Com apoio da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro (PCRJ), Secretaria Municipal de Cultura (SMC) e Programa de Fomento à Cultura Carioca – FOCA
O Festival Instrumental Mulambo Jazzagrário chega à sua VII edição que será realizada em dois momentos, nos meses de abril e maio na Zona Oeste do Rio de Janeiro, na Arena Hermeto Pascoal, Praça Guilherme da Silveira e também na região do Centro e pequena África.
Então se prepare: hoje, dia 14 de abril, sexta, o Festival dá seu pontapé inicial, com programação gratuita e abrindo uma seletiva, até 08 de maio, para curadoria de projetos locais para maio, com o objetivo de jogar luz sobre novos projetos de música instrumental inventiva e periférica no Rio de Janeiro e outros estados.
E quem se apresenta hoje é o mestre Robertinho Silva, o homenageado desta edição, às 20h, na Arena Hermeto Pascoal em Bangu, pra contar e tocar sua história.
O baterista e percussionista, grande mestre da história da música brasileira, é um músico que é filho legítimo da zona oeste carioca. E como Robertinho não anda só, vem acompanhado do Coco Ciência Mestra a e Júlio Diniz. Antes, a Zona Oeste Instrumental, banda originária do Festival Mulambo Jazzagrário, faz o show de abertura.
As primeiras experimentações percussivas do mestre Robertinho foram ainda na infância, andarilhando por entre o subúrbio pelas ruas de Realengo, Bento Ribeiro e Bangu. Robertinho é um dos definidores da linguagem brasileira para a bateria, ao lado de Airto Moreira e Edison Machado. Foi o baterista mais importante do movimento Clube da Esquina e tocou com o lendário Som Imaginário, João Donato, Tom Jobim, Egberto Gismonti, Airto Moreira, Raul de Souza, Dori Caymmi, João Bosco, Gal Costa, Nana Caymmi, Chico Buarque e Mônica Salmaso. Entre os nomes internacionais, apresentou-se com Wayne Shorter, Paul Horn, George Duke, Cal Tjader, Sarah Vaughan, Bud Shank e George Benson.
Com mais de 80 anos, 50 deles dedicados à música, o mestre nos traz histórias, sons e um poderoso legado para o palco do Mulambo. “Quando fiz 69 anos, resolvi olhar para trás. Sou do Rio de Janeiro, fui criado em Realengo, que na época era uma área meio rural e meio militar, com fruta à vontade, beira de rio, estrada de ferro e maria-fumaça. Sou um cara privilegiado, pois tinha tudo por lá: comunidade nordestina, ritos afro brasileiros, grupo militar. Ia dormir tarde depois de ouvir rádio, ficava imitando a freqüência do trem que passava perto de casa”, conta Robertinho.
O Festival
O Festival Instrumental Mulambo Jazzagrário é um projeto de música político – instrumental que nasceu em 2016 na zona oeste do Rio de Janeiro, um tradicional reduto da música instrumental brasileira, que vem realizando, ao longo dos anos, atividades em torno dos ritmos instrumentais que surgem das potências da juventude periférica e abrindo espaço para toda a força sonora existente nestas localidades.
Este é um movimento que nasceu das ações do multi-instrumentista Fernando Grilo – que faleceu precocemente aos 22 anos, em 2015, quando viajava para fazer uma parceria com o percussionista Naná Vasconcelos – e que o festival batizou com o nome de sua banda, Mulambo Jazzagrário, em sua homenagem. Grilo foi responsável por influenciar uma geração de músicos, produtores e agitadores culturais no Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Itacaré e Recife. Através de residências culturais, jam sessions, oficinas de música criativa e uma caminhada militante a favor da cena instrumental periférica, Grilo atingiu espaços marcados pela violência policial e abandono do estado alimentando sons de qualidade de modo acessível, gestando assim uma rede de possibilidades nas relações músico e morador das favelas, periferias e guetos do País.
Já passaram pelo festival nomes como Amaro Freitas, por exemplo, artista e instrumentista, negro e periférico, exemplo de músico brasileiro que consolidou uma carreira nacional e internacional fazendo música instrumental, inventiva, política.
O Festival comemora este ano a retomada da presença do público – sua última edição completa foi em 2021, de maneira virtual. Em 2022 houve apenas uma edição pocket/presencial do Festival no Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira.
Serviço
Festival Instrumental Mulambo Jazzagrário 2023
ABRIL
14 de Abril, sexta
Robertinho Silva com o show “Contando e tocando histórias” e participação Coco Ciência Mestra e Julio Diniz.
Antes, o Zona Oeste Instrumental, banda originária do Festival Mulambo Jazzagrário, com Lucas Barata, Ana Paula Cruz, João Sasmana, Rodrigo Maré, Diana Nascimento e Davidson Ilarindo, faz o show de abertura do projeto mostrando releitura de temas instrumentais brasileiros.
Horário: 20h
Local: Arena Hermeto Paschoal
Endereço: Praça Primeiro de Maio, s/n – Bangu/Zona Oeste, Rio de Janeiro
Gratuito
MAIO
12 de Maio, Sexta-Feira
– Exibição da série documental “A Cor do Som – Memórias da Música Negra” (2019) de Maurício Pazz, que aborda as diversas contribuições de musicistas negros para a música instrumental brasileira contemporânea, comentada pelo autor.
– Roda de conversa “O lugar do feminino na música instrumental brasileira”
– Show projeto Radiodiáspora e o projeto selecionado pela curadoria do Festival Instrumental Mulambo Jazzagrário a partir da seletiva/chamada pública.
Horário: 17h
Local: Museu de História e Cultura Afro-Brasileira (MUHCAB)
Endereço: Rua Pedro Ernesto, 80 – Gamboa, Rio de Janeiro
Gratuito
13 de Maio, Sábado
Apresentação de banda formada por instrumentistas, musicistas convidadas pela curadoria do Festival dentre elas Ana Magalhães e Juliane Gamboa, além de mais um projeto selecionado pela curadoria do Festival a partir da seletiva/chamada pública
Horário: 17h
Local: – Praça Guilherme da Silveira
Endereço – Praça Guilherme da Silveira – Bangu, Rio de Janeiro – RJ
Gratuito