Através da metáfora da peste, a montagem fala da sociedade contemporânea doente em suas relações humanas e afetos
Salve, salve minhas queridas capaivaras.
Nesse domingo, dia 21 de março chega ao fim a temporada da peça A PESTE, de Albert Camus, com Pedro Osório e direção de Vera Holtz e Guilherme Leme Garcia, no Teatro Petra Gold.
Depois de temporadas bem sucedidas no CCBB do Rio, de BH e no Teatro Eva Herz de São Paulo, o ator Pedro Osório (“Família Lyons”, “Da Vida das Marionetes”, “A Forma das Coisas”, “Werther”) volta com o espetáculo solo “A Peste”, uma adaptação sua e de Guilherme Leme Garcia para o romance do escritor, filósofo e dramaturgo argelino Albert Camus (1913-1960).
A direção é de Vera Holtz e Guilherme Leme Garcia.
A adaptação de Pedro Osório e Guilherme Leme Garcia faz um recorte destacando o ponto de vista do narrador, o médico Bernard Rieux.
Bernard Rieux (Pedro Osório) se dirige ao público após passar um ano preso em uma cidade fechada devido à peste.
O bacilo é o motivo usado para discutir e alertar o público através da compreensão dos fatos, que vão se revelando absurdos em uma sociedade egoísta.
O espetáculo é apresentado através de transmissão on line.
TEMPORADA: 07, 14 E 21 DE MARÇO
Horário: 20h
LOCAL: Teatro PetraGold – Rua Conde de Bernadote, 26, Leblon / RJ
INGRESSOS PARA TRANSMISSÃO AO VIVO E ON-LINE: a partir de R$20,00
ONDE COMPRAR E ASSISTIR: https://www.teatropetragold.com.br
INGRESSOS PARA PLATEIA PRESENCIAL: R$50 e R$25 (meia)
– o espetáculo com plateia presencial segue as normas de segurança sanitária para a covid-19 e recebe 40 espectadores por sessão (10% da capacidade da sala)
DURAÇÃO: 60 min / GÊNERO: drama / CLASSIFICAÇÃO: 16 anos /
A sala de espera do espetáculo ficará aberta a partir de 19:30 e às 20:00h a sessão se inicia
Em caso de dúvida entre em contato com petragold@sympla.com.br
POR QUE MONTAR A PESTE
O romance “A Peste” é considerado por muitos a grande obra do escritor existencialista. Pedro Osório, também idealizador da montagem, vê neste texto de Camus, que usou a peste como metáfora para falar da invasão nazista em Paris, um paralelo com o mundo de hoje: “Fui descobrindo, durante o processo, que este texto funciona como uma alegoria do que hoje vivemos no Rio de Janeiro, no Brasil e no mundo – a peste, no nosso caso, é uma doença social se instalando nas relações humanas. Essa peça serve para mim como um alerta, para que possamos buscar em nós as saídas para não deixarmos a sociedade chegar a um estado de doença. Para que, vendo a peça, o público possa se identificar com o que está acontecendo naquele lugar doentio, e perceber: ‘é isso que está acontecendo com a gente aqui também’.”
O romance de Camus reflete sobre a empatia, a primazia do coletivo e a existência colocada como prioridade em contraponto ao indivíduo egoísta, em um estado febril dentro de uma sociedade doente. O personagem do médico Bernard Rieux não é um herói, mas um homem que acha a saída através do trabalho cotidiano e honesto. A sua racionalidade não sucumbe à “febre”, à impotência, à paralisia, ao devaneio. Ele é o homem que passa pela tragédia com o coração transformado.
E o diretor Guilherme Leme Garcia explica: “Eu acho que, neste foco mais político que decidimos desenvolver, a adaptação se torna totalmente atual. Nós vivemos em tempos difíceis, não só no Brasil, mas no mundo inteiro. Camus, quando escreveu ‘A Peste’, falou metaforicamente sobre a invasão nazista em Paris, e isso a gente vê acontecendo hoje em dia em vários lugares do mundo: filosofias políticas de direita ganhando muita força, e colocando em risco a saúde do nosso planeta, da nossa civilização. É disso que o nosso espetáculo trata, desse perigo que uma peste iminente oferece a uma população podendo dizimá-la acabando com um pensamento alinhado com a tolerância, resistência e elaboração de um futuro promissor.”
A diretora Vera Holtz completa2: “É uma obra de reflexão política, o ator como agente transformador, usando sua profissão como um ato político. Além de resistir e protestar, atuar.”
A MONTAGEM
Há cerca de dois anos, Pedro Osório, interessado pela obra de Camus, pediu indicações de textos a Guilherme Leme Garcia, que já havia se aprofundado na obra do escritor por ocasião da montagem de “O Estrangeiro”, com direção de Vera Holtz, que ficou quase cinco anos em cartaz com grande sucesso.
Acabou apaixonado por “A Peste”, enxergando o texto como muito pertinente nos dias atuais. Optou por um monólogo, concentrando a ação no personagem do médico. Durante um ano e meio, junto com Guilherme e Karla Dalvi, Pedro trabalhou na adaptação. Ao longo do processo, o trio fez várias leituras abertas e, a partir do feed back dos ouvintes, foi aperfeiçoando e amadurecendo o texto até que ele chegasse na sua versão atual.
FICHA TÉCNICA
Texto: Albert Camus
Adaptação: Pedro Osório e Guilherme Leme Garcia
Atuação e Idealização: Pedro Osório
Direção: Vera Holtz e Guilherme Leme Garcia
Colaboração: Gustavo Rodrigues
Provocação de Movimento: Toni Rodrigues
Assistente de Direção e Coordenação Artística: Karla Dalvi
Cenografia: Guilherme Leme Garcia e Pedro Osório
Iluminação: Adriana Ortiz
Figurino: Ana Roque
Paisagem Sonora: Marcello H
Design Gráfico: Roberta de Freitas
Fotos: Renato Mangolin
Direção de Produção: Mariana Serrão
Assessoria de Imprensa: JSPontes Comunicação – João Pontes e Stella Stephany
PEDRO OSÓRIO – ator e idealizador
Em teatro, atuou nas peças:
“Família Lyons”, de Nicky Silver, direção Marcos Caruso;
“Da Vida das Marionetes”, de Ingmar Bergman, direção Guilherme Leme Garcia;
“Um Número”, de Caryl Churchill, direção Pedro Neschling;
“Estragaram os meus sonhos seus cães miseráveis”, de Daniela Pereira de Carvalho, direção Pedro Neschling;
“Laranja Azul”, de Joe Penhall, direção Guilherme Leme Garcia;
“A Forma das Coisas”, de Neil Labute, direção Guilherme Leme Garcia;
“Maria Stuart”, de Schiller, direção de Antônio Gilberto;
“Werther”, de Goethe, direção de Antônio Gilberto;
“Circo de rins e fígado”, texto e direção de Gerald Thomas;
“Pequenas Raposas”, de Lilian Hellmann, direção de Naum Alves de Souza;
“Indecência Clamorosa”, de Moises Kaufman, direção de Jaqueline Laurence;
“Dia do Redentor”, de Bosco Brasil, direção de Ariela Goldman;
“Laranja Mecânica”, de Anthony Bourges, direção de Paulo Afonso de Lima;
“Trainspotting”, de Harry Gibson, direção de Luiz Furlanetto;
“Fausto Gastrônomo”, de Richard Scheschner, direção de Luiz Furlanetto.
ALBERT CAMUS
Albert Camus (1913-1960) foi um escritor, jornalista, romancista, dramaturgo e filósofo argelino. Recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1957 por sua importante produção literária.
Albert Camus (1913-1960) nasceu em Mondovi, na Argélia, na época da ocupação francesa, no dia 7 de novembro de 1913. Filho de camponeses ficou órfão de pai em 1914. Muda-se para Argel, onde faz seus primeiros estudos. Trabalha como vendedor de acessórios de automóvel, meteorologista, empregado no escritório de corretagem marítima e na prefeitura. Com o apoio da família frequenta a escola e com o incentivo de alguns professores forma-se em filosofia e em seguida conclui o doutorado. Acometido de tuberculose fica impossibilitado de prestar concurso para professor.
Em 1934, entra para o Partido Comunista Francês, em seguida no Partido do Povo da Argélia, passando a escrever para dois veículos socialistas. Fundou a companhia L’Equipe, onde trabalhou como diretor e ator. Montou peças que foram logo proibidas, entre elas, “Revolta das Astúrias” (1936).
Em uma viagem cultural visita, a Espanha, a Itália e a Tchecoslováquia, países que são citados em seus primeiros trabalhos: “O Avesso e o Direito” (1937) e “Noces” (1938). Em 1938 muda-se para a França, ingressa na Resistência Francesa e colabora com o jornal clandestino “Combat”. Trava conhecimento com o filósofo Sartre, de quem se torna amigo.
Em 1942, em plena Guerra, Albert Camus publica seus mais importantes romances “O Estrangeiro” e “O Mito de Sísifo”. Duas peças suas fizeram sucesso depois da libertação do regime nazista: “Le Malentendu” (1944) e “Calígula” (1945). Em 1946 foi aos Estados Unidos e em 1947 publica “A Peste”. Em 1949 visita o Brasil, é recebido pelo adido cultural francês e por Oswald de Andrade. Como historiador e filósofo, escreveu em 1951 “O Homem Revoltado” e em 1956 publica “La Chute”.
Em 1957, é premiado com o Nobel de Literatura, por sua importante produção literária. Seu discurso no banquete oficial e sua conferência aos estudantes da Universidade de Upsala, na Suécia, foram publicados sob o título “Discours de Suède”.
Homem de opinião e de ação, sempre se manifestou sobre os acontecimentos mundiais, suas obras são um testemunho das angústias, dos dilemas e da presença constante da morte diante de diversos conflitos de sua época.
Albert Camus falece em Villeblevin, França, no dia 04 de janeiro de 1960, em um acidente de carro, a caminho de Paris.