Um homem e uma mulher rompem um casamento de 25 anos. Chega a pandemia, decidem ficar juntos, cooperar. Os diálogos, fora da ordem cronológica, vão contando uma história de amor. Até a quarentena acabar. Até o medo passar. Até a despedida chegar.
Após temporadas de sucesso nas unidades do CCBB Rio, Brasília, Belo Horizonte e São Paulo, volta ao Rio de Janeiro, depois de um ano, para uma curta temporada no Teatro Petra Gold do espetáculo “Coração de Campanha”, de Clarice Niskier, que em 2021 comemorou 40 anos de carreira.
“Coração de Campanha” traz ao espectador, em um tom leve e comovente, o reflexo da pandemia nas relações.
Em cena, a própria Clarice e Isio Guelman (recentemente no ar na novela das 21h “Um Lugar Ao Sol”, de Licia Manzo e no ar na minissérie “Passaporte Para a Liberdade”, ambas da TV Globo). A peça dá continuidade à parceria de Clarice com Amir Haddad, mais uma vez supervisor de direção. O bem-sucedido ‘casamento’ começou há quase 15 anos com a estreia de “A Alma Imoral” (15 anos ininterruptos em cartaz), e vem seguindo nos espetáculos “A Lista” e “A Esperança na Caixa de Chicletes Ping Pong”, esta inspirada na obra poético-musical de Zeca Baleiro.
Com a chegada da pandemia do coronavírus em 2020, trazendo mudanças e agravando antigos problemas, uma questão chamou especialmente a atenção de Clarice Niskier – o aumento da violência doméstica. O evento despertou na atriz a urgência de fazer um contraponto e falar sobre a realidade das famílias que se reaproximaram, dos casais que passaram a se ajudar, da importância da solidariedade em meio à tantas perdas e do nascimento de grandes amizades amorosas.
Destas reflexões nasceu o texto que apresenta um casal surpreendido pela quarentena, em plena crise e iminente separação. Eles não fogem dos conflitos, e este confronto desemboca em um silêncio renovador – ambos não querem mais “ter razão”, mas encontrar saídas para os problemas que foram se cristalizando com o tempo. Em meio a tragédia, descobrem dentro de si novas possibilidades.
“Comecei a escrever intuitivamente, sem nenhuma preocupação, como se fosse um diário. Diálogos curtos sobre o mundo, a situação do planeta, a vivência dentro de casa, com a família, tudo interligado. Convidei o Isio (Ghelman, ator) para ler comigo pelo Zoom as cenas iniciais. Ficamos impactados com a leitura. Sentimos que dava samba. A partir daí decidi escrever uma peça de teatro. São dezenas de cenas curtas, entremeadas por música e silêncio.”, conta Clarice.
CLARICE NISKIER – atriz e autora
Clarice Niskier estreou no Teatro Tablado em 1981, na peça “Tambores na Noite”, de Bertolt Brecht, sob a direção de Dina Moscovitch, no Rio de Janeiro. Em seguida, foi convidada a participar da peça “Porcos Com Asas”, de Mauro Rádice e Lidia Ravera, sob a direção de Mario Sérgio Medeiros, interpretando a sua primeira protagonista, em 1982, no Teatro Cacilda Becker.
Trabalhou na Companhia “Tem Folga na Direção”, sob a direção de Antônio Pedro nas peças “Cabra Marcado Pra Correr”, (Judas em Sábado de Aleluia), de Martins Pena, e “Tá Ruço no Açougue” (Santa Joana dos Matadouros), de Brecht. Ainda nos anos 80, trabalhou com o Grupo Pessoal do Despertar, no Parque Lage, atuando na peça “O Círculo de Giz Caucasiano”, também de Brecht, sob a direção de Paulo Reis; com a premiada diretora do Grupo Navegando, Lucia Coelho, em diversas peças infantis; com Bia Lessa, na peça “Os Possessos”, de Dostoievski, e com Amir Haddad, em “Faces, o Musical”.
Nos anos 90 atuou na peça “Bonitinha, Mas Ordinária”, de Nelson Rodrigues, sob a direção de Eduardo Wotzik e em seguida na peça “Confissões das Mulheres de Trinta”, texto coletivo, sob a direção de Domingos Oliveira. Com estes dois diretores desenvolveu uma longa parceria. No Centro de Investigação Teatral, dirigido por Eduardo Wotzik fez o papel título de “Yerma”, de Federico Garcia Lorca, “Tróia”, de Eurípedes, que lhe valeu as indicações para os Prêmios Shell e Mambembe de Melhor Atriz em 1993. E atuou em seu primeiro monólogo: “Um Ato Para Clarice”, coletânea de textos de Clarice Lispector, roteiro de Eduardo e Bianca Ramoneda, além de atuar também na peça “Equilíbrio Delicado”, de Edward Albee. Com Domingos Oliveira, encenou seu segundo monologo, “Buda”, de autoria própria, e nas peças “Confissões das Mulheres de Quarenta”, texto idealizado e escrito pela atriz sob a orientação dramatúrgica de Domingos Oliveira e colaboração das atrizes Priscilla Rozenbaum, Dedina Bernardelli e Cacá Mourthé; e com Domingos fez também a peça “Isabel”, de Aderbal Freire-Filho, com Maitê Proença e Aderbal como atores, e nas peças “Amores” e “Primeira Valsa”, ambas de autoria do próprio Domingos Oliveira. Clarice participou de vários filmes dirigidos por Domingos, entre eles, “Amores” e “Feminices”.
A partir do ano 2000 trabalhou nas seguintes peças: “A Memória da Água”, de Shelagh Stephenson, sob a direção de Felipe Hirsch; “O Caso da Rua ao Lado”, de Eugène Labiche, sob a direção de Alberto Renault; “Antônio e Cleópatra”, de Shakespeare, sob a direção de Paulo José; “Tudo Sobre Mulheres”, de Miro Gavran, sob a direção de Ticiana Studart, que lhe rendeu a sua segunda indicação para o Prêmio Shell de Melhor Atriz, em 2006; na peça “A Alma Imoral”, adaptação da própria atriz do livro “A Alma Imoral”, de Nilton Bonder, sob a supervisão de Amir Haddad, que estreou no Espaço Sesc-Copacabana, em junho de 2006. “A Alma Imoral” está há dez anos em cartaz, já foi vista por mais de 400 mil espectadores, Clarice recebeu indicação para vários prêmios, entre eles os Prêmios Eletrobrás de Melhor Espetáculo, Melhor Atriz e Melhor Figurino; recebeu sua terceira indicação para o Prêmio Shell de Melhor Atriz, sendo a ganhadora deste prêmio em 2007. Clarice ganhou também o Prêmio Qualidade Brasil de Melhor Atriz – Drama SP em 2008, por sua atuação em “A Alma Imoral”, que cumpre temporada na capital paulista, no Teatro Eva Herz, sempre com casas cheias. A peça estreou em junho de 2006 e já foi vista em mais de 23 cidades brasileiras.
Sem interromper o espetáculo A Alma Imoral, Clarice Niskier atuou em 2009 na peça “Maria Stuart”, no CCBB de Brasília e do Rio de Janeiro, sob a direção de Antonio Gilberto, ao lado de Julia Lemmertz. O que lhe rendeu uma bonita matéria na Folha de S. Paulo sob o título: “Sem Folga, Atriz alterna Trono e Nudez”. Atuou também, em 2012 e 2014, na peça O Lugar Escuro, de Heloisa Seixas, ao lado de Camila Amado; em 2015 estreou seu quarto monologo “A lista”, de Jenniffer Tremblay, que lhe valeu nova indicação para o Prêmio Shell de Melhor Atriz de SP.
Clarice tem ainda em seu currículo várias participações em programas de televisão, como a personagem Alzira da novela “Ciranda de Pedra”, de Alcides Nogueira, na TV Globo, sob a direção de Denise Saraceni, em 2009; e em 2011 uma participação especial na novela “Araguaia”, de Walther Negrão, também na TV Globo, interpretando a divertida Irmã Dulce. Atuou na novela “Carinha de Anjo”, do SBT. Clarice fez ainda participações especiais na série “Macho Man”, na TV Globo, ao lado de Marisa Orth e Jorge Fernando; e na série “As Brasileiras”, de Daniel Filho, ao lado de Malvino Salvador e Sophie Charlotte. Protagonizou o filme “A Viagem de Volta”, direção de Emiliano Ribeiro.
Clarice Niskier dirigiu a peça “Aquela Outra”, de Licia Manzo; co-dirigiu com Maitê Proença e Amir Haddad a peça “À Beira do Abismo Me Cresceram Asas”. Seguiu com as temporadas de “A Alma Imoral” (que ficou 14 anos consecutivos em cartaz) e “A Lista”, e em 2020 estreou “A Esperança na Caixa de Chicletes Ping Pong”, com texto de sua autoria, inspirado na obra poético-musical de Zeca Baleiro.
ISIO GHELMAN – ator
Ator profissional desde 1985, atuou em mais de 50 espetáculos. Em 2015, recebeu o Prêmio APTR de Melhor Ator em papel coadjuvante por seu desempenho na peça A estufa, de Harold Pinter. Entre seus espetáculos de teatro mais recentes destacam-se: Fim de Caso; Os desajustados; O garoto da última fila; Ivanov; Vianinha conta o último combate do homem comum; Jacinta; Novecentos; Moby Dick; Traição; O púcaro búlgaro e Sonata de outono, tendo sido dirigido por Aderbal Freire-Filho, Ary Coslov, Victor Garcia Peralta, André Paes Leme, Felipe Hirsch, Miguel Falabella, Domingos Oliveira, Enrique Diaz, Guilherme Piva e outros.
Na televisão, integrou o elenco do novo Zorra (TV Globo), entre 2015 e 2017. Destacam-se também sua atuação na série Amorteamo e nas duas temporadas de Aline. Foi ainda o protagonista da série Gente Lesa. Recentemente esteve no ar na novela das 21h, Um lugar ao sol, de Licia Manzo, e está no ar na minissérie Passaporte Para a Liberdade, ambas da TV Globo.
No cinema, além de ter atuado em diversos curta-metragens, fez recentemente o personagem Watson no ainda inédito Lucicreide vai para Marte, de Rodrigo César e Jerome no longa-metragem Querido Embaixador de Luiz Fernando Goulart. Fez ainda o personagem José no drama bíblico Maria, a mãe do filho de Deus, dirigido por Moacyr Góes e Norman Jones, pai de Stuart Angel Jones em Zuzu Angel, de Sérgio Rezende.
Sinopse:
Coração de Campanha:
É uma comédia romântica e contemporânea.
Uma atriz e um professor universitário, casados há 25 anos, estão às vésperas do divórcio quando chegam a pandemia e a quarentena. Com todos os teatros fechados, ela fica sem trabalho e sem renda. ELE (Isio Ghelman), com emprego estável e salário garantido, permanece em casa. Ele propõe uma cooperação amigável no lugar de uma separação amigável. ELA (Clarice Niskier), indecisa, acaba aceitando: permanecem juntos de março a dezembro de 2020. O casal mora com o filho de 21 anos, que passa pelo período mais difícil de sua vida, todos os planos foram por água abaixo com a chegada da pandemia. Novas dimensões da relação vão surgindo e surpreendendo o casal. Em tom leve, comovente e bem-humorado, eles conversam sobre rupturas, amizade, amor, sexo, casamento, envelhecimento, perdas, desilusões, dinheiro, sobrevivência, pandemia, transformações sociais, trabalhos on-line e relação com o filho. Ela perde o pai para a pandemia. Ele perde amigos. Eles vão ganhando cada vez mais um ao outro. Em dezembro, ele se muda. A questão, se continuam ou não um casal, fica em aberto. Mas a humanidade de cada um estará preservada e expandida para sempre após essa experiência.
Relevância:
Foi divulgada uma estatística sobre o aumento da violência doméstica durante a
pandemia. Por outro lado, aconteceram as histórias de reaproximações familiares, e de solidariedade. Coração de Campanha conta uma dessas histórias. Se o casal se separa ou não, é uma questão em aberto. Não se trata de um final feliz ou infeliz. Trata-se de revelar uma dimensão do relacionamento humano onde não há mais julgamento possível.
A peça é uma expressão das nossas mais recentes experiências, não poderia ser mais atual, pois mergulhada no contexto de experiências que ainda vivemos, pode ser uma luz a nortear os caminhos para a solução de tantos conflitos, dificuldades e temores vividos nestes tempos difíceis.
O público-alvo
Todo e qualquer público é o interesse do espetáculo. O jovem adulto, professores, trabalhadores, todos que certamente um dia passarão, passaram, ou vivem atualmente realidade próxima ou diferente das histórias contadas no texto de Clarice Niskier.
O título do espetáculo é uma analogia ¨Coração de Campanha¨ é uma analogia a expressão Hospital de Campanha. Na primeira um grande coração a tratar das dores da alma, das perdas e das voltas por cima da qual todos somos capazes. Na segunda, um grande hospital a cuidar das enfermidades do corpo.
A ficha técnica do espetáculo é composta por gente de muita experiência na cena Brasileira:
Apoio institucional Centro Cultural Banco do Brasil
texto e direção Clarice Niskier
supervisão de direção Amir Haddad
elenco Clarice Niskier e Isio Ghelman
cenografia José Dias
iluminação Aurélio de Simoni
figurino Kika Lopes
trilha sonora original José Maria Braga
preparadora vocal Rose Gonçalves
operador de som e luz Carlos Henrique Pereira
assistente de produção Gláucia Sundin
preparadora corporal Mary Kunha
assessoria de comunicação JS Pontes Comunicação
foto Dalton Valério
vídeo Cavídeo Produções
programação visual Studio C
direção de produção José Maria Braga
produção Niska Produções Culturais
NOVA TEMPORADA: até 31 de julho, sábados e domingos. Sábados às 21h e domingos às 19:30
Local: Teatro PetraGold
Rua Conde de Bernadote, 26 – Leblon / RJ (estacionamento no local) Tel: (21) 3988-3653
HORÁRIOS: sab às 21; dom às 19:30h / INGRESSOS: R$70 e R$35 (meia) / VENDAS: DURAÇÃO: 70 minutos / GÊNERO: comédia romântica contemporânea / CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: 16 anos / CURTA TEMPORADA: até 31 de julho