Depois de viver três anos em Londres e transitando por toda a Europa, Arícia Mess – artista singular e inovadora, cuja voz lembra divas como Elza Soares e Dona Onete, segundo Ole Schulz, editor alemão do jornal TAZ – está de volta ao Brasil trazendo na bagagem os trabalhos e as conquistas de lá e já arregaça as mangas pra mostrá-los aqui.
Agora é a vez do lançamento do single “Maria Bethânia”, de Caetano Veloso, produzido pelo guitarrista Guilherme Held (pupilo de Lanny Gordin, legenda tropicalista) e Carlos Trilha, que toca sintetizadores minimoog e Yamaha CS-1 que já está a partir de hoje, sexta, dia 24 de março, nas plataformas digitais, pelo selo alemão Korokoro.
A capa deste single “Maria Bethânia” é um trabalho da artista carioca Dedeia Rocha, parceira de Arícia no grupo colaborativo de mulheres Bora Girls, composto por artistas que fazem a ponte da capital inglesa para o Brasil.
“Há anos pensava em gravar uma canção de Caetano Veloso. Entre centenas de canções de Caetano que fizeram parte da trilha sonora de nossas vidas escolhi “Maria Bethânia”. Uma carta, uma mensagem para nossos irmãos nos versos do mundo, uma música de 1971 que transcende além do tempo, o espaço. Eu gostaria de chegar longe com ela e fazer ouvir a voz da nossa música brasileira, escrita na língua inglesa de forma brilhante, simples e íntima, como um alô para quem está longe e deseja que as coisas possam melhorar. A canção conversa com nosso tempo onde tudo se destrói e reconstrói e nosso país renasce após quatro anos de devastação. Então, mando essa carta em forma de canção para todos os lugares onde ela possa tocar e ser tocada, como sinal de renascimento. Estamos aí. Caetano é foda, o Brasil é foda. Nós somos foda”, nos conta Arícia.
Recentemente, Arícia lançou mundialmente o videoclipe da música “ViralataHumana” (dela e Suely Mesquita), dirigido pela francesa Shani Carpentier, um “bônus vídeo” que faz parte do projeto “Versos do Mundo” – álbum lançado digitalmente em 2021 em meio à pandemia também pelo selo alemão Korokoro. “Versos do Mundo” teve músicas gravadas em São Paulo, Londres e Lisboa, as cidades onde Mess viveu durante os últimos anos, e é um belo disco, com grooves de violão afro-brasileiro, enriquecido eletronicamente, e inspirado na imensurável riqueza da cultura brasileira, com toque de dub, harmonias descontraídas, neo-soul e new-wave e teve participação de Dona Onete em “Batuque é reza forte”, música em que dividiram autoria e vocais.
Esse álbum ganhará em 2023 mais sete videoclipes produzidos em Londres pelo produtor e diretor baiano Tiago Di Mauro, dono da Infinita Productions, em colaboração com um grupo de jovens diretores de várias nacionalidades, franceses, gregos, iranianos, todos residentes naquela cidade.
E vêm mais novidades por aí. Arícia lançará também o single “Nine Out Of Ten”, do disco “Transa” de Caetano Veloso, produzida por Pipo Pegoraro (produtor da Xênia e de Péricles Cavalcanti), encomenda para o projeto Barkino de Pedro Montenegro para Soho Radio em Londres em benefício da Audio Rebel do Rio De Janeiro, que ainda não tem previsão de lançamento nos streamings.
Sobre Arícia Mess (by Tárik de Souza)
Artista singular e inovadora, a niteroiense Arícia Mess despontou em meados dos 90, num núcleo musical multiforme, a partir do Rio, inicialmente denominado retropicalismo, que revelaria ainda Pedro Luís (e o grupo Boato), Suely Mesquita, Luis Capucho, Mathilda Kóvak, Fred Martins e Rodrigo Campelo. Seu trajeto musical passou pelo álbum e vídeo do “Bloco Rap Rio”, ao lado de Fernanda Abreu, Fausto Fawcett, Planet Hemp e B Negão, em 1997. Seu primeiro solo, “Cabeça coração” sairia em 2001, produzido por ela, Carlos Trilha e Fernando Morello, com sucessos como “O homem dos olhos de raio X” (Lenine) e “Superlegal”, anteriormente lançado na Europa como single pelo selo londrino Far Out. Uma década depois, viria “Onde mora o segredo”, também produzido por Trilha e a intérprete, com destaque para a iconoclasta “Black is beautiful”, dos irmãos Marcos e Paulo Sérgio Valle. Mais uma década, e ela ressurge, em 2021, com seu álbum mais globalizado, “Versos do mundo”.
O projeto também está associado a três anos de viagens pela Europa apresentando-se em concertos e gravando entrevistas para programas em Paris, Berlim, Lisboa e Londres ao lado de artistas como Nina Miranda, do Smoke City, e o DJ Maseo, do De La Soul. A partir de 2016, Arícia ainda comandou e produziu o programa semanal “Flower Power”, na rádio Vozes na Internet, dirigida pela jornalista Patrícia Palumbo. Agora independente, com o título de “Música do Brasil e do mundo”, o programa acaba de ganhar um prêmio do Itaú Cultural.
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