Salve, salve minhas queridas capivaras.
A CAIXA Cultural Rio de Janeiro recebe, até o dia 19 de janeiro, a mostra Diáspora, do artista brasilense Josafá Neves.
Com curadoria de Bené Fonteles, a exposição reúne gravuras e esculturas de ícones da cultura afro-brasileira, do patrimônio imaterial e de símbolos da religiosidade de matriz africana.
A visão da Diáspora Africana provocou o artista a criar um grande conjunto de obras, o qual batizou de Ícones da Diáspora Negra no Brasil. Esculpidos em madeira estão orixás como Oxóssi, o senhor das florestas, que acolhe o visitante em seu passeio pela mostra; e Xangô, o rei absoluto, senhor da justiça, o orixá do raio e do trovão. Oxalá, com sua sabedoria ancestral, aparece retratado numa pintura em óleo sobre tela.
Neste percurso pela afirmação do negro e de sua existência mais profunda, o artista apresenta ainda séries de pinturas em óleo sobre tela e pastel de personalidades da cultura nacional, como Pixinguinha, Clementina de Jesus, Cartola, Elza Soares e Nelson Sargento. “Tento resgatar esses nomes para trabalhar a nossa autoestima. Pelos livros didáticos, infelizmente, você ainda não tem referências positivas”, afirma Josafá.
Autodidata, o artista percorre diversas técnicas, da escultura à gravura, passando por pastel e acrílico sobre madeira, óleo sobre tela e colagem. Em vez de utilizar o habitual suporte branco, Josafá inicia seus trabalhos a partir de um fundo escuro. “Escureço para clarear. É assim que me afirmo como negro na arte”, explica.
Sobre o artista
Nascido na região administrativa do Gama, no Distrito Federal, em 20 de setembro de 1971, Josafá Neves começou a desenhar aos cinco anos de idade. Mudou-se para Goiânia com sua família aos sete anos e foi nesta cidade que passou a se dedicar integralmente às artes plásticas, desde 1996. Autodidata, sua pintura tem como peculiaridade as pinceladas negras, as quais expressam com firmeza seus sentimentos em traços distintos.
Artista plástico conhecido internacionalmente, participante de quinze exposições individuais e dezoito coletivas, em cidades como Brasília, Goiânia, Havana, em Cuba, e Caracas, na Venezuela, Josafá Neves acredita que a atividade artística é motivada pelo exercício diário da pintura no seu sentido inédito. A prática da pintura para o artista é de um valor incontestável e efetivo. Preparando as telas de forma paternal e zelosa, peculiarmente pinceladas na cor preta, atinge a emoção dos espectadores em seus 20 anos de dedicação integral ao ofício das artes.