A peça cria um encontro entre a personagem contundente e enigmática de Luiza Mahin, heroína mitológica da Revolta dos Malês, e mulheres negras contemporâneas que vêm perdendo seus filhos para a necropolítica e para o feminicídio, cujas narrativas, construídas a partir de depoimentos reais, vêm reafirmar um passado cíclico de perdas e assassinatos de jovens negros e de mulheres no Brasil.
Salve, salve minhas queridas capivaras.
O espetáculo “Luiza Mahin… eu ainda continuo aqui”, com texto de Marcia Santos e direção de Édio Nunes, faz curta temporada no Teatro PetraGold em maio, simultaneamente com transmissão ao vivo e plateia presencial.
A temporada vai de 16 a 30 de maio, sempre aos domingos, às 17h.
O espetáculo aborda a questão do extermínio da juventude negra no país, bem como o desaparecimento destes jovens oriundos de comunidades e periferias, relatados por várias mães negras.
A peça pretende jogar luz sobre essa cíclica separação forçada dos filhos que acomete as populações negras há séculos.
A montagem promove um cruzamento entre os relatos contemporâneos destas mães com a vida da personagem Luiza Mahin, nascida no início do século XIX, mãe do advogado abolicionista e jornalista Luiz Gama, vendido como escravo pelo próprio pai. Mahin surge como uma voz ancestral que, conhecendo a dor da perda de um filho, vem para acalentar estas mulheres.
O texto foi elaborado para ser espinha dorsal, fio condutor e costura de uma coletânea de falas e depoimentos verídicos de mães vítimas da violência policial, veiculados em diferentes mídias.
Com sua existência até hoje posta em dúvida, Luiza Mahin, que ficou conhecida como revolucionária na Revolta dos Malês (1835 – BA), representa para a comunidade negra o ideário de uma ancestral guerreira, símbolo de força e inspiração para as mulheres negras.
Sua história ainda é praticamente desconhecida, apesar da importância do seu filho Luiz Gama como jornalista e advogado abolicionista.
O texto da peça foi criado a partir do único documento que comprova sua existência – uma carta deixada por seu filho.
Vale lembrar que o espetáculo “Luiz Gama: Uma Voz pela Liberdade”, com Deo Garcez, está em cartaz no Teatro PetraGold.
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SERVIÇO:
“Luiza Mahin… eu ainda continuo aqui”
TEMPORADA: de 16 a 30 de maio
HORÁRIOS: sempre aos domingos, às 17h
apresentações online e ao vivo e presenciais (com plateia)
LOCAL: Teatro PetraGold – Rua Conde de Bernadote, 26, Leblon / RJ
INGRESSOS PARA TRANSMISSÃO AO VIVO E ON-LINE: a partir de R$20,00
INGRESSOS PARA PLATEIA PRESENCIAL: R$50 E R$25 (meia)
– o espetáculo com plateia presencial segue as normas de segurança sanitária para a covid-19 e recebe 40 espectadores por sessão (10% da capacidade da sala)
ONDE COMPRAR E ASSISTIR: https://www.sympla.com.br/produtor/TeatroPetraGoldONLINE ou na bilheteria com ate 1h de antecedência para plateia presencial
DURAÇÃO: 70 min / CLASSIFICAÇÃO ETÁRIA: 14 anos / GÊNERO: drama contemporâneo
A sala de espera do espetáculo ficará aberta a partir de 16:30h e às 17h a sessão se inicia
Em caso de dúvida entre em contato com petragold@sympla.com.br
VIDAS NEGRAS IMPORTAM?
“Luiza Mahin… eu ainda continuo aqui” coloca em perspectiva a questão das perdas sociais representadas pela morte de tantos jovens, na medida em que traça um paralelo com a bem-sucedida trajetória abolicionista de Luiz Gama, filho de Mahin, provocando uma reflexão sobre qual poderia ter sido o curso de vida – pessoal e social – de cada um desses jovens assassinados.
O projeto nasceu do desejo de Cyda Moreno, atriz e idealizadora, de trazer para a cena a dor de tantas mães que tem tido seus filhos assassinados e desaparecidos, numa recorrência macabra que já se tornou lugar comum na sociedade brasileira.
A MONTAGEM
A equipe é formada por artistas negros, veteranos, com trajetória reconhecida e comprovada no cenário artístico do carioca e brasileiro: Édio Nunes (direção geral e preparação corporal), Jorge Maya (direção musical), Wanderlei Gomes (figurinos e adereços), Regina Café (percussão), as atrizes Cyda Moreno, Marcia Santos, Márcia do Valle, Taís Alves e o ator Jonathan Fontella.
A peça é estruturada em monólogos que, distribuídos entre as quatro atrizes, buscam formar uma narrativa única, apresentando relatos de situações reais como a chegada da notícia de um filho assassinado; o interrogatório policial; o reconhecimento do corpo de um filho no IML; a abordagem policial nas comunidades pobres; os traumas e doenças provenientes das perdas violentas; revolta, vazio, culpa e solidão.
Nessa estrutura, a figura de Luiza Mahin se insere trazendo para o debate a questão do tempo – recorrência, repetição e permanência de um modus operandi na relação do Estado e da sociedade com as populações negras e pobres, que resulta na necessidade constante de luta e resistência.
ORIGEM DO PROJETO
A atriz e idealizadora do projeto, Cyda Moreno, é quem conta:
“Como mulher negra, mãe de 2 jovens negros, e moradora da zona norte do Rio de Janeiro, cada vez que uma criança, ou um jovem negro é “abatido”, sinto como se tivesse caído um dos meus. O medo, o sofrimento e a impotência nos apavoram. Sinto que cada dia estamos mais perto de ser o alvo dessa tragédia. Uma família negra que vive nas grandes cidades, principalmente na cidade do Rio de Janeiro, não dorme em paz. Até dentro de casa podemos perder de forma bárbara e violenta os nossos familiares. Um grupo de outras mulheres negras, atrizes e mães também sentiram esta mesma necessidade: de usar a arte para levar esta indignação às pessoas. Eles não podem nos
calar. E nós não podemos continuar nos deixando levar pela impotência. E na necessidade de retratar a dor de nossas mães, surgiu o desejo de associar estas mulheres à dor de Luiza Mahin, misturando passado e presente. Mahin até hoje é uma personagem enigmática da nossa história. E a discussão quanto a sua existência ou não, é um desafio para muitos historiadores.”
FICHA TÉCNICA
Texto: Márcia Santos
Idealização: Cyda Moreno
Direção artística e corporal: Edio Nunes
Direção musical e preparação vocal: Jorge Maya
Elenco: Cyda Moreno, Marcia Santos, Jonathan Fontella, Taís Alves
Atriz convidada: Marcia do Valle
Voz de Luiz Gama: Deo Garcez
Vozes em off: Thelmo Fernandes e Marcelo Escorel
Cenário e figurinos: Wanderley Gomes
Trilha sonora original: Jorge Maya e Regina Café
Percussão: Regina Café
Desenho de luz: Valdecir correia
Edição de vídeo: Madara Luiza
Fotografia: Cláudia Ribeiro
Design: Maria Julia Ferreira
Maquiagem: Andreia Jovito
Coordenação de marketing: Naira Fernandes
Apoio de pesquisa histórica: Aline Najara
Direção de produção: Cyda Moreno
Assistente de produção: Marina Silva
Assessoria de Imprensa do Teatro PetraGold: JSPontes Comunicação
EDIO NUNES – direção geral e preparação corporal
Dirigiu Madame Satã (Prêmio Melhor Direção Fest Art), Lapinha (indicado ao Prêmio APTR de Melhor Dir Musical), Cabaré Dulcina (Prêmio Shell /Melhor Dir Musical ) Noel Rosa, entre outros.
Atuou em Kid Morengueira (indicado ao Prêmio Cesgranrio), Zeca Pagodinho, Sambra, Quando a gente ama, South American Way, entre outros. Recentemente esteve em cartaz com A Vida Passou por Aqui, ao lado de Claudia Mauro, no Teatro Petra Gold.
Como coreógrafo, foi Tricampeão no Prêmio Cebetij por Sambinha, Forró Miudinho e Choro de Puxinguinha.
JORGE MAYA – direção musical e preparação vocal
No teatro, atuou em A Cor Purpura, dir. Tadeu Aguiar; O Homem de la Mancha, dir. Miguel Falabella; A Gaiola das Loucas, dir. Miguel Falabela; As Mulheres de Grey Gardens, dir. Wolf Maya; Beijo no Asfalto Musical, dir. João Fonseca; Otelo da Mangueira”, de Gustavo Gasparani; Caia na Gandaia, da Cia Dramática de Comédia; Geraldo Pereira, um Escurinho Brasileiro, de Ricardo Hoffstetter; É samba na veia, é Candeia, de Eduardo Rieche; Gota D ́agua, dir. João Fonseca; Noel; Feitiço da Vila; South American Way, dir. Miguel Falabella.
Na TV, atuou em Tô de Graça”, no Multishow, com o personagem Canário; novelas Pacto de Sangue; A Lua me Disse; Aquele beijo; Joia Rara; Chiquinha Gonzaga; Brava Gente.
Como preparador vocal, assinou os espetáculos Eu Amarelo – Carolina Maria de Jesus; Não sou Feliz Mas Tenho Marido, com Zezé Polessa; A árvore da vida e O Príncipe Peralt; entre outros.
MARCIA SANTOS – dramaturga e atriz
Autora do monólogo AS PESSOAS e Luiza Mahin… eu ainda continuo aqui. Atriz em Forró Miudinho, infantil premiado com o CBTIJ/2105 de melhor elenco (Coletivo de Atores). Líder do Grupo Teatral Fosco Aveludado. Produziu e atuou nos musicais Viva Barcos; Remix; Finíssimo Acabamento; Discoteca do Chacrinha, entre outros. Atuou e assinou concepção, roteiro e direção de BRASIL 70 – Musical, com o qual se apresentou no Cassino Estoril – Portugal, a convite da Embaixada do Brasil em Lisboa, em 2013. Temporada no Rio e circulação pelo interior do estado.
Em televisão, participou das novelas Sabor da Paixão; Lua Cheia de Amor; Barriga de Aluguel, na TV Globo, entre outras. Na extinta TV Manchete, atuou em Mandacaru, de Walter Avancini; Corpo Santo; e Rede de Intrigas, com direção geral de José Wilker. Atuou, ainda, nos musicais Eu Estou Apaixonado por Você, com direção de Bia Montez; Porgy and Bess, O Musical, dirigido por Fábio de Mello; entre outros.