Salve, salve minhas queridas capivaras.
O Oi Futuro inaugurou no dia 6 de agosto, a exposição ArtSonica Residência Artística, que leva aos visitantes o ineditismo de criações que ligam tecnologia e arte nas suas mais diversas formas, fruto de estudos, investigações de campo, observação do cotidiano e ideias inovadoras vindas de nove residentes do projeto.
A exposição fica em cartaz até o dia 15 de setembro e traz acessibilidade e inclusão, possibilitando que qualquer pessoa experimente todas as propostas artísticas.
Aberta a todos os tipos de público, para que possam fruir das experimentações apresentadas. De audiodescrição a tradução em libras, passando por facilidades de locomoção dentro do espaço, tudo foi pensado para alcançar o maior número de pessoas, tornando o ArtSonica inovador, múltiplo, democrático e diverso. E, por tudo isso, especialmente contemporâneo.
Fazem parte da exposição as seguintes pesquisas:
MEMORIAL PARA UM APAGAMENTO – O artista visual Ismael Monticelli, nascido em Porto Alegre, apresentará um painel com fotos e fatos sobre o desmonte do Morro do Castelo, no Centro do Rio. Durante a mostra, o artista realizará a ação “Visita guiada a uma paisagem desaparecida” onde três atrizes/performers conduzirão o público pela cidade, narrando histórias, tendo o Morro do Castelo como o catalizador dos acontecimentos. A data da visita será no dia 16 de agosto. Ismael é doutorando em Arte e Cultura Contemporânea da UERJ.
OUVIDOCHÃO CARTAS QUILOMBOLAS – O artista multimídia pernambucano Gabriel Muniz, que vive e trabalha em Porto Alegre, e a artista e técnica de som direto baiana Irla Franco uniram pesquisas na videoinstalação, que trabalha a ancestralidade negra no território carioca por meio de paisagens sonoras. O ambiente é composto por um sistema polifônico que reproduzirá as ambiências dos territórios Cais do Valongo (Zona Portuária), Camorim (Zona Oeste) e Magé (Baixada Fluminense). No local, serão montados sistemas onde algumas plantas – dendezeiro, espada de Ogum, peregum – acionarão efeitos sonoros sintetizados pela reação do toque. Dessa maneira, o visitante imergirá nas ambiências em loop e também acionará outras camadas de som a partir do contato com diversos elementos.
ESPECTROS COMPUTACIONAIS 3D 360º – A artista multimídia Luiza Guimarães uniu o professor argentino Ricardo Dal Farra e o game designer e creative coder Alberto Assumpção na mostra eletroacústica, que utilizou tomografias computadorizadas de cérebros humanos para criar som, imagens e realidade virtual. O público poderá interagir, por meio da utilização de óculos VR, com esse projeto que aproxima ciências e tecnologias da inteligência digitais.
HETEROTOPIA – Vindo de Pernambuco, o artista sonoro, mestre em Comunicação e doutorando em Sociologia pela UFPE, Yuri Bruscky, apresentará a instalação, pesquisa baseada nos sons que integram a sociedade, seus ritmos e processos da vida cotidiana e como eles podem ser ouvidos pelo corpo e não pelos ouvidos. A instalação artística consiste em uma poltrona de massagem cujo sistema vibracional muda de acordo com sons captados em diversas localidades do Rio de Janeiro. A pesquisa, que fará um teste na Central do Brasil para as pessoas experimentarem, estará disponível para o público interagir na mostra no Oi Futuro.
AURORA CASSINO DO SOL – Moda e tecnologia misturam-se em projeto do estilista Brayann Ivanovick. Com a alma dividida entre Piauí e Ceará, ele adotou o Rio de Janeiro como nova morada após passar pela residência artística, que resultou no fashion film transposto para realidade virtual através de óculos VR 360°. O público conhecerá os processos criativos da obra e o universo Cassino do Sol por meio de uma experiência imersiva e uma instalação visual.
MACHINA DE CONTATOS EKSTATIKÓS – O Coletivo Máquina, com artistas do Rio e de São Paulo, apresentará dispositivos com receptores para captação de ondas eletromagnéticas cerebrais, que serão manipuladas de forma digital e analógica, com efeitos sonoros xamânicos e esotéricos. A experiência artística performática colocará o público usando máscaras representativas de elementos e deuses da natureza em um domo onde – a partir de suas próprias emoções, juntamente com o auxílio da tecnologia, sons e imagens – terá uma experiência de inserção em um ritual ancestrofuturista tecnoxamânico, com a sensação dos transes de conexão com os mundos anímicos da natureza.
Outras três propostas pensadas por artistas do Rio de Janeiro
SEU QUEBRA BARRAGEM – É parte da pesquisa “Altamira 2042”, da dupla Gabriela Carneiro da Cunha e Eryk Rocha. O trabalho deles utilizará artes visuais e audiovisual numa instalação tecnológica criada a partir do testemunho das populações indígenas às margens do rio Xingu sobre a barragem de Belo Monte. Seu Quebra Barragem é o narrador em forma de uma grande cobra audiovisual, com corpo formado por olhos de projetor e caixas de som. Sua voz é múltipla, e por meio dela falam os ribeirinhos expulsos das ilhas onde moravam para a construção da usina.
PERSPECTIVAS DO HELICÓPTERO – A pesquisa do coletivo Fluxos Urbanos – formado por Manaíra Carneiro, Victor Hugo Rodrigues e Mariane Martins – aborda a violência na cidade por meio da realidade virtual, contrapondo a visão de dentro da favela carioca e do helicóptero ao sobrevoá-la com armas de fogo. O desafio da equipe foi a realização do vídeo VR 360º. Essa tecnologia traz algumas especificidades que a diferenciam da linguagem usual do vídeo. A mais óbvia é a impossibilidade de haver um lugar “atrás da câmera”. Mas a que mais impacta o visitante é que, num ambiente em 360º, ele precisa de tempo hábil para poder explorar todos os lados para os quais deseja olhar.
SOM, UMA COREOGRAFIA PARA SURDOS – Projeto, da cineasta e dançarina flamenca Clara Kutner, que tem a inclusão como tema central, apesar de haver uma preocupação com a acessibilidade na apresentação de todos os processos de pesquisa. A proposta dela é receber o visitante (surdo ou não) sobre uma plataforma de madeira que receberá estímulos vibratórios emitidos pelos sons graves de músicas da dança flamenca. Assim, ao acompanhar a coreografia que será exibida em vídeo, o público poderá entender como um dos bailarinos do vídeo, que é surdo, consegue dançar no ritmo da música. Os movimentos de dança contam com as participações especiais de Miguel Alonso, bailarino flamenco de Cuba radicado em São Paulo, e Lucas Lima, bailarino surdo convidado para criar e sentir a coreografia. A tecnologia foi pesquisada por Clara em parceria com a produtora Ylla Gomes, o artista sonoro Floriano Romano, o compositor, violinista e arranjador Luciano Câmaram e com o cajonista e luthier Alejo.
Serviço
Local: Centro Cultural Oi Futuro (Rua Dois de Dezembro 63 – Flamengo)
Abertura: 6 de agosto, terça-feira, das 13h às 20h
Visitação: de 6 de agosto a 15 de setembro de 2019
Terça a domingo, das 11h às 20h* |
Entrada franca | Classificação etária: Livre
Informações: (21) 3131-3050