Aconteceu no último dia 5 de novembro, sábado, no MUHCAB – Museu da História e Cultura Afro-Brasileira,- na Gamboa, centro do Rio de Janeiro, o lançamento do Festival Ori, realizado pela CULTNE TV, na estreia a exibição e lançamento do filme “Tributo à Mãe Beata”.
O Festival surge com um propósito de circular a cidade e culturalmente celebrar a importância das lutas antirracistas, a importância de um povo que precisa estar vivo e unido. É uma mistura da conscientização da importância do preto na sociedade, do reconhecimento do valor, da cultura e da luta de pessoas pretas que não se calaram contra o racismo. Frente ao projeto está o produtor, editor, documentarista e CEO da CULTNE, Dom Filó.
“Abrir o Festival Ori com as bênçãos de Yá Mãe Beata de Yemanjá, significa que o axé estará presente em toda programação do Festival. Teremos uma programação extensa e me sinto protegido. Nós só precisamos caminhar e trabalhar defendendo nossas narrativas. O Festival Ori significa: “Cabeça na consciência, essa é nossa missão”. Exaltou Dom Filó
Logo após a exibição do lançamento do curta uma roda de conversa foi montada e a emoção correu solta, muitas reverências e histórias vivenciadas com a sacerdotisa Mãe Beata. A roda foi liderada por Babá Adailton Moreira Costa (filho biológico e o Babalorixá sucessor da saudosa Ìyálórìṣà Beata de Yemanjá, fundadora do tradicional terreiro Ilê Omijuarô). Contou com Ìyá lásé Ivete Moreira; Ìyá Kekerê Doya Moreira; Helena Theodoro e Lúcia Xavier
O encontro foi inserido no projeto Café Preto, fazendo parte da 1° atração do Festival Ori, que chega em sua 3° edição. Abriu com o lançamento do filme “Tributo a Mãe Beata” de Dom Filho, dentro da programação do Festival Ori. ….
“O Festival Ori é um festival que todos nós temos que apoiar. E o resgate da nossa memória cultural, artística, negra. O trabalho de Dom Filó é renovador, vanguardista e ancestral. E o tributo a mãe Baeta, vem nos engrandecer, deixando para futuras gerações essa mensagem de nossos líderes, heróis e heroínas negras para as próximas gerações”. Comentou Babá Adailton
Lideranças negras, intelectuais, representantes culturais, entre outros, marcaram presença, como Maria Soares (uma lenda viva, sua resiliência de uma militante no alto dos 98 anos, sempre acompanhando passeatas e atos em defesa do povo, no combate ao racismo e pela democracia). A abertura trouxe uma pequena amostra de toda a importância, reconhecimento do Festival Ori e seu lugar de fala, das artes, de expressar e ocupar um lugar que é seu por direito. Helena Theodoro, escritora e uma das mais atuantes intelectuais negras do Brasil – é autora da primeira tese de Doutorado em Filosofia sobre filosofia africana – marcou presença, além do Babalawô Ivanir dos Santos.
“O Festival Ori é mais que representativo, um evento multi-linguagem, alusivo à consciência Negra. A Cultne é tutora do maior acervo digital de cultura negra da América Latina. Todas as honras para Dom Filó, que vem há anos arquivado, registrando o protagonismo negro”, declarou Ivanir dos Santos, que é intrelocutor da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR) e Fundador do Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (CEAP).
Para fechar o primeiro dia Bieta DJ cuidou do som, nas mãos certas, Bieta é uma artista multimídia: produtora cultural, dançarina, pesquisadora das culturas de matrizes afro brasileiras e africanas. Participação ainda do Dj Neném, veterano nas carrapetas e um pocket show de Juliana Gamboa que arrasou na voz e violão.
O Festival vai até o dia 20 de novembro. Para a próxima semana, rodas de conversas, exibição de filmes e muita música.
Crédito foto: Bi&Ro Assessoria de Comunicação