Salve salve queridas Capivaras, hoje estreamos uma coluna que certamente irá tocar fundo em você e trará momentos de reflexão profunda.
Run
Wake up,
Run for your life with me
É incrível como somos feitos de momentos e construídos dos mínimos fatores que compõem nosso eu. Situações que transformam os pequenos átomos inteligentes do nosso corpo, de reação em reação química, registrando a passagem do tempo e o efeito que o universo que nos rodeia têm sobre o universo que somos.
Enquanto escrevo isso, dentro dos fones no meu ouvido essa música título que abre o post ecoa no fundo da mente.
A voz que canta me convida: acorda, corre pela tua vida (comigo).
Os últimos dias assim como os últimos meses têm sido um banho gelado em uma cama quente, uma constante saída da zona de conforto que levou os retratos na parede e desfigurou imagens na memória. Como parte desses pequenos pedaços, desses pequenos momentos, e para tentar manter a mente ocupada, eu me concentrei em unir o meu quebra cabeça de novo, descobrindo peças que, uma a uma, formam uma imagem nova de uma velha pessoa que eu reaprendo a habitar em todo nascer do Sol.
O engraçado disso é que cada nova chance é diferente, e a nossa experiência passada nunca completa o círculo que nos permite 100% de certeza do que estamos fazendo. Fez pouco tempo que alguma coisa sacudiu a rotina do caos em mim, um presente desses fragmentos de momentos que estão em dias que passaram, em pessoas que compartilharam coisas e em reflexões próprias. E então finalmente a maré baixou, as nuvens abriram, mudaram os ventos e eu comecei a ver terra firme. Miragem? Não sei. Ainda é cedo pra acreditar em descrenças, mas existe uma euforia que não estava ali, um impulso de correr a 100 km/h e não entender o destino, só ir.
Existem pessoas nas quais essa luz, quando ligada, gera uma vontade incrível de viajar. Wanderlust é inclusive a palavra usada pra isso. No meu caso, a minha vontade é de viajar em mim, correr na minha mente, pelas sinapses nervosas, e descobrir pequenos obstáculos que projetam grandes sombras que enganam o olho nu, que ficam muito mais fáceis de vencer quando vemos não só seu tamanho real, mas o nosso tamanho real. Quando entendemos que essa corrida acontece, entendemos que somos maiores que imaginamos, que somos capazes de vencer dia após dia, quebrar a barreira do som, superar a velocidade da luz e dobrar o tempo psicológico que antes consumia.
“Nunca esqueça o que você é. O resto do mundo nunca se esquecerá. Use isso como uma armadura e isso nunca poderá usado para machucar você.” Tyrion Lannister
Never forget what you are. The rest of the world will never forget. Use this as armor and this can never be used to hurt you.
Sim, estamos falando de alterar a realidade, o tempo, a mente, o espaço, a alma e o poder, usar todas as jóias do infinito ao nosso favor e entender que na verdade o infinito somos nós, um universo particular de possibilidades.
Como fazer isso? Entendendo que não somos e nem seremos o que os outros esperam de nós, e que o que somos é único e, portanto, perfeito.
O perfeito é um conceito abstrato e pessoal, que invariavelmente ganha rachaduras ao longo da passagem de tempo. Assim como tudo é relativo, a nossa posição com relação ao efeito que o tempo têm sobre nós também é. Hoje eu entendo que a busca pela aceitação mediante a perfeição padronizada, é uma jornada frustrante e suicida, que uma sociedade cruel nos coloca como padrão e nos condena por não nos enquadrarmos no mesmo. Se entendermos que o perfeito é saber quem somos sem sofrer a influência do meio, sendo originais, podemos começar a viver ao invés de sobreviver.
O perfeito só existe na nossa cabeça, e, por consequência, a nossa cabeça é o que encaixa perfeitamente no nosso corpo.
Por não só isso, mas por tudo isso, os últimos frames, os últimos dias, têm sido melhores, mais claros, mais próximos de um significado.
Não significa que a tempestade não possa voltar, significa que as portas e janelas estão bem fechadas, e ela não tem mais poder pra amedrontar.
Acorda, corre pela tua vida.
Thomas,
4:41 da manhã de uma véspera de Natal.