Salve, salve minhas queridas capivaras.
O Vivo Rio vai receber o grande Lulu Santos nesse fim de semana.
Lulu Santos apresentará seu novo show: ‘Alô Base!’ em comemoração aos 40 anos de sucesso.
O cantor vai revisitar grandes obras, trazendo no setlist músicas que marcaram época e recentes canções, com a proposta de reconectar todos os pontos da trajetória.
Serão dois dias de Lulu no Vivo Rio, sexta, dia 26, e sábado, dia 27.
Lulu Santos vê a vida melhor no futuro desde 1982, quando lançou seu disco de estreia, “Tempos modernos”, após alguns anos gramando em empregos em gravadoras, revistas, tocando guitarra e cantando onde fosse possível (sim, o grupo Vímana, por exemplo) e sonhando com o destino de ser star. Já com 27 anos, conseguiu com o amigo Liminha (à época o baixista dos Mutantes, e ainda não o principal produtor do rock brasileiro) uma vaguinha para gravar suas composições em um estúdio na Zona Norte carioca, às margens da linha do trem, nas sobras de horários de Gilberto Gil. A essa altura, Luiz Maurício Pragana dos Santos já tinha se apaixonado pelos Beatles, passado pelo rock progressivo e chegava ao poprocksambalanço que o tornaria a máquina de sucessos que é há cerca de 40 anos.
Se “Tempos modernos” não foi um estouro, garantiu a Lulu a possibilidade de, como disse o gerente de marketing da gravadora WEA na época, Heleno de Oliveira, “ser artista” e ter aquilo como opção profissional definitiva. Shows pelos subúrbios, Chacrinha, TV, rádio e muitos quilômetros percorridos o levaram a “O ritmo do momento” (1983) e “Tudo azul” (1984; sim, na época eram comum os discos anuais, principalmente para quem estava começando). A trinca inicial – cujas histórias, contadas pelo próprio, estão na coleção de vídeos “Auto resenha”, disponível no YouTube) – deu a Lulu uma coleção já respeitável de sucessos, como “Tempos modernos”, “De repente, Califórnia” (estourada inicialmente na versão de Ricardo Graça Melo, do filme “Menino do Rio”, de Antônio Calmon), “Adivinha o quê?”, “Como uma onda”, “Um certo alguém”, “Tudo azul”, “Certas coisas”, “Tão bem”… uma carteira de investimentos respeitável, cuja popularidade se aferiu no Rock in Rio de 1985, quando Lulu, aos 31 anos, se apresentou nas mesmas noites que nomes como Queen, Rod Stewart, Nina Hagen, Paralamas do Sucesso e Blitz, as de 13 e 18 de janeiro.
Ao iniciar a trilogia seguinte, com “Normal” (1985), Lulu já estava em outro patamar, assim como o rock brasileiro, que explodia no pós-ditadura militar. Mais experiente no estúdio (além de ter um orçamento maior à disposição) e à vontade na guitarra, lançou “Lulu” no ano seguinte e, no subsequente, “Toda forma de amor”, com um de seus maiores sucessos como faixa-título, além de “A cura” e “Satisfação”. A década de 1980 chegou ao fim com o disco ao vivo “Amor à arte” (gravado no Olympia, em São Paulo, em agosto de 1988 e lançado no ano seguinte) e com “Popsambalanço e outras levadas” (também de 1989), um sopro de ar fresco em que ritmos dançantes, percussões e quadris tomam conta das composições, quase todas de Lulu sozinho (apenas duas têm o frequente parceiro Nelson Motta, e uma, “Samba dos animais”, é assinada pelo mestre Jorge Mautner).
O ano de 1994, além de consagrar Bebeto & Romário na Copa dos Estados Unidos, produziu outra dupla campeã: Lulu e o produtor Marcello Mansur, o Memê. A sensibilidade pop do compositor e as batidas disco-chiques do DJ levaram a “Assim caminha a Humanidade”, uma dançante arca do tesouro que vendeu como água ao reunir a faixa-título, “Tudo”, “Tuareg”, de Jorge Ben Jor, “Hey hey, my my”, de Neil Young e um Lulu Santos no auge da forma.
Hora de uma repassada na carreira, que veio com o “Acústico MTV”, enfileirando hits e inéditas, como “Made in Brasil”: “Uh, passou de 2000/ Ninguém faz igual a brasileiro o rock do Brasil”. O sucesso veio aos borbotões, com justiça finalmente sendo feita para “Apenas mais uma de amor” e outras. Casa limpa, partiu novo milênio!
E partiu espaço sideral, no clipe de “Todo universo”, sucesso de “Programa”, disco cuja capa Lulu estampa exibindo orgulhosamente os cabelos grisalhos. Em gravidade zero num avião-laboratório da aeronáutica russa, em Moscou, ele canta, toca e dança enquanto, literalmente, flutua. Em 2003 veio o animadão “Bugalú”, com a sempre afiada produção de Memê e uma penca de sucessos.
Os anos 2010, aliás, começaram com Lulu por todos os lados: na TV, como técnico do “The Voice Brasil”, da TV Globo, ao lado de parças como Carlinhos Brown, Ivete Sangalo e Iza. Lulu é o único técnico a estrelar as 10 temporadas do programa até 2021. Ele também singrou novos mares musicais: o disco “Lulu canta Roberto & Erasmo” foi seu primeiro trabalho totalmente dedicado à obra de outros compositores, em versões para clássicos da música brasileira como “Festa de arromba”, “Emoções” e “Se você pensa”.