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Polêmicas do Rock

Polêmicas do Rock

Polêmicas do Rock

Finalizado o Rock in Rio, voltamos à programação normal! Acabaram os grandes shows, o grande público, as grandes atrações, os muitos comentários e as várias tretas nas redes sociais, pelo menos até a próxima edição em 2019. Críticas às performances vocais, performances técnicas, de figurino… tudo isso foi enredo durante os 7 dias de shows na Cidade do Rock onde as pessoas que estavam no evento e as que assistiram pela TV não perderam tempo em compartilhar suas opiniões gerando debates ora coerentes, ora desnecessários – dependendo do ponto de vista, é claro. Historicamente, o Rock é movido por polêmicas e não ficaremos para trás neste assunto… Capivarock traz a vocês algumas das maiores polêmicas do mundo do Rock. Como o Axl Rose foi alvo de muitas críticas, o pouparei e não comentarei sobre suas inúmeras contribuições… risos…tá bom, segue abaixo um vídeo da reação do público em um show do Guns N’ Roses no Reading Festival…

Guns N’ Roses vaiado no Reading Festival

Nos anos 90, os Raimundos era considerada como uma das principais bandas do país, talvez a maior no final dos anos 90 sendo unânime entre público e crítica, fazendo shows lotados e vendendo milhões de cópias do álbum “Só no Forévis” de 1999. Curiosamente eu estive em dois shows distintos dos Raimundos: em 1993 no Canecão, fazendo o show de abertura dos Titãs na turnê “Titanomaquia” e em seguida no Metropolitan (que deveria se chamar “camaleão” pelas inúmeras mudanças de nome) na turnê do Só no Forévis. No primeiro show via-se uma banda em plena ascensão fazendo um estilo apelidado de “forró-core”, misturando hardcore com pitadas de música regional tanto nas letras quanto no instrumental. Era de uma originalidade ímpar à época, pois mesmo inspirados nos Ramones e fazendo músicas similares, ninguém tinha tido esta brilhante ideia. Muita gente se despiu de preconceito e acabou se rendendo aos caras, que injustamente foram tachados de “sucessores dos Mamonas Assassinas”. Se analisarmos bem, apenas as letras e o sarcasmo eram similares nas bandas mas musicalmente cada uma tinha seu foco. Voltando ao show do Metropolitan, o público sabia cantar todas as letras e a energia era espetacular. Era notório que os Raimundos já tinham escrito seu nome na história do Rock nacional e se manteria assim por muito tempo, mas o inacreditável aconteceu: devido a divergências, o vocalista Rodolfo Abrantes resolveu abandonar os Raimundos, as drogas e as letras chulas para se dedicar integralmente a uma religião e formou a banda chamada Rodox. Esta banda nova foi cercada de expectativa com um trabalho numa linha diferente dos Raimundos e com o enfoque na sua nova filosofia de vida. Infelizmente a parte comercial foi ruim para ambos os lados, muitas trocas de farpas e desavenças, as vendas sequer chegaram próximas as dos Raimundos e a popularidade de ambos despencou. Nos dias de hoje, Rodolfo e Raimundos seguem em caminhos completamente diferentes, porém a popularidade no estilo de cada um se restabeleceu diante dos padrões atuais.

“Só No Forévis” – Raimundos (1999)

“Estreito” – Rodox (2002)

Quando falamos nas polêmicas do Heavy Metal, uma das maiores delas gerou uma separação que acabou rachando uma banda em duas bandas espetaculares. Em 1983, após demonstrar um comportamento errático e irresponsável, Dave Mustaine foi expulso do Metallica em Nova York numa excursão que a banda fazia. Mustaine já mostrava ser um músico de talento ímpar, porém seu abuso principalmente com o álcool determinou a decisão da então promissora banda, radicada em São Francisco (devido a entrada do baixista Cliff Burton). O talento não foi suficiente para manter o profissionalismo da banda e a amizade dos integrantes, Mustaine foi acordado com sua bagagem pronta e uma passagem de ônibus de volta para Los Angeles (a distância gera em torno dos 4000km em 3 dias de viagem) com toda a raiva que o mundo pudesse proporcionar. Como houve tempo de sobra para pensar criativamente e quem sabe até arquitetar uma “vingança”, eis que o Megadeth foi concebido e futuramente se tornou um dos integrantes do Big Four (quarteto das quatro mais famosas bandas de Thrash Metal composto pelo Metallica, Slayer, Megadeth e Anthrax) vendendo milhões de cópias mas repleta de polêmicas entre seus integrantes, drogas e a língua afiadíssima de Mustaine. Em 2004 o Metallica lançou o documentário chamado Some Kind of Monster que retrata a banda no período entre 2001 e 2003, quando a mesma quase terminou pela saída do baixista Jason Newsted (sucessor de Burton após sua morte) e pela internação de James Hetfield numa clínica de reabilitação. Neste documentário há um dos momentos talvez mais impactantes na relação Mustaine-Metallica: o momento que Lars Ulrich e Mustaine conversam na sessão de análise com o psicólogo Phil Towle (que acompanhou o Metallica no mesmo período coberto pelo documentário) no intuito de curarem as feridas de quase 20 anos antes. É um clima tenso, até constrangedor em certos momentos, mas o fato mais curioso desta conversa pode ser conferido ao mudar o áudio no DVD: a banda comenta todo o documentário num dos canais de áudio alternativo (confesso que acho essa narração bem melhor do que o áudio original) e Ulrich conta uma história curiosa: após a gravação desta conversa, ele e Mustaine saíram juntos de carro para o hotel e começou a tocar “For Whom The Bell Tolls” numa estação de rádio. Sentindo um clima relativamente hostil, Ulrich muda a estação para outra que não tinha o perfil de tocar Metallica. Ao sintonizar, a música “Enter Sandman” estava tocando. Imaginem o clima… porém os anos se passaram, cada um seguiu sua carreira e eventualmente eles se encontraram e excursionaram nos shows do Big 4 e na comemoração dos 30 anos do Metallica, que Mustaine tocou algumas músicas ao vivo com a banda.

História sobre Metallica e Dave Mustaine

https://youtu.be/NBFxr1unmkI

Uma das grandes celebridades do Rock se chama John Osbourne, mais famoso como Ozzy Osbourne. Sua trajetória é repleta de polêmicas mais em relação a eventos do que com pessoas. Houve algumas desinteligências com membros do Black Sabbath nos anos 70 que causaram a sua saída da banda, mas suas atitudes cotidianas eram questionáveis e geralmente feitas sob influência de drogas. Em Fevereiro de 1982, Ozzy estava na cidade de San Antonio, Texas e após uma bebedeira resolveu pegar roupas de sua então futura esposa, Sharon Arden (após o casamento Sharon Osbourne). No momento de se “aliviar”, procurou algum lugar para resolver este problema e achou um novo problema: Ozzy urinou num cenotáfio sagrado no Alamo (monumento construído em homenagem à Batalha do Alamo) que lhe rendeu uma multa e foi banido por 10 anos de ir à cidade. Outra clássica polêmica foi a da cabeça de uma pomba que foi arrancada com seus dentes. Numa reunião com executivos de sua gravadora para fazer um discurso de agradecimento pelo lançamento do álbum Blizzard of Ozz nos Estados Unidos, Sharon teve a ideia de levar pombas brancas para Ozzy soltá-las na sala de reunião numa espécie de gran finale demonstrando paz. Porém Ozzy já tinha derrubado uma garrafa de conhaque no caminho da reunião e se sentiu bastante entediado até que perguntou à mulher responsável pelas Relações Públicas se ela gostava de animais. Ele simplesmente arrancou a cabeça de uma das pombas e fez o mesmo com a segunda pomba gerando um desespero inclassificável desta mulher e promessas de que ele nunca mais lançaria qualquer material por aquela gravadora. Outra famosa faceta de Ozzy foi arrancar a cabeça de um morcego atirado pela platéia num show em Iowa no ano de 1982. Achando se tratar de uma peça de borracha, Ozzy mordeu a cabeça do morcego para se certificar se era real ou não. 20 anos depois ele declarou que acabou sendo mordido pelo morcego, o que lhe rendeu um tratamento contra raiva. Pra finalizar o show de absurdos de Ozzy, houve um episódio num resort onde ele estava com os integrantes da banda Mötley Crüe (que fazia o show de abertura da turnê em 1985) e ele lambeu a urina de um dos integrantes à beira da piscina. Há ainda outro evento ainda mais surreal neste mesmo dia, mas pouparei vocês de ler tamanha escatologia… risos… É de conhecimento público os problemas que Ozzy teve com drogas e que podem explicar as atitudes bizarras, mesmo que não sejam justificáveis.

10 momentos inesquecíveis de Ozzy Osbourne

Quando se lida com pessoas, se lida com ego, com paternalismo em relação às sua criatividade, algumas situações são difíceis de controlar. Uma pergunta que pode vir à mente ao avaliar estas brigas ou comportamentos é: o que causa tudo isso? Seriam as drogas, o álcool ou o ego de cada um? É difícil explicar a fonte das polêmicas e atitudes intempestivas; fazer julgamentos das pessoas é algo que nem sempre é justo. Mas o mundo da música vive de glamour e egos inflados onde um individualismo pode tomar proporções devastadoras para um trabalho como um todo deixando de lado um realismo que também faz parte do sonho do sucesso.

É até possível rir de certas situações mas é preciso sempre perceber que todo artista precisa de uma base sólida, um suporte, alguém que gerencie crises e não as cause. Os excessos fazem parte da vida de qualquer pessoa mas o meio artístico geralmente é rotulado como um universo em que escândalos fazem parte do showbiz ou são uma forma de se fazer marketing. Na semana que passou, um dos maiores virais nas redes sociais era sobre o cantor Luan Santana ter virado headbanger. Uma enxurrada de críticas, memes, pessoas indignadas com tal transformação até que o próprio Luan Santana revelou que se tratava de uma estratégia de marketing. Na minha humilde opinião foi uma ação de marketing muito bem sucedida e recheada de bom humor(com trocadilho ao produto que ele fez esta propaganda…risos), pois conseguiu fazer com que pessoas que seguem o Metal, algo completamente diferente do que Luan Santana canta, se movimentassem para discutir sobre este acontecimento.

E qual a polêmica no Rock mais marcante que você já presenciou ou leu sobre?

Por Fellipe Madureira
Na vitrola: Strung Out – “Population Control”

2 comentários

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Eli

Lembro de ter lido no livro “Memórias de um Legionário” do Dado Villa-Lobos, vários relatos de “mau humor” do Renato Russo no palco com xingamentos ao público entre outras coisas.

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Marcus Vinicius

Li as biografias do Joey Ramone, finado vocalista dos Ramones, e do João Gordo. Nos dois livros são citados diversas polêmicas, como por exemplo a participação do “ator” Dado Dolabella no programa de entrevista do Gordo, em que no final eles foram à via de fatos literalmente, a produção teve que intervir senão era capaz de rolar até morte. Tem o vídeo no YouTube, viralizou muito na internet.

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