos sociais. Andrew já havia utilizado esse filme em outro trabalho, contudo, esse não possuía trilha sonora ou diálogos, apenas legendas que deslocavam o discurso original para uma narrativa de sublevação dos grupos oprimidos. Dessa vez, a trilha sonora é composta de música eletrônica e trechos das falas originais. “Smash it é marcado por janelas que se abrem ao longo da narrativa, cores ácidas e marcadores próprios do mundo digital, reiterando as múltiplas temporalidades que convivem e se chocam na obra, refletindo as diversas identidades que comunidades indígenas assumem no presente”, pontua o curador.
SOBRE BROOK ANDREW
Brook Andrew é um artista, curador e professor nascido em Sydney, Austrália, em 1970. Sua prática é ancorada em sua perspectiva como um australiano Wiradjuri e Ngunawal (indígena) e como pessoa celta. Já expôs em instituições como Royal Albert Memorial Museum (Exeter); Gropius Blau (Berlin); Musée du quai Branly (Paris); Musée d’ethnographie de Genève (Geneva); National Gallery of Victoria (Melbourne), entre outras. Foi curador da 22ª Bienal de Sydney, consultor internacional para o Pavilhão Sámi da 59ª Bienal de Veneza e artista participante da 15ª Sharjah Biennial. Como pesquisador, Andrew é professor na Universidade de Melbourne; pesquisador associado no Pitt Rivers Museum; e pesquisador associado no laboratório de pesquisa Wmimjeka Djeembana, Universidade de Monash. É DPhil pela Ruskin School of Art, Universidade de Oxford, e suas palestras, conferências e talks podem ser acessados em instituições como Palais de Tokyo, Stelijk Museum e Museum Summit. Somando à sua prática artística e acadêmica, Andrew estabeleceu o braço editorial Garru Editions.
SERVIÇO
SALA DE VÍDEO: BROOK ANDREW
Curadoria de Leandro Muniz, assistente curatorial, MASP
2º subsolo
Visitação: 25.8 – 8.10.2023
MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand
Avenida Paulista, 1578 – Bela Vista
01310-200 São Paulo, SP
Telefone: (11) 3149-5959
Horários: terça grátis, das 10h às 20h (entrada até as 19h); quarta a domingo, das 10h às 18h (entrada até as 17h); fechado às segundas. Entrada gratuita em todas as primeiras quintas-feiras do mês – um oferecimento B3.
Agendamento on-line obrigatório pelo link de ingressos
Ingressos: R$ 60 (entrada); R$ 30 (meia-entrada)