Trabalho produzido por Pedro Sá traz parceiros e convidados Arto Lindsay, Zé Ibarra (Dônica) e Jonas Sá
Cantor e compositor carioca, Pedro Laureano faz de suas canções um livro aberto para experiências pessoais unidas com reflexões de temas universais. Caminhando entre referências do rock e da MPB, ele lança seu disco de estreia “Esperas”. O trabalho produzido pelo músico Pedro Sá (Banda Cê, Tom Jobim, Orquestra Imperial) já está disponível para streaming nos principais aplicativos de música.
Professor universitário e pesquisador das relações entre psicanálise e arte, Laureano busca em seu trabalho fazer essa convergência de temas. Escrevendo e gravando canções há alguns anos, em 2018 ele fez um EP de compositor com produção de Antonia Adnet. Pedro cantava somente uma das faixas do trabalho, que também contou com os vocais de Antonia, Dora Morelembaum e Vicente Nucci. Mas esse foi o primeiro passo para o desenvolvimento do seu disco de estreia, cuja gravação foi iniciada logo na sequência.
“É uma estreia tardia depois de ter passado décadas compondo, mas sem gravar. É uma consequência também do trabalho dentro da academia e na articulação entre psicanálise e arte, já que as letras e mesmo as músicas são marcadas pela articulação entre as duas coisas. Inclusive a capa feita pela Celina Kuschnir, que representa duas bandas de Moebius, é uma simbolização desta relação, já que a banda de Moebius é utilizada tanto na psicanálise quanto na arte, através das obras da Lygia Clark e de quadros do Escher”, revela Laureano.
A afinidade com o produtor Pedro Sá veio do exercício de estilos musicais múltiplos, sem se prender a rótulos específicos. Por “Esperas”, destilam rock, samba, maxixe, progressivo, psicodelia. Foram dois anos de gravação e passagem por três estúdios simbólicos da cena carioca atual – Maravilha 8, o estúdio de Moreno Veloso e a Audio Rebel. Foi nesses espaços que o arranjo das músicas foi se desenvolvendo, abarcando elementos e convidados. Zé Ibarra, integrante da banda Dônica, aparece em “Barco de papel”; Jonas Sá, irmão de Pedro, surge na faixa-título como tecladista; Arto Lindsay divide as guitarras com o produtor em “Será que eu sigo?”; e todas as baterias foram gravadas por Daniel Conceição. O restante dos instrumentos são assinados por Sá.
“As composições foram nascendo das influências que tenho, que vão desde a música brasileira passando pelo rock a música erudita até algumas coisas do heavy metal. Acho interessante pensar esta confluência de estilos. De qualquer forma, é um primeiro trabalho que acho que reflete isso tudo, além das letras terem, muitas vezes, um tom de reflexão, ou mais filosófico, ou então mesmo de protesto”, resume o cantor e compositor.
“A parceria com o Pedro, que marca o trabalho, também é fruto destas visões de mundo e de música convergentes, já que o Pedro é também, da maneira dele, meio ‘filósofo’, a música dele traz uma proposta que é de pensamento também, uma visão de mundo na forma dele de se expressar. Existiu uma convergência neste sentido, por isso, ainda que o disco leve meu nome, ele é fruto de uma parceria”, completa.
“Esperas” é a primeira amostra de um artista que busca se reinventar e se recriar dentro de si mesmo.
O álbum está disponível em todas as plataformas de música digital.
Ouça “Esperas”: https://smarturl.it/
Ficha técnica:
Produção: Pedro Sá
Técnico de som, Mixagem e masterização: Leo Moreira
Faixa-a-faixa, por Pedro Laureano:
Moreno: Faixa que fala sobre morte/perda. O eu lírico seria (imaginei) uma mulher. Arranjo me remete, de alguma forma, a algumas coisas do Radiohead.
Desassossego: Era um choro, e para o disco virou um maxixe. Possui três partes, muito levada pela cozinha (baixo e bateria). Letra fala vagamente sobre o momento político atual.
Barco de papel: Faixa quase progressiva, cantada pelo Zé Ibarra, sobre um astronauta. Tom meio épico, fala sobre repetição na diferença.
Tudo vai passar: Um samba rock meio pesado, numa onda mais rifada. O riff foi o Pedro Sá que fez, é uma leitura dele de um samba que eu tinha. A letra fala sobre finitude e vontade de fazer coisas.
Será que eu sigo?: É um rock com harmonia/estrutura de samba, mas tocado como rock. O Arto Lindsay fez uma guitarra distorcida/noise que combina bem com o tema, sobre o cenário atual. A letra é política mas introduz dúvida no eu lírico.
É o fim: Faixa que chamamos, brincando, de “Sabbath”, já que gostamos de Black Sabbath e é uma faixa mais pesada. A letra é sobre fascismo.
Onda nova: É um samba meio psicodélico, com letra otimista.
João: Faixa que fiz para meu filho, João, que nasceu junto da concepção do disco. Uma balada meio rock, a letra filosofa sobre nascimento.
Esperas: Música que fiz há 13 anos atrás, quando tinha 25, e que batiza o disco. A letra é vaga, a mais poética do disco, menos narrativa. A ideia de esperas e dela ter esperado tanto para ser gravada dialogam. A música remete a Clube da Esquina, ou até a Pink Floyd/Zeppelin um pouco.