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Festivais de Rock

Festivais de Rock

Acorda cedo, empolgado, se comunica com os amigos, separa os itens de “sobrevivência”, faz o deslocamento (às vezes não muito simples) e finalmente chega cedo ao destino. Esse é o resumo básico da ida de uma pessoa a um festival, correto? Esse é só o começo. Festivais são verdadeiras maratonas, são eventos longos e cansativos mas que deixam marcas na memória pro resto da vida. Shows históricos, atrações paralelas, interação com pessoas dos mais diferentes lugares são algumas das possibilidades que mega festivais oferecem ao público. Também é a grande chance de conseguir assistir várias bandas num preço mais econômico do que um show apenas com um artista. Muitos artistas demoram praticamente toda a carreira para se apresentarem num país e os festivais podem facilitar esta aparição e ainda juntar-se com outros artistas com afinidades e similaridades musicais (com algumas exceções, claro).

Podemos listar inúmeros festivais históricos (o Rock in Rio receberá em breve sua coluna especial, mas aguardemos até Setembro… risos): Woodstock, Monterrey Pop, Live Aid, Hollywood Rock, Roskilde, Download (antigo Monsters of Rock), Hellfest, Lollapalooza, Glastonbury, Montreaux, Coachella, Fuji Rock entre muitos outros espalhados pelo mundo. No verão do hemisfério norte se concentra a grande maioria dos festivais e quando você olha pra aquele line-up invejável, há aquela lamentação de viver em terras brazucas… não há como negar que os festivais no exterior são muito mais segmentados provavelmente pelos artistas já programarem suas turnês na Europa e EUA e festivais de Rock são realmente de Rock, os de Metal são realmente de Metal, inclusive os de Jazz são só para o Jazz.

Muitos eventos históricos ficaram registrados na história a começar pelo Woodstock em 1969. Localizado numa fazenda nos arredores de Nova York, o evento ocorreu durante 3 dias e foi um marco na contracultura mundial. Em meio à precária infraestrutura se comparado com os festivais do século XXI, Woodstock prezou pelo discurso e atitudes de paz a amor, trânsito astronômico pelo excesso de pessoas (a organização estimava no máximo 50 mil pessoas mas foram contabilizadas 400 mil) e performances que até hoje são dignas de se assistir novamente, citando especialmente as de Jimi Hendrix, Joe Cocker e Janis Joplin. Já o Monsters of Rock em Donington Park na Inglaterra (atualmente chamado de Download Festival) era a meca do Rock mais pesado e do Metal, também agraciando o público com shows que marcaram história. O clipe de “Paradise City” do Guns N’ Roses foi gravado na apresentação deles de 1988; James Hetfield do Metallica provocando o público dizendo que “se vocês vieram aqui pra ver calças de lycra, maquiagem e músicas com ‘rock’n’roll baby’ em cada música, essa não é a p… de banda!” na estreia deles em 1985; a edição de 1991 que foi em Moscou ainda na época da antiga União Soviética com um show massacrante do Pantera e até o Brasil foi agraciado em 1996 com uma edição nacional do Monsters of Rock com Iron Maiden e Motörhead entre as atrações principais. Outro festival mundial bem conhecido dos brasileiros é o Lollapalooza, que ganhou edições anuais por aqui a partir de 2012. O festival foi criado por Perry Ferrell (Jane’s Addiction, Porno For Pyros) em 1991 nos EUA tendo como principais atrações a sua própria banda Jane’s Addicition, Body Count, Living Colour, Nine Inch Nails, Rollins Band e Siouxie and the Banshees. O festival Roskilde ocorre na Dinamarca há 46 anos e contou com as apresentações de artistas de estilos completamente diferentes, tais como Eric Clapton, U2, Santana, Bob Marley and the Wailers, Sting, R.E.M., Rage Against the Machine, Leonard Cohen, Oasis, Pearl Jam e muitos mais. No ano 2000 infelizmente houve uma tragédia durante o show do Pearl Jam em que 9 pessoas morreram devido ao esmagamento na grade e sufocamento por uma pressão do público à frente – constatado como acidental pela perícia – e a partir deste incidente os festivais pela Europa modificaram seus procedimentos de segurança no intuito de evitar tragédias devido às aglomerações. É preciso também mencionar que há festivais de menor porte pelo mundo e também pelo Brasil. É uma forma de prestigiar as bandas em eventos que reúnem atrações bastante populares e em locais de menor porte, mas com a mesma devoção e empolgação aos artistas que se apresentam. Eu pessoalmente tive o privilégio de tocar no ano de 2014 no festival Matanza Fest em Belo Horizonte, onde a casa estava lotada e o público correspondeu às bandas de forma exemplar. Os festivais de bandas independentes também ocorrem com bastante frequência e é uma forma do público sair da zona de conforto e conhecer o novo (que nem sempre é novo), explorar um pouco mais outros artistas e ter a prova concreta de que o Rock está vivo e há boas bandas circulando por aí. Bora usar a internet, as redes sociais e YouTube para garimpar e apoiar estas bandas, galera? Isso ajuda e muito a perpetuar o cenário independente, pois é de onde a grande maioria dos artistas surgem! Mantra do Capivarock: APOIE SEMPRE O ARTISTA INDEPENDENTE! 🙂

O primeiro festival que assisti ao vivo foi o Rock in Rio 2 em 1991 – também falarei disso futuramente na coluna sobre o Rock in Rio – mas o primeiro festival que assisti apenas com os amigos foi o Hollywood Rock em 1993, na Praça da Apoteose no Rio de Janeiro. O line-up dispensa comentários: Alice in Chains, Red Hot Chili Peppers, L7 e Nirvana. Das atrações nacionais tivemos De Falla, Biquini Cavadão, Dr. Sin e Engenheiros do Hawaii. No telão rolavam músicas em alta rotação na MTV, bandas da cena grunge ou até mesmo bandas mais porradas como Body Count. Mês de Janeiro no Rio de Janeiro sempre tem chuva de verão e claro que todos ficaram ensopados diante de tanta água mas não esfriou a empolgação do público que aproveitou ao máximo cada show, inclusive respeitando atrações que provavelmente não se enquadravam muito no line-up ou nas preferências pessoais. O show do Nirvana foi histórico negativamente falando, pois houve toda aquela celeuma de Kurt Cobain na transmissão ao vivo; eu particularmente fiquei decepcionado na hora com o show pela frieza, mal tinha a dimensão de tudo que pairava na banda. Ao mesmo tempo eu não tinha noção do orgulho que teria em contar 24 anos depois que estive presente neste evento com shows memoráveis das outras bandas, tipo o momento em que Anthony Kiedis pediu para todos girarem as camisas no ar, Layne Staley com aquela potência vocal peculiar, as meninas do L7 detonando com direito a strip tease no final (um deleite para quem como eu tinha 16 anos à época…risos), enfim, lembranças felizes de uma adolescência numa época que infelizmente jamais haverá igual.

Convido a todos mencionarem nos comentários os festivais que marcaram suas vidas, sejam eles assistindo ou tocando!

Na vitrola: Joe Cocker – “With a Little Help From My Friends”

Por Fellipe Madureira

 Joe Cocker – “With A Little Help From My Friends (Woodstock 1969)”

Jimi Hendrix – “The Star Spangled Banner (American Anthem Live at Woodstock 1969)”

https://youtu.be/TKAwPA14Ni4

Guns N’ Roses – “Paradise City”

Pantera – “Primal Concrete Sledge” Live in Moscow 1991

https://youtu.be/HI-4rDnwtgE

L7 – Live at Hollywood Rock Festival (Rio de Janeiro 1993)

2 comentários

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Eli

O primeiro festival que assisti foi o Rock in rio 3 em 2001! Meu objetivo principal foi assistir o Iron Maiden. Foi emocionante…

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Marcus Vinicius

Hollywood Rock 1996 ! Pato Fu, Supergrass, White Zombie, Smashing Pumpkins e final apoteótico com o The Cure ! Me marcou por dois motivos, foi o primeiro festival internacional que eu fui e pq foi a primeira vez que eu assisti uma das minhas bandas prediletas , The Cure !

Saudades de quando todo verão tinha uma edição do Hollywood Rock, era garantia de ter alguma boa atração.

Não sabia que o Monsters of Rock tinha virado Download Festival !

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